A população do Posto Administrativo de Ressano Garcia, distrito de Moamba, ateou fogo, há dias, a três residências, uma barraca e uma igreja, pertencentes a um casal de idosos acusados de feitiçaria.
Todas infra-estruturas destruídas foram construídas a partir de material precário. O casal de idosos não conseguiu recuperar nenhum bem do interior da sua casa, assim como do seu estabelecimento comercial (barraca). A igreja e as casas arrendadas também foram completamente destruídas embora os locatários tenham logrado retirar os seus bens.
A acusação da população, ao referido casal de idosos, vem na sequência de constantes suicídios que se vêm registando naquele posto administrativo desde 2014. O incidente da última terça-feira deu-se depois de um comício popular, organizado pelo secretário do bairro, Jossai Macamo, cujo objectivo era discutir as estratégias para se pôr fim à onda de suicídios bem como descobrir as causas da tendência que já ceifou a vida de 3 pessoas, incluindo uma criança de 12 anos. Outras 3 tentaram o suicídio mas foram resgatadas pelos vizinhos.
Entretanto, o porta-voz da PRM, Emídio Mabunda, disse que neste momento estão detidos dois cidadãos considerados actores morais do incêndio que destruiu todo património do casal de velhos e que a corporação estava a trabalhar para encontrar outros envolvidos no crime.
ACUSADOS NEGAM
Os dois indivíduos detidos indiciados no envolvimento no crime da passada terça-feira dizem-se inocentes. Acrescentaram que não sabiam nada sobre a existência de feiticeiros no bairro. Francisco Mandlate, 49 anos, disse que foi à reunião só para conhecer a feiticeira de que tanto se falava.
Não sei se ela é feiticeira, nem sei porque estou aqui. Eu estava em Xai-Xai e fui surpreendido no meu regresso na terça- feira, nem sequer consegui entrar em casa. Levaram-me para a esquadra onde fiquei detido. Até hoje não me explicaram o porquê de estar aqui, disse.
Semelhante posicionamento tomou Salimo Amade, 36 anos, também acusado de participação moral no incêndio.
Abibo Selemane
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