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A (furtiva) festa do Teatro do Oprimido

Por Belmiro Adamugy

Expor aos oprimidos a verdade sobre a situação é abrir-lhes o caminho da revolução – Leon Trotsky

Frances Bacon diz que é um estranho desejo, desejar o poder e perder a liberdade. E, no entanto, é tão simples quanto isso. Quem tem o poder, na sua dimensão totalitária, vive enclausurado porque o mundo, que ele sonha dominar, parece-lhe virulentamente hostil. Então, num mundo paradoxal, quem não tem poder, mas curiosamente incomoda aquele, é o actor, esse ser que pode viver mil e uma vidas sem deixar de ser uno…

Se calhar, terá sido por isso que, há 24 anos, na bucólica cidade de Inhambane, um grupo de jovens sonhadores juntou-se para realizar a primeira oficina do chamado Teatro do Oprimido. Eram, então, jovens de diferentes origens artísticas, mas irmanados pelo sonho de usar a arte como instrumento libertador… até porque, como disse o outro, o melhor mesmo é fazer poesia, porque aqueles de quem falava Bacon não gramam nem um pouquinho disso!

O Teatro do Oprimido, como se sabe, nasceu num contexto de pura opressão. Vivia-se, então, o tempo de ditadura civil-militar no Brasil e as liberdades políticas e artísticas eram vedadas aos cidadãos que discordassem do regime ditatorial. Foi nesse ambiente, na década 60, que Augusto Boal começou a utilizar o teatro para denunciar as opressões contra os trabalhadores e a censura imposta à imprensa e aos artistas.

Fortemente inspirado e impregnado pela pedagogia do oprimido de Paulo Freire, o Teatro do Oprimido fundamenta-se em três grandes princípios: a reapropriação dos meios de produção teatral pelos oprimidos, a quebra da quarta parede que separa o público dos actores e a insuficiência do teatro para a transformação social. Leia mais…

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