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Júlio Silva retrata problemática da terra em filme

Por admin

O cineasta moçambicano Júlio Silva lançou recentemente o filme  intitulado A Terra a Quem Pertence?”, uma ficção cinematográfica em torno de problemas comuns na sociedade moçambicana.

Com sessenta e um minutos de duração, género ficção, o filme foi rodado no Bairro Mafalala, em Maputo, e na aldeia de Inkaia, na província de Gaza, durante três meses.

“Houve muito trabalho, mas facilitado porque o actor principal, Gravata, é profissional. O resto dos personagens são pessoas que vivem nos locais onde rodamos o filme. Não é fácil trabalhar com eles pela primeira vez para um filme, mas são genuínos, daí o maior interesse. O certo é que não há influência da língua portuguesa”, afirma Júlio Silva, realizador do filme.

Segundo o realizador, o filme aborda um problema que é real, por isso,  “interessava mostrar a realidade do povo. A expressão facial verdadeira. Não queria alguém que apenas representasse. E nisso fomos felizes com a comunidade”.

Questionado sobre o tema central do filme, Júlio Silva explica: “ abordo no filme a questão dos burladores. Aqueles  que vendem terra que não lhes pertence. Há no filme uma cena interessante  de discussão entre Makua e Machangana. E aí fica vincada a importância de não esquecer a nossa língua principal. Portanto, são abordados  questões da justiça social”.

A Terra a Quem Pertence?” não se limita apenas na abordagem sobre burladores. Busca outro fenómeno social em crescendo.“Está a ser frequente os rapazes engravidarem suas namoradas antes de terem condições mínimas, nem onde morar com elas. Isto faz com que as levem para casa de seus pais, criando um convívio diário e obrigatório das raparigas  com suas sogras. Uns dizem que elas se tornam empregadas das sogras e é sabido que essa convivência acaba por desmoronar e criar um mau relacionamento entre o filho, a mãe e a nora”.

A longa  metragem cujas línguas usadas são Changana e Emakua, tem legendas em Português.

Falando dos fundos para a produção do filme, Júlio Silva afirma: “Tive financiamento da Cooperação Suíça. Este tipo de filmes é de baixo custo”.

Na produção cinematográfica moçambicana, Júlio Silva conta com os filmes Chikwembo e Mithorri, o primeiro exibido a nível internacional, no  Festival Internacional de Cinema de Paranavaí – Brasil e no IV Festival Internacional de Cinema de Luanda – Angola, Festival Internacional de Cinema em Recife e, Amostra de cinema em Macau e o segundo no Festival Internacional de Cinema do Recife e na amostra do cinema moçambicano em Macau.

QUEM É JÚLIO SILVA?

Júlio Silva nascido em 1960 no Bilene (Gaza), é cineasta, pesquisador e investigador de músicas e danças tradicionais de Moçambique, produtor musical, músico, professor de canto, animador cultural, operador de câmara.

 De 1980 até 2010 gravou, participou e produziu mais de 300 discos de artistas dos PALOP. Em finais de 1990 lançou 3 discos (CD) Moçambique tradicionais vol.1 e II e Gospel. Fez igualmente um programa de televisão.

Em 2009  lançou uma colecção de 10 DVDs de música e dança tradicional de Moçambique para objecto de estudo que foi cedido à Universidade Eduardo Mondlane, ao ARPAC, ao Ministério da Cultura, ao Instituto Nacional de Áudio-Visiual e Cinema e ao Instituto de Investigação da Universidade Nova de Lisboa (Mestrado em Etnomusicologia), Universidade de Macau, com o objectivo de uma divulgação Nacional e Internacional da cultural Moçambicana.

Desde 2009 que tem feito reportagens e documentários no Norte de Moçambique para a WWF e ADECOR sobre defesa do meio ambiente, relativo a escassez de peixe, queimadas descontroladas, destruição do meio ambiente no seu geral. 

Actualmente trabalha profissionalmente na Associação Mozbeat, nas áreas da Etnomusicologia – Antropológica no espaço Moçambicano além de elaboração de documentários e pesquisas culturais.

Entre 2009 e 2010 lançou juntamente com Gilberto Mendes o programa infantil TRIBO JUNIOR dedicado à descoberta e ao lançamento de vozes (canto), dança e soletração a nível juvenil.

 

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