A cidade de Maputo é palco desde a última sexta-feira, até o dia 20 de Outubro corrente, de um festival internacional de dança contemporânea.
Denominada Danse L’Afrique Danse!, o evento está enquadrado no KINANI que vai na sexta edição. Organizado pela Iodine Produções, KINANI é um festival de dança que junta nos palcos de Maputo grupos de dança provenientes de diversos países africanos.
Este ano participam grupos de Moçambique, Comores, Congo, África do Sul, Mali, entre outros.
O festival KINANI tem agendado 24 espectáculos de dança e instalações artísticas oferecidos por 27 coreógrafos e artistas provenientes de 09 países africanos.
“O Género, Sexualidade, Direitos Humanos, Identidade, Corpo Humano, Crenças e outros temas que colocam o quotidiano em questionamento. O Centro Cultural Franco-Moçambicano, Teatro Avenida, Museu da Pescas, acolhem sessões diárias entre às 18, 19 e 20 horas nas diferentes salas e o 4º andar (espaço alternativo) a partir das 17horas”, explica Quito Tembe, da Iodine Produções.
Questionado sobre outros programas paralelos, Quito disse estarem agendadas outras actividades. “ Por exemplo, no quarto andar vamos ter a exposição do Jorge Dias. No mesmo espaço acontece a Instalação através de uma jovem promissora nesta área”.
Moçambique como país organizador do festival de dança está em peso no que diz respeito às exibições. “Temos Panaíbra Canda e Horácio Macuácua já premiados nas edições passadas do Danse L ´Afrique Danse! Eles irão apresentar “(UN) Official Language“ e “Migration To Paradise” respectivamente.”, afirma Quito Tembe.
“ (UN) Official Language” pretende confrontar a “Língua” no seu discurso oficial e não oficial. A relação entre a língua materna e a língua da herança colonial continuam como pólos de conflito para a expressão dos indivíduos.
“Migration To Paradise – Luck doesn’t exist” tenta recriar um fôlego colectivo entre bailarinos e plateia demonstrando uma dança visceral, sem maneirismos, instintiva e espontânea, despida, animal.
“Moçambique é representado ainda por Ídio Chichava que apresenta “iN Tolerância” fazendo um recorte ao Moçambique urbano e Pak Ndjamena com “Piscar” que convida-nos a descoberta de sons criados a partir de fontes inesperadas”, esclarece.
O universo feminino moçambicano é representado por duas coreógrafas nacionais: Janeth Mulapha com “ 5 SENSE ORGANS ” que aborda a vulnerabilidade do universo humano em constante interacção com aspectos que conduzem o Homem para os limites dos desejos imensuráveis e incontroláveis. Enquanto Kátia Manjate traz a obra “Casa” que coloca o Homem diante do mundo para (des) construir um olhar sobreeste espaço estável. A casa (corpo) é a cidade imaginária ameaçada pela experiência quotidiana.
Da francofonia destaca-se Kettly Noel do Mali com a peça “ Je ne suis plus une femme noire” que expõe a visão da artista sobre um mundo onde a cor da pele tornou-se irrelevante e onde a noção de identidade é dada um novo significado. Do espaço anglófono, será exibida “The Last Atitude” de Mamela Nyamza e Nelisiwe Xaba com a Dramaturgia de Boyzie Cekwana, a obra faz uma crítica à política em torno da arte tradicional do ballet explorando e expondo as questões de raça, género e identidade sob um olhar africano.
EXPLORAR UM PRÉDIO
Uma das mais excitantes novidades deste 2 em 1 (KINANI e Danse L`Afrique Danse! ) é a integração do espaço 4º andar no programa principal.
“O conceito “4o andar” surge da ideia de “reutilização” de espaço não convencional para a apresentação de espectáculos e instalações artísticas”, AFIRMA Quito Tembe.
O edifício tem obras interrompidas desde a época da Independência e está localizado na Av. 24 de Julho, esquina com Av. Olof Palme.
“KINANI e Danse L`Afrique Danse! representam um marco para impulsionar e celebrar a criatividade artística que expõe e problematiza em palco o quotidiano humano nos seus mais diversos aspectos”, finaliza.
Frederico Jamisse