Os ciclistas das cidades de Maputo e Matola pedalaram no dia 7 de Abril em homenagem a mulher moçambicana. A iniciativa, que acontece anualmente, foi das próprias mulheres do desporto dos pedais a duas rodas.
O ride (ou passeata como os próprios donos se referiram) começou e terminou no Shoprite da Matola, percorreu a N4, Rua da Mozal, Avenida da Namaacha, Avenida União Africana (estrada velha) e Avenida do Zimbabwe. Equipados a rigor da modalidade, os ciclistas iam mostrando os seus dotes aos volantes das especificas bicicletas. Três mulheres tiveram que chegar no interior de carros.
Na hora de partida esteve o presidente do Conselho Municipal da Matola, Calisto Cossa, que desejou boa sorte aos participantes. E porque se estava em pleno dia da Mulher Moçambicana, disse em apelo: Por favor, parem de nos queimar com óleo. O edil da Matola quis de voz viva dizer às mulheres que para a resolução das adversidades casais elas não devem recorrer a tal bárbara acção de queimar os seus maridos com óleo, como vem acontecendo nos últimos tempos no país.
Mesmo sem a polícia para controlar o trânsito por onde o ride decorreu, não houve qualquer acidente. Os próprios ciclistas desempenharam cabalmente a tarefa que caberia aos polícias de trânsito.
Quase todos participantes da passeata de 7 de Abril, aos sábados e domingos fazem voltas ao volante das suas bicicletas individualmente ou por grupos, como nos deu a saber Daniel Lewis, elemento da organização.
A organização denominada MOZ MTB (que em português é Bicicleta a Bicicleta a todo Terreno – BTT) tem proporcionado uma passeata por mês, quando possível, nas estradas de Maputo, Matola, Moamba e Boane. Por vezes participam naquilo que é sua especialidade, subidas e descidas de montanhas na África do sul e Suazilândia.
MOZ MTB é um grupo de amigos, dentre membros da Federação Moçambicana de Ciclismo. É constituído por 150 indivíduos, sendo 100 da cidade Maputo e 50 da cidade de Matola. Nas suas actividades têm sido convidadas crianças e adultos para aprender a arte de pedalar.
Pedalar faz bem a saúde
No fim do ride, domingo ouviu duas mulheres pedaladoras. Todas sublinharam que andar de bicicleta faz bem a saúde e convidam todas as moçambicanas a seguirem o exemplo.
“A iniciativa foi de juntar todas as mulheres praticantes do ciclismo das cidades de Maputo e Matola a pedalarmos pela nossa causa, a da mulher moçambicana. Nós da cidade de Maputo viemos para cá (Matola) a pedalar, assim embrulhadas de capulana “, Cynthia Campos, participante.
“Fizemos a passeata, nós a frente, os homens atrás. Tínhamos dois carros de apoio, água, refrescos… E bem equipadas. Tudo com apoio de Betinho Bikes”.
A grande vontade da Cynthia é um dia ver toda a mulher moçambicana a pedalar.
“Gostaria que todas mulheres pedalassem. Da próxima venham, você e sua mulher, pedalar. Faz muito bem a saúde. Antes eu não era elegante como estou”, vincou.
Para Farida Lewis “ a passeata de bicicleta, na companhia de homens, foi a melhor maneira que encontramos de passar o nosso dia, 7 de Abril. Seria bom que as outras mulheres praticassem o ciclismo. Faz bem a saúde.”
Agradável encontro
com aventureiro inglês
Depois de percorrerem menos de dez quilómetros, os ciclistas de Maputo e Matola, que precisaram de algumas paragem para descanso, encontram na meta um inglês que de bicicleta está a dar a volta ao mundo.
Cheio de humildade, Dominic Luther recebeu os colegas moçambicanos com muita frieza, sem esperar que naquele momento a estrela fosse ele, com o qual todos queriam falar e posar em fotografias.
Dominic Luther contou-nos que saiu da Inglaterra há seis anos e que para chegar a Moçambique, o 65º país a pisar, passou por África do Sul e Suazilândia a caminho de Malawi, Zâmbia, Zimbabwe, Angola. Aliás, ele vai passar por todos os países do sul de África.
Quando perguntado quem o patrocinava, Dominic Luther surpreendeu com a resposta de “conto com apoio de Deus.”
Disse não sentir-se ameaçado por onde passa. Mas que tem sido advertido para não passar naquele e noutro país.
“O meu objectivo é conhecer o mundo, sua gente e sua beleza. É uma aposta àquelas pessoas que dizem que o mundo é perigoso. Não é. A verdade é de que o mundo é lindo, com gente incrível” revelou.
“Por onde passo falo com todos. Compartilho culturas de países como Moçambique. Vejo a verdadeira beleza do mundo”, referiu em português não tão mal falado.
Quando por nós questionado se tencionava escrever um livro, o ciclista do mundo afirmou “ oxalá que seja.”