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Artistas moçambicanos destacam-se na bienal da Bahia

Por admin

Caiu ontem o pano da VI Bienal de Jovens Criadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) com a realização de um mega-show de encerramento na chamada Praça do Pelourinho, na zona baixa da cidade de Salvador da Bahia.

Foi o apogeu de uma manifestação multicultural que durante cinco dias consecutivos permitiram que pouco mais de 220 jovens artistas e empreendedores usassem varias expressões culturais para fortalecer ainda mais os laços que unem os 8 países que integram esta comunidade lusófona.

Foi praticamente uma semana recheada de uma diversidade de manifestações e expressões culturais que vão desde o teatro, poesia, dança, música e palestras. A maior parte dos actos realizou-se no Quadrilátero da Biblioteca Pública do Estado da Bahia – Barris, onde os jovens criadores puderam interagir bem como encantar aos apreciadores das artes com as suas diversificadas produções artísticas.

O programa de encerramento da VI Bienal dos Jovens Criadores da CPLP iniciou por volta das 5 da tarde ( hora local) , 22 horas de Maputo, onde todas as delegações convergiram ao Pelourinho para participar do cortejo do fim das actividades culturais em apoteose , numa cerimonia salpicada com todos condimentos artísticos e que levaram aos píncaros da efervescência cultural aquele lugar histórico da Bahia.

Situado no coração do centro histórico da cidade de Salvador da Bahia o Pelourinho é uma espécie de grande shopping ao ar livre pois oferece inúmeras atracões artísticas e musicais. Há uma concentração de bares, restaurantes, boutiques, museus, teatros, igrejas e outros monumentos de grande valor histórico, todos localizados na área do Pelourinho. Pelourinho esta sendo restaurado e é um local repleto de actividades culturais.

A palavra "pelourinho" se refere a uma coluna de pedra, localizada normalmente ao centro de uma praça, onde em tempos idos criminosos eram expostos e castigados. No caso do Brasil Colônia, era, principalmente, usado para castigar escravos.

Mas voltando a VI Bienal. De um modo geral, os artistas moçambicanos tiveram uma prestação incensurável e, quiçá, inolvidável em todas as modalidades a que se inscreveram. Mas foi na vertente da musica e dança onde , na ultima quinta-feira , os poucos mas bons artistas fizeram uma exibição que levou a quase um delírio total as centenas de espectadores que afluíram ao Complexo Cultural dos Barris.

O vocalista Aly Abubacar (do agrupamento os Sáldicos), Nelton Miranda (teclista), Zubaida Rogério Dava (guitarra acústica), Célia Abílio Maguele, António Januário Jaze (estes últimos nas artes perfomativas) são alguns dos jovens da delegação moçambicana que polvilharam o Complexo de Barris com seu charme artístico  e uma exibição “sem espinhos” que deixou a audiência sedenta de um “bis”.

A actuação dos artistas moçambicanos foi uma verdadeira viagem pelos ritmos eminentemente tradicionais e estilos musicais emblemáticos da identidade cultural moçambicana com forte pendor para a marrabenta que num ápice conquistaram a plateia e ensaiar passos de dança, mesmo descompassados.

QUANDO OS “SANTOS DA CASA

FAZEM MILAGRES”

Uma das actuações que também não passou despercebida teve lugar na quinta-feira ultima , já quase no fim da noite, onde o publico amante da arte e os próprios jovens criadores da CPLP tiveram o ensejo de assistir “ao vivo e a cores” uma das mais conceituadas bandas brasileiras cujos integrantes tem na sua maioria fortes ligações com a cidade anfitriã da VI Bienal, Salvador da Bahia.

Estamos a falar da “Orkestra Rumpilezz” de raízes rítmicas afro-baianas que se evidencia através da execução límpida dos seus temas e em harmonia com o jazz, estilo de musica predominante nas suas actuações ainda que com alguma fusão do samba e pagode .

Há quem diga que o tempo passou rápido demais para quem estava a consumir a musica da banda local com a mesma sofreguidão com que alguns se deliciavam da caipirinha ( um cocktail tipicamente brasileiro feito na  base de aguardente de cana , sumo de limão e açúcar) e algumas cervejas locais tais como Ipaitava, Schin, Skol e a sugestiva Bohemia. 

Já na noite de sexta-feira os estilistas moçambicanos Júlia Almeida Ribeiro, e Pinto Jacinto Música também voltaram a não deixaram os seus “créditos em mãos alheias” ao participarem de uma mostra de moda , na Praça Quincas Berro D’Agua (no Pelourinho) , onde conjuntamente com representantes de Angola, Portugal e Cabo Verde exibiram o seu melhor no que tange ao “glamour africano”  as centenas de pessoas que acorreram a Pelourinho para ver as diferentes tendências da moda contemporânea nalguns países da CPLP.

O CASAMENTO DA POLITICA COM A CULTURA

Importa referir que as diferentes sessões culturais eram intercaladas por palestras e /ou seminários cuja temática estava relacionada a politica da Juventude, como algo transversal, e suas interconexões com as questões da produção cultural, ocupação dos jovens e empreendedorismo.

Logo no arranque do evento realizou-se uma palestra em que se debateu calorosamente o “Papel da Cultura no Desenvolvimento Integral da Juventude”.

Nessa discussão tomaram parte dois deputados da Assembleia da Republica de Moçambique nomeadamente António Niquice, por sinal Chefe do Gabinete Parlamentar da Juventude, e o deputado Hélder Injonjo, que integra o Grupo Parlamentar da AR para assuntos da CPLP.

Intervindo na ocasião, Niquice trouxe a reflexão a necessidade de se discutir matérias relacionadas com a juventude e as possibilidades de potencialização da cultura com respeito às diversidades e especificidade de cada país membro da CPLP.

EM JULHO DE 2015

Jovens criadores da CPLP escalam Maputo  

A próxima edição da Bienal dos jovens criadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vai ter como palco a cidade de Maputo conforme decidiu oficialmente a conferencia dos ministros responsáveis pelos pelouros da Juventude e Desportos desta organização lusófona. 

Esta será a primeira vez que Moçambique irá acolher um evento do género que já começa a ganhar maior relevância e peso específico no quadro da dinamização das relações de cooperação e amizade entre os Estados e povos dos 8 países membros da CPLP.

A propósito o Ministro Fernando Sumbana Júnior explicou que Moçambique candidatou-se para acolher o evento dentro do calendário rotativo definido pela organização e que todo o esforço que está sendo envidado é no sentido de iniciar, desde já , com os preparativos para a realização do evento de modo a que “acolhamos e organizemos da melhor maneira a VII Bienal dos Jovens Criadores da CPLP em 2015”.

O governante moçambicano referiu ainda que uma das principais motivações do pais ao disponibilizar-se para acolher a Bienal tem a ver com o facto de esta ser uma oportunidade para mostrarmos os vários aspectos da rica diversidade cultural e todo um potencial que o pais detém noutras áreas tais como o turismo na sua vertente cultural, gastronómica, etc.

José Sixpence, em Salvador da Bahia ( Brasil)

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