A confusão instalou-se na família alvi-negra da capital provincial de Cabo Delgado. As eleições de há uma semana, ganhas por Moisés Zacarias, afinal, aconteceram sem o cumprimento do que os próprios Estatutos do Clube orientam e os apoiantes do hipotético perdedor, Alfredo Mecupe, querem a reposição da legalidade.
Dados em poder do domingo, indicam que, contrariamente ao que se supunha, as eleições do dia 11 deste mês, afinal decorreram sob o manto de ilegalidades insanáveis, confirmadas ontem ao domingo pelo presidente da mesa da Assembleia, Arlindo Elias Pedro Mendes.
Na verdade, já no dia 9 de Fevereiro, a mesa da Assembleia havia-se reunido para analisar a remessa da candidatura de Moisés Zacarias, tendo constatado que à hora do encontro ela não tinha dado entrada no prazo estabelecido.
O Estatuto do clube diz que “ os membros dos corpos gerentes são eleitos em lista completa, que deverá ser apresentada ao presidente da mesa da Assembleia-geral, até 48 horas antes ”.
A lista de Moisés extravasara o prazo estabelecido antes do encontro que decidiria quem dirigiria a colectividade nos próximos anos, razão porque considerou-se improcedente.
Por outro lado, segundo o documento em nossa posse, assinado pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral e dado a conhecer, através duma aposição da assinatura do candidato, Moisés Zacarias, no dia 9 de Fevereiro, a lista deste último não estava de acordo com o plasmado nos estatutos do clube, no seu Artigo 16, número 1, segundo o qual os membros propostos deverão fazer declaração de aceitação, não podendo figurar em mais de uma lista.
Porém, na lista de Moisés Zacarias, figura pelo menos nome do jurista João Deixa, como presidente do Conselho Fiscal, quando já pertencia à lista de Alfredo Mecupe, o que aconteceu à revelia dos órgãos sociais do clube.
O documento que temos vindo a citar, diz ainda que a candidatura de Moisés Zacarias viola o estatuto do Clube Desportivo no seu Artigo 48, sobre a constituição do Conselho Fiscal, ao criar o cargo de vice-presidente, cuja corporização esgota no presidente e secretários.
Assistiu-se a tentativas de sanar os erros constatados em plena assembleia-geral, o que para a lista adversária é inconcebível e, mais uma vez, improcedente.
Contactado, a partir de Maputo, o presidente de mesa que dirigiu a assembleia electiva, disse que no dia 11 terá sido coagido a aceitar a lista de Moisés Zacarias, não obstante ele mesmo ter demonstrando, por documentos, que estava ferida de ilegalidades.
“ Estamos perante um problema cujos contornos ultrapassam a minha capacidade. Fui coagido, fomos molestados e nalguns casos recorreu-se a vias menos civilizadas (violência) para se atingir o objectivo” disse.
Mesmo assim os novos corpos gerentes tomaram posse na manhã de ontem, na ausência de todos os dirigentes do antigo elenco directivo, incluindo o presidente da mesa da Assembleia, que estão à espera duma reunião convocada para amanhã, segunda-feira, pela direcção provincial da Juventude e Desportos, com vista a ultrapassar a crise decorrente do processo eleitoral.
O Auto empossamento da lista de Moisés Zacarias não foi, desta forma, testemunhado pelos anteriores gestores do clube nem por outras entidades com créditos firmados na área da prática desportiva na cidade de Pemba.
Continua, deste modo, a batalha pela chefia do Desportivo de Pemba, um clube de que há 10 anos não se ouvia falar em virtude de resultados menos visíveis, mas que nos últimos tempos tem-se se feito presente em quase todas as modalidades e escalões.
Pedro Nacuo