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A visita dum parceiro estratégico

Por admin

O Primeiro-Ministro do Japão chegou ontem à noite ao nosso país para realizar uma visita oficial de agenda carregada, sobretudo durante o dia de hoje, pois amanhã parte para outros destinos.

 Shinzo Abe vai manter encontros de alto nível com o Chefe de Estado, Armando Guebuza e vai tomar parte da cerimónia de assinatura de instrumentos jurídicos sobre a cooperação bilateral, participar no Fórum de Investimentos Moçambique-Japão, ter uma conversa com os membros da selecção nacional sénior de basquetebol, entre outros encontros.

Esta visita servirá, na prática, para os dois chefes de governo avaliar o estágio das relações entre os dois países e identificar novos mecanismos para a sua consolidação, aprofundamento e expansão.

Com efeito, nesta sua primeira visita a Moçambique e também a primeira que realiza para o exterior no ano de 2014, o governante japonês faz-se acompanhar por 50 empresários e consta que poderá anunciar a concessão de cerca de 577 milhões de dólares, cerca de 60 biliões de yenes, para a construção de estradas. Há igualmente indicações de que poderá aproveitar a estada para negociar contratos de fornecimento de gás natural para a geração de energia naquele país.

Para nós, esta visita não é uma visita qualquer. Trata-se da visita de um grande parceiro estratégico, cujo país mantém relações de amizade e cooperação desde logo depois da nossa Independência Nacional.

 A sua visita será, portanto, um encontro de parceiros em plena igualdade. É um reforço de amizade e cooperação de dois países e dois povos que querem e podem auxiliar-se um a outro, cada qual interpretando os seus destinos e interesses à sua maneira, mas sabendo que podem contar um com outro.

Recuperamos aqui as palavras do Presidente Guebuza, pronunciadas em Tóquio, a 22 de Janeiro de 2007, há quase sete anos, na recepção oficial que lhe foi oferecida no acto comemorativo dos 30 anos de estabelecimento das relações diplomáticas entre Moçambique e o Japão. “A nossa presença neste evento, testemunha as excelentes relações de amizade e cooperação existentes entre Moçambique e Japão. Reflecte ainda o compromisso de ambos países em reforçá-las cada vez mais para benefício mútuo. Neste dia de grande satisfação gostaríamos. Muito brevemente, de destacar três aspectos da nossa relação: em primeiro lugar, a nossa satisfação pelos avanços alcançados na nossa cooperação nos diferentes domínios; pelo apoio japonês na redução dos índices de pobreza em Moçambique e para o alcance dos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio; pela presença de voluntários e pelo crescimento do interesse de ONG´s japonesas por Moçambique (…). Finalmente queremos deixar expresso o nosso profundo desejo para que o Japão continue a ser um parceiro importante de Moçambique”.

Esta semana foram ouvidas vozes contestatárias em relação aos interesses japoneses em África e concretamente em Moçambique, afirmando-se que a estratégia da política dos nipónicos no continente é de subjugação ou mesmo de colonização. Foi citado o caso do Prosavana, onde se afirmou que os japoneses, brasileiros e outros parceiros que ali investiram ou estão a investir, o fazem “numa tentativa de usurpação de terras, expulsão de camponeses e não necessariamente para aliviar a pobreza das populações rurais”. 

Parece haver aqui muita falácia. Muitas vezes se fala, sem se conhecer o projecto. Importa aqui realçar, para avaliar politicamente o impacto e contributo desta visita de Shinzo Abe, que as soberanias absolutas não existem, que foi sonho que tem de ser redimensionado na realidade da globalização. Somos uma aldeia global. A independência, para o ser, de facto, movimenta-se no quadro de uma gestão correcta das dependências. Somos dependentes uns dos outros, mas temos de ter o poder de escolher as nossas dependências, ou seja, aquelas que são necessárias para o nosso desenvolvimento sustentável sem perigo de se tornarem hegemónicas e aliarem-se connosco para nos manipularem em função dos seus interesses. E aqui os parceiros verdadeiros desempenham um papel de primeiro plano.

Para nós, o relacionamento com o Japão é completamente saudável e sem solavancos, na medida em que assenta num invulgar respeito e vantagens mútuas. O relacionamento de Moçambique e Japão é dos melhores que se pode ter e ambas as partes entendem que pode ser afinado para se tirar mais proveito social e económico da amizade que, desde o começo, tem ultrapassado a esteira dos sorrisos, abraços e apertos de mão.

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