Sou resultado do canto coral

É um jovem franzino, humilde e carismático. Ele canta, compõe e está actualmente a aprender a tocar viola. Provém de uma família completamente religiosa, e diz ser nada sem a presença de Deus na sua vida, aliás, foi mesmo na igreja onde descobriu o seu dom de “encantar” corações das pessoas que o ouvem.

Se dissermos que trata-se de Justino Isabel Mafuiane poucos irão reconhecê-lo, por isso preferimos tratá-lo por Justino Ubakka, nome pelo qual é conhecido e reconhecido na arena musical.

Nasceu em Maputo, em 1990, no bairro de Malhangalene. Com um ano de idade seus pais mudaram-se para o bairro de Mahlazine, local onde cresceu e reside até hoje. Frequentou o ensino Primário na Escola Primária de Mahlazine e o ensino Secundário na Escola Secundária de Mahlazine.  

Descobriu a sua paixão pela música na infância, quando abraçou o canto coral infantil da sua igreja, aos 10 anos de idade. Aliás, o artista passava quase todo tempo na igreja,    louvando a Deus. Segundo conta, aquela é e sempre foi a sua outra casa. “Minha infância foi passada na Igreja e foi muito boa. Minha família é muito religiosa. Hoje sou o que sou graças a Deus e a Igreja”, disse.

Nesta fase atribuíam-lhe tarefas que já exigiam de si muita responsabilidade e acima de tudo capacidade vocálica. Com o decorrer do tempo, quando Ubakka tornou-se adolescente, teve de abandonar o grupo infantil e integrar o da juventude, do qual faz parte até hoje. 

O artista afirma que durante muito tempo focou-se mais na música Gospel pois não pensava antes em fazer outro estilo. Contudo, as coisas começaram a mudar depois de 2004, quando fez a sua primeira composição de música Hip-Hop por influência de amigos. “Isso não significa que tenha deixado de cantar na Igreja, apenas fazia Hip-Hop quando estivesse com amigos”, frisou.     

Em 2008, decidiu então dar ouvidos às pessoas que aconselhavam-lhe a procurar um estilo musical que pudesse explorar a sua voz. Começou a fazer R&B, estilo tropical. No entanto, conta que ainda não se sentia completo  com as gravações que fazia, pois faltava algo em si. Queria algo maior.

EMPRESTAR A VOZ AOS TRIO FAM

Pouco tempo depois teve convite de alguns amigos para participar em um tema como corista. Pela sua performance, Ubakka foi convidado pelo dono  do estúdio para trabalharem juntos.

Em 2012 seu produtor foi convidado a participar da produção do álbum da Trio-Fam. Durante esse contacto, “ele tocou minhas músicas e eles gostaram. Chamaram-me e pediram para fazer coros de três de suas músicas”, disse.

Após  o término das gravações, em 2013, os membros da Trio-Fam, Kloro, Kaus, “disseram-me para fazer um estilo diferente que me distinguisse. Aceitei a ideia e assim começamos a trabalhar”.

Actualmente, o seu estilo musical é o Afro-Pop, uma mistura de vários ritmos tradicionais e do Pop, um estilo moderno e internacional. “Sinto-me bem, pois me identifico com o estilo”.

O artista tem actuado mais em cerimónias de casamento, baptizado, entre outras. Apesar de não ter uma banda, sua preferência é sempre actuar com uma pois acredita que se explora mais e melhor as capacidades do cantor.

Por influência do seu pai gosta de Avelino Mondlane, Djakas, Massukos, David Mazembe. Seus ídolos são Lokua Kandza, Salif Keita, Ringo, Rebecca Malope, entre outros. “Na verdade eu sou resultado do que ouço. Afinal a pessoa só faz aquilo que ouvi e “bebe”.

VENDO MEU DISCO POR ENCOMENDA

Actualmente, Ubakka conta com um trabalho lançado recentemente em Maputo, intitulado “Khoma”. Trata-se dum single composto por seis músicas nas quais predominam mensagens de amor, louvor a Deus, problemas sociais, entre outras, referentes às experiências vivenciadas pelo jovem músico no seu dia-a-dia.

Segundo Ubakka, a designação do seu primeiro trabalho, que também é o título de uma das suas músicas dedicada a sua cara-metade (namorada), é para mostrar o quão  importante é amar o parceiro e estar engajado na relação. “Fiz de forma a que todos casais se identificassem com a mesma. E isso está a acontecer. Pois, essa música é uma das mais elogiadas”.

O single conta com a participação do consagrado músico moçambicano Wazimbo, artista que Justino Ubakka sempre admirou.

No que concerne às vendas do disco, o jovem afirma que é por encomenda e está a ter uma boa adesão. “Por vezes recebemos chamadas de outras províncias, a solicitar o disco. Infelizmente não podemos fazer chegar porque as nossas condições ainda não nos permitem”.

Questionado sobre a possibilidade de lançar um álbum, Ubakka referiu que não promete agora pois a qualidade por si desejada não poderia conseguir obter tão cedo. Acredita que levará quatro anos para fazer uma nova produção pois “um bom trabalho precisa de ser bem preparado e sem pressa. E porque não é mau sonhar, gostaria que tivesse a participação do meu grande ídolo Lokua Kanza, afiançou Ubakka.

PRODUTOR DE MÚSICAS COM SUCESSO

A pesar de pouco tempo na arena musical, Ubakka já é uma referência quando o assunto é compor música. Ele é o dono dos sucessos “Filho”, “Cheias” interpretados pela artista moçambicana, Marlene. A música “Phandar” da cantora Liloca também é da sua autoria, assim como “Pai” da Gabriela.

O jovem músico revela que sente uma enorme satisfação em ver o sucesso que as músicas, sobretudo da Marlene, tiveram. “Não imaginava que as músicas por mim produzidas fossem ter tanto sucesso, isso é gratificante, avança.

Para Justino,Gosto pelas coisas que fazemos é a frase mágica para justificar as suas bem concebidas letras. “Sinto o que faço e isso o ajuda bastante na hora de escrever”.

O que já foi feito ainda não é o pico para o jovem músico pois pretende ainda alcançar outras metas. “O meu sonho é produzir um disco completo para grandes músicos nacionais”.

Ubakka, denominação assumida por Justino em 2013, é um nome dum personagem criado pelo seu avô. “Sempre que o meu avô contasse as histórias dizia que eu era o personagem Ubakka e até chama-me assim. No  inicio não gostava mas em 2013 notei que é um nome muito diferente e tipicamente africano por isso decidi usá-lo”.