A cerimónia de investidura do Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, que teve lugar na passada quinta-feira, na Praça da Independência, compreendeu, para além da solene tomada de posse do novo Chefe do Estado, um grandioso espectáculo com um mosaico artístico cultural que contou com a participação de 20 grupos de dança, cinco grupos corais e 14 músicos.
A exibição cultural que estava dividida em dois momentos: matinal e vespertino, teve arranque quando eram pontualmente 8.30 horas, num momento em que se ouviram as vozes dos mestres de cerimónia, Danny Ripanga e Eunice Andrade a chamarem para o palco o grupo de dança tufo da Mafalala.
O grupo não poupou esforços e demonstrou com mestria o que sabe fazer. Deu um “show”. Foi desta forma que se arrancou com as actividades culturais, e não só, daquele que foi um dos mais importantes eventos do Estado no corrente ano, e que certamente tocou diversos corações.
Apresentaram-se ainda outros grupos corais e de dança. Aliás, o período da manhã basicamente foi caracterizado por danças tradicionais e de canto coral.
Quando Filipe Nyusi foi declarado novo Presidente da República, foi declamado um poema laudatório em sua homenagem, seguido do desfile da banda militar. Esta última animou bastante os presentes.
MÚSICA RIJA NO PERÍODO DA TARDE
Após o término da cerimónia oficial, no período da tarde, para dar continuidade à festa, realizou-se um mega-“show” para o público que em massa deslocou-se à Praça da Independência.
Músicos como Ziqo, Liloca, Carlos de Lina, Dama Ija, Anita Macuácua, Roberto Chitsondzo, entre outros, passearam a sua classe animando a tarde dos que ali estavam presentes até por volta das 17.00 horas, quando o “show” terminou.
David Abílio, coordenador cultural na Comissão Interministerial de Grandes Eventos Nacionais e Internacionais (CIGENI), considera que o evento foi um momento de festejar a riqueza e diversidade cultural de Moçambique, através da manifestação artística.
Disse igualmente que foi uma grande honra e privilégio ter organizado a parte cultural da investidura, pois aquele era praticamente o último trabalho ligado ao Estado e ao Governo que fazia, porque já está a caminho da reforma.
“Sinto-me feliz, porque em todas as cerimónias de tomada de posse que decorreram aqui no país fui o principal organizador da parte cultural e foi bom que a caminho da reforma organizei também a investidura do Presidente de transição das gerações”,ressalvou Abílio.
Refira-se que a cerimónia foi inovadora. Buscaram-se diversas danças de todo país. “Os grupos de dança que haviam sido seleccionados são àqueles que apresentam danças representativas de todo o nosso país, tais como nhambaru, mapiko, xigubo, entre outras”, afiançou David Abílio.
Artistas têm expectativas positivas
No local, a nossa Reportagem ouviu algumas figuras da arena artística, os quais mostraram-se esperançosos numa revolução no concernente à forma de estar dos fazedores das artes e cultura.
Que traga novidades à nossa cultura
–Paulina Chiziane, escritora
“O novo Presidente da República deve trazer força, encorajamento e criar condições para que possamos melhorar. É preciso que ele invista a sério na cultura. Particularmente, gostaria de ver melhorado o estatuto do artista, porque nos últimos tempos esta classe tem sido marginalizada”,disse a escritora moçambicana Paulina Chiziane.
Acrescentou que se devia respeitar mais a questão dos direitos dos autores. “Às vezes, as instituições usam e abusam do produto do artista sem pagar e isso é mau, pois desvaloriza o nosso trabalho. O país tem orgulho de ter a timbila como património mundial, mas não se pergunta quem produziu esse património e como cresceu a ponto de se tornar uma bandeira nacional. O mesmo acontece com o nyau. É preciso reflectir-se nesses aspectos? Em suma, espero que Filipe Nyusi traga novidades à nossa cultura”.
Mostrou-se disposto a ajudar-nos
–Mr. Kuka, cantor
Para o cantor moçambicano Mr. Kuka é uma alegria ter Nyusi como Presidente, porque mostrou ser uma pessoa preocupada com a causa do artista. “Tenho a esperança de que alguns dos pontos que apoquentam a classe artística serão resolvidos. É que já nos comunicámos com ele e mostrou-se disposto a ajudar-nos a desenvolver o campo da cultura, o que é um avanço”.
Mais universidades de artes e cultura
–Marlene, cantora
Por sua vez, Marlene afirmou que tem a esperança de ver melhorado o relacionamento entre os dirigentes e fazedores da cultura. “Tenho uma expectativa muito positiva em relação ao novo Presidente. O antigo dinamizou a cultura, mas ainda há muito por fazer. Hoje em dia já existem instituições superiores preocupadas em formar artistas, isso é muito bom. Sendo assim, gostava que o Presidente Filipe Nyusi criasse mais instituições dessa natureza, sobretudo nas províncias, para que haja ainda mais a valorização e divulgação da cultura”.
Gosta da cultura e isso alegra-me
–DJ Ardiles, cantor
DJ Ardiles é de opinião de que com Filipe Nyusi a cultura vai conhecer avanços significativos. “É um homem que gosta de cultura. Quero acreditar que tudo fará para que a mesma melhore e desenvolva-se cada vez mais. Aliás, como cantor, imagino que teremos mais oportunidades de escrever bem firme o nome do nosso país internacionalmente”.
Que leve avante as promessas feitas
–Carlos de Lina, artista
“É preciso que haja mais apoio aos artistas nacionais. Há também a necessidade da valorização e consideração dos trabalhos da classe, por conta disso gostava que no novo governo fizesse de tudo para combater a pirataria, factor-chave da decadência do artista e que desvaloriza a própria arte.Em suma, espero que o Presidente da República leve avante o manifesto e promessas que fez na campanha, pois é tudo o que nós queremos”, afirmou Carlos de Lina.
Maria de Lurdes Cossa