Editorial

Mundo celebra a vida de Mandela

A África e o mundo inteiro celebram a vida e o legado de Nelson Mandela, com actos e manifestações que vão desde danças nas proximidades da residência do Herói sul-africano de luta anti-apartheid em Joanesburgo ou vigílias noutras paragens.

 Mais do que chorar a partida do homem que se notabilizou pelo seu alto sentido de paz, o mundo se desdobra em actos de homenagem e de reconhecimento pela obra de Madiba.

A grandeza e a admiração que Mandela inspira advêm de uma situação muito peculiar em que ele não aparece a falar ou a implementar um perdão para um regime e seus líderes que terão feito tanto mal contra um outro povo. Mandela foi vítima ele próprio. Sofreu na carne perseguições, vários julgamentos e finalmente a prisão perpétua durante a qual foi submetido a todo o tipo de torturas físicas e psicológicas que terão estado na origem da doença que acabou lhe tirando a vida aos 95 anos no dia 5 de Dezembro último.

Ele e os seus camaradas nacionalistas bem como todo o povo sul-africano, onde se incluem mestiços, indianos e até mesmo brancos suspeitos de discordar com a política do regime, sofreram as piores sevícias. Mas mesmo assim, Nelson Mandela foi capaz de ir mais longe, superando todos os legítimos rancores e tentações de vingança. Perdoo. Pugnou pela criação de uma nação sul-africana para todos, começando por uma campanha de psicoterapia colectiva através das sessões da emblemática comissão da verdade. Foi nas audições da Comissão da verdade onde todas as mágoas e confissões foram descarregadas, para daí partir-se para uma nova nação de perdão.

Os últimos meses da vida de Nelson Mandela foram caracterizados por um clima de incerteza, incluindo controvérsias em torno da necessidade ou não de se desligarem os aparelhos que apoiavam a sua vitalidade. Chegou-se mesmo a especular que 18 de Julho seria a data eleita para a partida do embondeiro. Só que, como bem dizem os religiosos, a vida pertence ao além, e Mandela recuperou quase que milagrosamente.

Mas o dia 5 de Dezembro, data do falecimento de Nelson Mandela, não é uma data qualquer. A 5 de Dezembro de1956, ao lado de outros 155 opositores ao regime do apartheid, Mandela é preso indiciado de crime de traição. Depois de um julgamento de quatro horas, as acusações viriam a ser retiradas.

Mas, quanto a nós, há uma figura sul-africana a quem, diga-se de passagem, deve se fazer justiça, uma vez que está profundamente ligada ao tempo resplandecente de Mandela e da nova África do Sul. Estamos a falar do então presidente Frederik De Klerk. Ao contrário dos seus antecessores, De Klerk foi o homem que soube ler o sinal dos tempos e percebeu que o mundo era outro e que um regime racista como aquele não tinha mais espaço. Foi o homem que iniciou o processo de negociações e libertação dos veteranos do ANC. É por isso mesmo que o mundo não ficou indiferente, tendo proclamado o prémio Nobel para ele e Mandela. Só que desde esse tempo praticamente De Klerk passou para o anonimato.

Walter Sisulu é outro nome incontornável cuja vida e obra estiveram profundamente ligados a Mandela, por ter sido sob a liderança deste que Madiba se notabilizou na causa comum de luta contra o apartheid.

 Sisulo, nascido aos 18 de Maio de 1912 e falecido a 5 de Maio de 2003, chegou ao posto de Secretário-Geral e vice- presidente do Congresso Nacional Africano (ANC) was a South. Fundaram juntos o primeiro Escritório de Advocacia para a defesa dos negros em Joanesburgo, antes de se lançarem a uma luta mais aberta contra o regime.

 

Na reengenharia de uma nova África do Sul, Nelson Mandela entendeu logo que a luta do povo negro sul-africano tinha a particularidade de não se desenrolar num país colonizado como era o caso de Moçambique, por exemplo. Havia que encontrar um formato que acomodasse os brancos sul-africanos que, ao contrário dos colonos portugueses, estes se haviam desligado há muito tempo da sua antiga metrópole Holanda e formado geraçõesautóctones que acabaram conseguindo independência da bandeira inglesa em 1910. Era preciso encontrar um formato que não só garantisse a libertação dos negros, mas que assegurasse a sustentabilidade da paz na África do Sul, construindo a nação de Arco-íris, como viria depois a afirmar-se. Portanto, o guerrilheiro, o especialista em sabotagem e guerrilha urbana, o homem que primeiro estudou Direito para ser advogado dos negros, o homem que fundou o braço armado do ANC para matar e queimar machimbombos dos brancos para força-los a ganhar consciência das suas próprias atrocidades contra o povo negro, ei-lo já na plenitude do seu poderio, quando já era senhor de si e da nação, pai de uma das nações mais poderosas de África, quando muitos poderiam temer com razão uma vingança sangrenta, ei-lo virando Messias não para pregar a paz e reconciliação, mas para implementa-la pessoalmente, na condição de pessoa que sofreu na carne. Mandela, o misericordioso. Mandela, o conciliador. Mandela, para todos os sul-africanos. O mundo não ficou indiferente. Tomou o homem. Mandela de toda a África. Mandela do Mundo. Mandela o grande dos últimos 20 anos.

Contra todas as expectativas e possibilidades humanas para um homem que sofreu todo o tipo de torturas na carne, Mandela viveu 95 anos. Uma dádiva merecida para grandes e bondosos homens como ele.

O domingo junta-se ao mundo e dizHamba Kahle Madiba.

