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Buracos do ódio

Por Jornal domingo

Buracos há muitos. Estão espalhados por todo o lado. Inclusive no universo. Por exemplo, tem por lá um tal e temível “Buraco do Ozono”, lugar por onde trafegam livremente os raios ultravioletas que nos provocam cancros de pele e outros quitais que nem sempre a medicina consegue resolver.
Os cientistas dizem que parte do problema das mudanças climáticas vem dali, porque a protecção que o planeta deveria ter sumiu. Evaporou, ou como diz a mocidade nos dias que correm, esfumou-se. Resultado disso é que agora chove e nem os melhores meteorologistas conseguem antever. Há ciclones ultraviolentos. A seca vem com toda a sua força. E nisto tudo o Homem finge que é a vítima, quando se sabe que nada faz para reverter o cenário. Cada um pensa que isso é tarefa do outro e o mundo vai girando em agonia.
Se no cosmos há buracos, o que dizer da terra? Aqui onde Adão e Eva cometeram o pecado original e aproximaram-nos da serpente, esse bicho medonho que causa repulsa, excepto para um certo jovem da província de Manica, que se aficcionou tanto pelo animal que entendeu vir à praça com o animal ao ombro, como se de um ursinho de peluche se tratasse.
Bula-bula odeia buracos e já o declarou publicamente. É impossível ter uma vida digna cercado deles, mas as cidades teimam em mantê-los como se de troféus ou pólos turísticos se tratassem, a ponto de deixá-los crescer, multiplicarem-se e encherem a terra livremente.
O pior de tudo é que estes buracos, que dá vontade de chamar de infra-estruturas, uma vez que parecem fazer parte do “modus vivendi” urbano, chegam ao extremo de se apoderar de vias que, em condições normais de temperatura e pressão, deveriam ser as mais lisas possíveis.
Vamos lá ver uma coisa.
Imagine o amigo de Bula-bula que está a acompanhar a um ente-querido à maior unidade sanitária do país, o Hospital Central de Maputo (HCM), e entende usar uma das mais requisitadas avenidas, a Eduardo Mondlane. Note que o seu familiar, seja ele filho, esposa, pai, mãe… apresenta- -se em estado gravíssimo.
Consegue fazer o percurso até à entrada do hospital e … pimba. Dá um mergulho num buraco que teimosamente se mantém firme e incólume ali na entrada, como quem está decidido a cobrar um tributo aos vivos. Morres a ver o hospital a poucos centímetros dos pés. Está claro, e não vale a pena pensar que se trata de um desabafo de barriga cheia de Bula-bula. É mesmo porque, neste começo de época municipal, há que atacar os problemas. O lixo, os buracos, a poluição sonora, a urina em público, acesso aos transportes públicos, entre outros, não devem ser vistos como património urbano. (x)

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