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A liberdade faz-se com o coração

Por admin

Moçambique assinala, próxima quinta-feira, 40 anos de Independência sob o lema “40 Anos de Independência: consolidando a Unidade Nacional, Paz e Progresso”. Estes são por assim dizer os três desafios desta Nação quinquagenária: consolidação da Unidade Nacional, a manutenção da paz e o desenvolvimento do país.

A independência, fruto da Luta de Libertação Nacional liderada pela Frelimo, marcou o fim de cerca de quinhentos anos de exploração colonial. Em Moçambique, o conflito começou em 1964, resultado da frustração e agitação entre os cidadãos moçambicanos, contra a forma de administração estrangeira, que defendia os interesses económicos portugueses na região. Influenciados pelos movimentos de autodeterminação africanos do pós-guerra, muitos moçambicanos tornaram-se, progressivamente, nacionalistas. Mas a caminhada não foi fácil. Foram consentidos muitos sacrifícios. Milhares deram as suas vidas a causa nacional. Atente-se ao Massacre de Mueda acontecido há precisamente 55 anos e, por isso, alvo de uma singela cerimónia encabeçada pelo Chefe de Estado Filipe Nyusi. Conta-se que pelo menos 600 moçambicanos terão perecido na ocasião. São números grandes. Assustadores e, por isso, merecedores de toda a reflexão quando o quesito é a manutenção da paz no nosso país. Não seria também redundante recordarmo-nos da Operação Nó Górdio Lançada pelo general Kaúlza de Arriaga, comandante-chefe das Forças Armadas Portuguesas em Moçambique, a mais dispendiosa campanha militar portuguesa. Durou sete meses e mobilizou 35 mil militares. Inspirando-se na expressão “cortar o nó górdio”, que significa resolver um problema complexo de forma simples e eficaz, a campanha visava destruir as bases dos guerrilheiros independentistas, numa altura que se intensificava a actividade militar da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). A operação gigantesca não logrou eliminar o movimento independentista, que expandiu as suas acções mais a sul.

Estas e outras acções, incluindo o famoso encontro, há 45 anos, que o Papa Paulo VI realizou no Vaticano com os líderes dos movimentos de libertação de Angola, Agostinho Neto, de Cabo Verde e Guiné-Bissau, Amílcar Cabral, e de Moçambique, Marcelino dos Santos, o único ainda vivo. A reunião histórica foi um passo bastante importante nos processos de independência, devem, sem dúvidas, calar alto no fundo dos nossos corações quando, a propósito de causas, muitas vezes umblicais, se coloca em causa a vida de milhões de moçambicanos como se já não tivéssemos amargado o suficiente com a guerra dos 10 anos e também com a dos 16 anos.

Na senda da festa da independência que terá o seu momento alto no Estádio da Machava, afinal lugar onde, há 40 anos, a nossa bandeira rasgou os ares para gritar bem alto a nossa moçambicanidade, o presidente da república, disse que temos que fazer destas comemorações uma grande festa popular, participando nas diversas actividades culturais, políticas, desportivas e científicas organizadas para o efeito em todo o país, exaltando a Unidade Nacional, factor fundamental de garantia da paz e igualdade de todos os moçambicanos, irmanados na observância dos princípios basilares do nosso Estado de Direito Democrático.

Entretanto, apesar desse desiderato há, infelizmente, moçambicanos que ameaçam retalhar o país para, em nome de uma pseudo – democracia, justificarem o inconfessável; que a liberdade faz-lhes mal. Que preferem ver os moçambicanos, uma vez mais, de malas nas costas, sem casas para morar, nem escolas para os filhos, nem hospitais para as mulheres grávidas, para satisfazerem uma qualquer agenda oculta que ninguém são da mente conhece. As declarações de guerra não ajudam em nada a desenvolver o país; retraem os investidores. Sufocam o pequeno agricultor. Desanimam os pequenos e mesmo os grandes empresários. Os turistas apartam-se do nosso país. A factura da desestabilização é muito alta. Vamos paga-la por gerações. Não é isso que se pretende. A festa é de todos os moçambicanos.

As celebrações devem ser feitas por todos os moçambicanos, sem discriminação racial, de filiação partidária, origem social, crença religiosa, idade e grupo étnico. Vamos todos participar com entusiasmo, solidariedade e sentido patriótico neste evento de exaltação e valorização da nossa independência como uma das nossas maiores e principais conquistas… enfim, citando Óscar Monteiro, veterano da Luta Armada, a liberdade faz-se com o coração!

 

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