– Ângelo Muria, docente de Educação Física e Desporto. Ângelo Muria, docente universitário na Faculdade de Educação Física e Desportos, diz constituir perigo para o desenvolvimento do
desporto nacional a prevalência nos clubes, associações, federações e municípios, de gente aventureira em detrimento dos profissionais da área que vêm sendo formados pelo Estado.
O académico respondia a uma pergunta nossa se os formados na Faculdade de Educação Física tinham ou não enquadramento profissional garantido.
“Os formados em gestão desportiva têm problema de enquadramento, mesmo sabendo-se que há falta de quadros especializados nos municípios e federações, porque parece que para exercer actividades nesses sectores não se exige conhecimento profissional. É um perigo para o desenvolvimento do desporto nacional. Se você não sabe fazer como profissional, não se exige. Um profissional procura se justificar. No vosso caso, diria que uma coisa é saber escrever, outra é ser jornalista. Eu, por exemplo, por orgulho próprio, não aceitaria ser director clínico do Hospital Central de Maputo sabendo que me formei em Educação Física e Desportos”, defende Ângelo Muria, coordenador do Seminário Nacional de Ciências do Desportos e Educação Física que amanhã inicia.
No entanto, Muria admite que haverá mudança “porque o próprio mercado e a imprensa exigem que haja profissionais no desporto. É nossa e vossa tarefa afugentar os aventureiros do desporto. Com os aventureiros nada vamos melhorar. Vamos continuar a nos enganarmos.”
Ângelo Muria formou-se professor de Educação Física no então Instituto Nacional de Educação Física (INEF). Fez licenciatura em Educação Física na Bulgária, na especialidade de atletismo. Fez mestrado na Universidade do Porto, em Portugal, em Ciências do Desporto. Fez doutoramento no Brasil, em Educação.
Em Janeiro deste ano Ângelo Muria foi candidato dos “intelectuais” à presidência da Federação Moçambicana de Atletismo, tendo perdido a favor do empresário Shafee Sidat.
