Conta-se que um asno ia caminhando com uma pesada carga de sal no lombo. Ao deparar-se com um rio, o animal precisa de atravessá-lo… naturalmente.
Ele então adentrou com cuidado no rio, mas, sem querer, se desequilibra e cai dentro da água. Dessa forma, o sal que ele levava dissolve-se, aliviando muito o peso e deixando-o satisfeito. O animal segue contente.
Outro dia, ao levar uma carga de espumas, o asno lembra-se do ocorrido anteriormente e resolve cair na água de propósito. Acontece que, nesse caso, as espumas encharcaram-se, tornando a carga muito pesada. O asno então ficou preso no rio sem conseguir atravessar.
Bula-bula avisa desde já que qualquer coincidência com qualquer história real recente em Cabo Delgado é pura coincidência… nesta fábula não se fala de ninguém nem nada parecido. Se alguém entender que tanto lá como cá, um asno tentou ser esperto, problema dele…
O que se sabe é que alguém descobriu a marosca do asno que tentou usar o rio para aliviar as costas ou contas (como quiserem). Afinal 88 toneladas de espuma, distribuídos equitativamente em 21 sacos, é muita coisa para passar despercebida no meio da savana. Outros predadores farejam a cena.
Afinal, à semelhança do asno, aquelas crianças daquele bairro, um pouco lá para o norte, tentaram sacar os doces do cesto da velhinha que parecia “maningue” cansada… é que antes daqueles meninos já outros haviam tentado surripiar os saborosos adocicados da pobre senhorita… e não é que ela aprendera bem a lição, de tal sorte que meteu um gatinho com garras no máximo do tamanho… o resto é o que se sabe. Os meninos ficaram sem doces. Mas, voltando ao asno – Esopo é que a contou –, fica claro, tanto num como noutro caso, que a manha pode nos lixar… porque somos espertos até que nos apareça alguém mais esperto.
Solta de Jerónimo Muianga
