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Federação e Liga de futebol não respeitam treinadores

Por admin

Arnaldo Salvado, o decano treinador de Moçambique, que responde pela Associação Nacional de Treinadores de Futebol, lança duras criticas a Federação Moçambicana de Futebol (FMF) e Liga Moçambicana de Futebol (LMF) por total desconsideração e desrespeito aos técnicos, que por vezes são tratados como se fossem bandidos.

Os casos de “chicotadas psicológicas” que acontecem no “Moçambola” têm sido reportados à Associação Nacional de Treinadores de Futebol de que o senhor é presidente?

Alguns casos sim. Neste momento já foram dois, ambos de treinadores suspensos por agressão. Só que, a associação não pode solidarizar-se muito com treinadores que prevaricaram, porque agressão a um árbitro é extremamente condenável. Temos que estar solidário com o órgão competente que exige disciplina no futebol. No entanto, fizemos contacto com a entidade que os puniu para suavizar as penas, depois de algum tempo de castigo. Não tivemos resultado desejado. Estou a falar dos treinadores Abdul Omar e um de Nacala.

A associação não tem registado mais casos?

Alguns casos terminam nos núcleos provinciais. Temos núcleos em quase todas as províncias. Esperamos das pessoas ai afectas acções práticas. Nós vamos facilitando no que é possível. O núcleo mais activo é o da cidade de Maputo. Noutros criam-se expectativas mas não vemos acções concretas.  

Os que são despedidos não se queixam de incumprimento dos seus contratos por parte dos clubes?

Nós não somos um sindicato, somos, isso sim, uma associação que se beneficia da OTM – Central Sindical. Cabe aos próprios técnicos intercederem junto a nós solicitando que façamos chegar as suas inquietações a Central Sindical. Já colocamos a questão dos contratos à Federação Moçambicana de Futebol. Neste momento estamos com uma proposta da Associação de Futebol da Cidade de Maputo que manifesta não haver contratos de treinadores. A profissão de treinador em Moçambique ainda não é reconhecida em Boletim da República.

Afinal!

Não sendo o treinamento uma actividade legislada, o treinador fica sem muito campo de manobra.

Quantos treinadores estão inscritos na associação?

Não tenho número exacto, só sei que são muitos. Não obrigamos a ninguém que seja membro, apesar de ao nível da cidade de Maputo a respectiva associação de futebol solicitar que todos os treinadores a se filiados estejam inscritos na associação. Qualquer pessoa pode ser membro da nossa associação. O senhor como jornalista pode ser membro, contribuindo com o que pode para mais respeito à actividade de treinador. Gostaríamos que o Governo se interessasse pela legislação da actividade de treinador. O próprio Procurador-geral da República tem dito que não há meios legais para combater a corrupção no desporto, não basta que haja mínimas provas. Vários casos se esfumaram por falta dessa legislação. O treinador é um educador, um formador, até no aspecto social. Os deputados da Assembleia da República quando estão a servir o povo que não se esqueçam de nós que fazemos parte do mesmo. Alguma coisa deve defender os treinadores para a sua tranquilidade.  

Entre treinadores não há problemas?

A expectativa na criação desta associação era de que a vida de todos ia melhorar, íamos ter bons salários, mas não é bem isso, porque temos que respeitar a lei do mercado, como em qualquer profissão. Dependemos do patrão. Quem quer contratar, contrata; quem quer mandar para rua, manda. A associação não tem como mudar a situação, mesmo defendendo que todos os treinadores devem ter contratos. Entre nós é normal que haja rivalidade dentro do campo, entre pessoas que jogaram juntos e hoje competem como treinadores. Não somos muitos e esses pequenos conflitos acabam surgindo, mas de forma alguma divide a classe que todos pretendemos que seja mais forte e unida. 

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