Foi muito simples a eleição de Amílcar Jussub para o cargo de presidente de direcção da Associação de Futebol da Cidade de Maputo (AFCM). Bastou a Comissão Eleitoral expurgar muitas irregularidades na Lista “B”, liderada pelo presidente cessante, Filipe Budula, para abrir o caminho da vitória do antigo agente-FIFA.
À entrada da sala já se adivinhava uma tarde de terror para Filipe Budula e sua quase equipa. Introduzimos o quase porque a lista do ainda presidente da AFCM não tinha uma composição completa. Faltavam nomes para várias funções e ele optou por colocar clube X ou Y, nalgumas vezes sem contactar esses mesmos clubes, como veio a protestar Rafik Sidat, presidente da Liga Desportiva de Maputo em plena assembleia geral.
Mais: cargos como presidente dos conselhos de Disciplina e Jurisdicional, por exemplo, os estatutos recomendam que sejam ocupados por pessoas licenciadas em Direito, e Budula não anexou os certificados dos nomes propostos.
Mais grave ainda foi o incumprimento do Regulamento Eleitoral que ele próprio aprovou e mandou publicar, o qual indicava um prazo de submissão das listas cinco dias antes do acto eleitoral, 22 de Dezembro. Budula só submeteu a sua candidatura, presume-se, no dia 19, porque nem sequer carimbou o seu expediente na secretaria da AFCM. A presunção resulta da data da carta que acompanha o expediente à associação.
Para além disso, a lista de Budula não apresentava suplentes, conforme rezam as normas. Essas irregularidades foram consideradas “insanáveis” pela assembleia, que decidiu por unanimidade eliminar Budula da corrida.
JUSSUB PROMETE
JOGADORES DE CATEGORIA
Amílcar Jussub pretende resgatar a história de Maputo na formação de jogadores de nível internacional. Lembrou que foi nos campos desta cidade de Maputo que se formaram e despontaram jogadores de categoria internacional.
Disse aos delegados dos clubes que juntos podem voltar a formar e exportar jogadores de craveira mundial e recolocar o nosso país no mapa de produção de talentos de futebol.
Prometeu pautar sempre pelo diálogo com os seus filiados, pelo respeito mútuo e pelo cumprimento íntegro das responsabilidades de cada uma das partes.
Alinhou algumas prioridades no seu mandato, a saber:
–Redimensionar os recursos humanos da AFCM para os adaptar a novas exigências de comportamento e actuação;
–Apresentação de contas anuais transparentes;
–Reavaliar o quadro competitivo para que o mesmo possa responder, de forma mais ajustada, aos anseios dos filiados, como contributo para o desenvolvimento harmonioso do futebol;
–Proceder à emendas nos estatutos para os ajustar à realidade da época desportiva, ano financeiro bem como para os tornar mais objectivos e realistas, dentro da legislação vigente;
–Realizar programas de formação de técnicos, árbitros, massagistas, delegados e outros agentes;
–Desenvolver contactos abrangentes na busca de apoios financeiros a nível do empresariado como complemento das contribuições dos filiados para o orçamento da AFCM, a fim de viabilizar o programa de actividades em cada ano.–Combater a falsificação de identidade e de idades. Para isso, a primeira inscrição de qualquer atleta nos escalões de infantis, iniciados e juvenis será feita de forma presencial, mediante a apresentação do BI Biométrico, sempre que possível. Procurar-se-á ainda que a primeira inscrição seja feita em registo em papel e em registo digitalizado;
–Consolidar as provas rainhas da AFCM –os campeonatos da cidade de todos os escalões, a Taça Maputo e a Taça João Albasini;
–Em conjunto com os filiados, identificar soluções para tornar o Campeonato da Cidade do Escalão Sénior mais atractivo e competitivo;
–Com as autoridades municipais, interagir para a identificação de novos espaços para construção de campos de futebol.
Matchedje campeão duma
prova que não disputou!
Para além da eleição de novos corpos sociais da AFCM, a assembleia geral apreciou os relatórios de actividades e contas de 2015. Aliás, o documento de contas nem sequer foi avaliado porque o mesmo só chegou aos associados na véspera da assembleia geral. Os clubes adiaram o ponto para uma melhor oportunidade.
O relatório de actividades foi aprovado com várias recomendações, sendo a mais importante a rectificação do campeão da cidade de Maputo de 2016.
No documento da AFCM, o campeão foi o Matchedje de Maputo, justamente num ano em que os “militares” disputaram o Campeonato Nacional de Divisão de Honra Zona Sul. Na verdade, a equipa do Vulcano FC é que se sagrou campeã da cidade.
Se as irregularidades da lista de Filipe Budula resultaram duma alegada traição, não houve explicação para a atribuição do título ao Matchedje, justamente numa prova em que nem sequer tomou parte.
Por isso, o relatório de actividades foi aprovado “com as devidas recomendações”.Fui traído
–Filipe Budula
Filipe Budula era um homem conformado no final da assembleia geral que confirmou o fim do seu reinado na AFCM. Conta que foi traído pelas pessoas que mais confiou nos últimos quatro anos, que trabalharam lado a lado com ele.
No seu dizer, diziam certa coisa dentro da associação e fora faziam outra completamente diferente. “O processo documental teve certas lacunas porque fui traído por certos elementos que eu confiava bastante na minha lista para a continuidade. Diziam sim sim, quando afinal de contas era traição”.
Prosseguiu afirmando que “a esses traidores desejo felicidades e longa vida. À última hora já não havia tempo. Não estou satisfeito porque nenhum derrotado sai satisfeito, mas acho que foi um processo digno”.
Congratulou Amílcar Jussub pela eleição e manifestou-se disponível a ajudar para o bem do futebol porque ele é homem da modalidade.