Início » Saudades de Santo Egídio ou medo das negociações?

Saudades de Santo Egídio ou medo das negociações?

Por admin

Bula bulajá não sabe com que mais se deve surpreender quando o assunto envolve a Renamo. Desta vez o artista é um tal Dr. Augusto Mateus, que, por enquanto, vai fazendo o papel de 

Chefe do Gabinete de Afonso Dhlakama. Um gabinete localizado em Maputo, quando o titular anda feito um Tarzan, lá pelas bandas de Satungira, em Gorongosa.

Na sequência dos tristes eventos de Gôndola e Muxúngue, o tal doutor renamista entendeu, a 15 de Abril, segunda-feira, redigir uma missiva com oito páginas ao Chefe de Estado, a solicitar que se criem grupos “com poderes para discutirem e encontrarem soluções viáveis para a estabilização do país”.

Dois dias depois, ou seja, na quarta-feira, dia 17 de Abril, o Gabinete do Primeiro-ministro, Alberto Vaquina, sugeriu que o encontro deveria ter lugar no dia 22 de Abril, uma segunda-feira, nas esplêndidas instalações do Complexo Indy Village, onde a mesma Renamo já vinha se reunindo com representantes do Governo.

Entretanto, Augusto Mateus, ripostou com o nariz torcido e testa franzida que “o local indicado, que é um estabelecimento turístico, para nós não é digno. Para o efeito propõem-se que o Governo indique instalações do Estado que oferecem condições para a realização das negociações em nome do interesse nacional”.

O que aquele Augusto Mateus e seus correligionários não fazem ideia é que o Indy Village não é uma espelunca como pretendem dar a entender ao mundo. Tem quatro estrelas e serviços que o colocam no píncaro das escolhas de quem quer ser bem tratado e servido. Por outro lado, Bula bula continua a cogitar que não é o lugar que determina a seriedade e sobriedade duma negociação. O que não se sabe é se Augusto Mateus vê alguma à sua frente.

Note-se que o número de estrelas do hotel coincide em número e género com as estrelas do general Dhlakama…

Bula bula, que vai a muitas, lembra que o Chefe de Estado já dirigiu milhentas de reuniões naquele local. Presidentes dos países da região e do mundo já por ali passaram e não iam bater copos, nem degustar pratos fartos. Foram para ali traçar rumos para Moçambique e para um mundo melhor. Daquele pódio, Jacob Zuma, por exemplo, já se dirigiu aos agentes económicos nacionais e sul-africanos, num discurso aplaudido até à exaustão.

Recorde-se que quando Dhlakama se meteu nas matas de Gorongosa disse a quem o quis ouvir que queria que o Chefe do Estado fosse para ali para negociar debaixo duma mafureira.

Indy Village à parte, Augusto Mateus, que faz toda a questão de ser tratado como doutor, quem sabe até pelos sobrinhos (tio doutor Augusto), remete a carta de pedido de alteração do local e data em plena sexta-feira, dia 19 de Abril, quem sabe movido pela ideia de que “é dia do homem”.

Para cá e para lá, o Governo, por via do Gabinete do Primeiro-ministro, retorquiu marcando o encontro para a segunda-feira seguinte, dia 29 de Abril, desta vez nas instalações do Estado, denominadas por Ministério da Agricultura.

Como é apanágio, na última sexta-feira, “dia do homem” para alguns, o doutor voltou a fazer das suas e cá citámo-lo no seu português e pontuação. “O Governo de Moçambique no âmbito de troca de correspondência comunicou ao Partido Renamo as instalações alternativas, do Centro turístico Indy Village, para o Ministério da Agricultura por sinal, é o Gabinete do trabalho do negociador Chefe do Governo, para o efeito, este local não se mostra neutro”.

Pelo jeito, fica claro que o doutor só ganha inspiração para rabiscar às sextas-feiras, quem sabe a pensar na componente etílica associada ao final do expediente. Pior é que tem caipirice nesta coisa de negociações rotuladas de isentas e de soberania.

Se um Indy Village “não é digno” e prefere-se instalações do Estado, e depois o Ministério a Agricultura não é neutro, mesmo sendo instalações do Estado, Bula bula lança uma sugestão. Não seria melhor optar por reunir no Oceano Índico? Até porque, regularmente, há um cruzeiro que atravessa os nossos mares e até Bula Bula pode cravar um espaço para as delegações negociantes… ademais, haverá lugar mais neutro que o mar que também é um espaço do Estado? Os peixes não se metem em questões políticas e para mais morrem pela boca.   

 

Você pode também gostar de:

Leave a Comment

Propriedade da Sociedade do Notícias, SA

Direcção, Redacção e Oficinas Rua Joe Slovo, 55 • C. Postal 327

Capa da semana