A África e o mundo inteiro celebram a vida e o legado de Nelson Mandela, com actos e manifestações que vão desde danças nas proximidades da residência do Herói sul-africano de luta anti-apartheid em Joanesburgo ou vigílias noutras paragens. Mais do que chorar a partida do homem que se notabilizou pelo seu alto sentido de paz, o mundo se desdobra em actos de homenagem e de reconhecimento pela obra de Madiba.

A grandeza e a admiração que Mandela inspira advêm de uma situação muito peculiar em que ele não aparece a falar ou a implementar um perdão para um regime e seus líderes que terão feito tanto mal contra um outro povo. Mandela foi vítima ele próprio. Sofreu na carne perseguições, vários julgamentos e finalmente a prisão perpétua durante a qual foi submetido a todo o tipo de torturas físicas e psicológicas que terão estado na origem da doença que acabou lhe tirando a vida aos 95 anos no dia 5 de Dezembro último.

Ele e os seus camaradas nacionalistas bem como todo o povo sul-africano, onde se incluem mestiços, indianos e até mesmo brancos suspeitos de discordar com a política do regime, sofreram as piores sevícias. Mas mesmo assim, Nelson Mandela foi capaz de ir mais longe, superando todos os legítimos rancores e tentações de vingança. Perdoo. Pugnou pela criação de uma nação sul-africana para todos, começando por uma campanha de psicoterapia colectiva através das sessões da emblemática comissão da verdade. Foi nas audições da Comissão da verdade onde todas as mágoas e confissões foram descarregadas, para daí partir-se para uma nova nação de perdão.

Os últimos meses da vida de Nelson Mandela foram caracterizados por um clima de incerteza, incluindo controvérsias em torno da necessidade ou não de se desligarem os aparelhos que apoiavam a sua vitalidade. Chegou-se mesmo a especular que 18 de Julho seria a data eleita para a partida do embondeiro. Só que, como bem dizem os religiosos, a vida pertence ao além, e Mandela recuperou quase que milagrosamente.

Mas o dia 5 de Dezembro, data do falecimento de Nelson Mandela, não é uma data qualquer. A 5 de Dezembro de1956, ao lado de outros 155 opositores ao regime do apartheid, Mandela é preso indiciado de crime de traição. Depois de um julgamento de quatro horas, as acusações viriam a ser retiradas.

Mas, quanto a nós, há uma figura sul-africana a quem, diga-se de passagem, deve se fazer justiça, uma vez que está profundamente ligada ao tempo resplandecente de Mandela e da nova África do Sul. Estamos a falar do então presidente Frederik De Klerk. Ao contrário dos seus antecessores, De Klerk foi o homem que soube ler o sinal dos tempos e percebeu que o mundo era outro e que um regime racista como aquele não tinha mais espaço. Foi o homem que iniciou o processo de negociações e libertação dos veteranos do ANC. É por isso mesmo que o mundo não ficou indiferente, tendo proclamado o prémio Nobel para ele e Mandela. Só que desde esse tempo praticamente De Klerk passou para o anonimato.

Walter Sisulu é outro nome incontornável cuja vida e obra estiveram profundamente ligados a Mandela, por ter sido sob a liderança deste que Madiba se notabilizou na causa comum de luta contra o apartheid.

 Sisulo, nascido aos 18 de Maio de 1912 e falecido a 5 de Maio de 2003, chegou ao posto de Secretário-Geral e vice- presidente do Congresso Nacional Africano (ANC) was a South. Fundaram juntos o primeiro Escritório de Advocacia para a defesa dos negros em Joanesburgo, antes de se lançarem a uma luta mais aberta contra o regime.

Na reengenharia de uma nova África do Sul, Nelson Mandela entendeu logo que a luta do povo negro sul-africano tinha a particularidade de não se desenrolar num país colonizado como era o caso de Moçambique, por exemplo. Havia que encontrar um formato que acomodasse os brancos sul-africanos que, ao contrário dos colonos portugueses, estes se haviam desligado há muito tempo da sua antiga metrópole Holanda e formado geraçõesautóctones que acabaram conseguindo independência da bandeira inglesa em 1910. Era preciso encontrar um formato que não só garantisse a libertação dos negros, mas que assegurasse a sustentabilidade da paz na África do Sul, construindo a nação de Arco-íris, como viria depois a afirmar-se. Portanto, o guerrilheiro, o especialista em sabotagem e guerrilha urbana, o homem que primeiro estudou Direito para ser advogado dos negros, o homem que fundou o braço armado do ANC para matar e queimar machimbombos dos brancos para força-los a ganhar consciência das suas próprias atrocidades contra o povo negro, ei-lo já na plenitude do seu poderio, quando já era senhor de si e da nação, pai de uma das nações mais poderosas de África, quando muitos poderiam temer com razão uma vingança sangrenta, ei-lo virando Messias não para pregar a paz e reconciliação, mas para implementa-la pessoalmente, na condição de pessoa que sofreu na carne. Mandela, o misericordioso. Mandela, o conciliador. Mandela, para todos os sul-africanos. O mundo não ficou indiferente. Tomou o homem. Mandela de toda a África. Mandela do Mundo. Mandela o grande dos últimos 20 anos.

Contra todas as expectativas e possibilidades humanas para um homem que sofreu todo o tipo de torturas na carne, Mandela viveu 95 anos. Uma dádiva merecida para grandes e bondosos homens como ele.

O domingo junta-se ao mundo e dizHamba Kahle Madiba.

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