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Moçambique longe dos indicadores do Milénio

Por admin

Moçambique está longe de alcançar Objectivos de Desenvolvimento do Milénio na redução da mortalidade materno-infantil quando falta apenas um ano para 2015. Anualmente morrem no país 4.474 mulheres, 13 mulheres por dia, devido a complicações ao longo da gravidez, no momento do parto e após o parto.

Garantir saúdematerno-infantil de qualidade constitui uma das prioridades do Ministério da Saúde (MISAU). Este propósito encontra-se reflectido no Plano Quinquenal do Governo (PQG) através de políticas e estratégias desenhadas para o sector.

Entretanto, apesar do esforço das autoridades sanitárias, a mortalidade materna continua a mostrar cenário preocupante que compromete uma das metas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) que preconiza a redução de mortalidade materna para 250 mortes por cada 100 mil nascimentos vivos até o próximo ano, 2015.

Este constitui um desafio ainda por alcançar dado que o país terá de reduzir para quase metade a ocorrência de mortalidade actual para alcançar a meta dos ODM.

De acordo com o Inquérito Demográfico de Saúde de 2003, de 1990 a 2003, o sector registou uma redução da mortalidade materna de 1000 mortes por cada 100 mil nascimentos para 408 mortes por 100 mil nascimentos vivos, o que significou uma redução drástica, mas não suficiente para as metas do milénio.

O último Inquérito Demográfico de Saúde, realizado no ano 2011, aponta que  de 2003 até 2011, o número de morte de  mulheres  permaneceu em 408. Este facto, de acordo com o MISAU revela que morrem por dia no país cerca de 13 mulheres na sua maioria com complicações como a ocorrência de hemorragia obstétrica, a sépsis e eclampsia.

OS TRÊS MOMENTOS FATAIS

De acordo com o responsável pelo Departamento de Saúde Materno- Infantil do MISAU, Quinhas Fernandes, estão por detrás da mortalidade materna estão vários factores que não se cingem apenas ao acesso às unidades sanitárias e à qualidade dos serviços oferecidos.

“A abordagem para reduzir a mortalidade materna deve ser multissectorial. Hoje sabe-se perfeitamente que uma mulher educada, com melhores níveis de escolaridade, tem mais probabilidades de sobreviver ou de ter uma gravidez normal. E, por outro lado, quanto maior for o nível socioeconómico menor vai ser a mortalidade materna”, explicou.

De acordo com o nosso entrevistado, existem três momentos que a mulher enfrenta que podem conduzi-la à morte caso não aceda atempadamente à um parto institucional.

O primeiro momento é aquele em que ela leva algum tempo a decidir sobre o seu parto, por estar inserida num ambiente sociocultural no qual a decisão sobre a sua gestação não depende apenas de si. 

O segundo momento é aquele em que, após tomada de decisão, a mulher enfrenta outros obstáculos como meio de transporte para chegar à unidade sanitária.

O último momento de espera ocorre quando a mulher chega à unidade sanitária. Neste local existe a possibilidade enfrentar uma demora no atendimento ou então receber um tratamento não adequado.

Tendo em conta que 40 por cento da população moçambicana ainda não é abrangida pela rede sanitária, existe ainda uma margem muito grande de mulheres que continua a dar à luz fora das maternidades.

Estes partos acontecem sob grandes riscos, dado que ocorrem fora de um ambiente com condições adequadas. Este cenário todo vai determinar a forma como o sector da Saúde se organiza para abordar a questão da mortalidade”, observou Quinhas Fernandes.

Casas mãe-espera:

“Paliativo” que tem trazido resultados

Para aumentar a cobertura de partos institucionais nas zonas rurais e reduzir o risco de mortidade materno-infantil, o Ministério da Saúde formalizou em 2009 a estratégia de criação das casas de mãe –espera, muitas vezes anexas às maternidades das unidades sanitárias.

As mesmas visam aumentar a cobertura de partos institucionais de modo a garantir a saúde da mãe e do recém-nascido.Com este serviço a mulher gestante se desloca aos centros de saúde com algum tempo de antecedência relativamente à data prevista para o parto, permanecendo até dar à luz.

As casas são construídas com participação das comunidades e a recomendação é que não devem diferir muito do contexto das casas nas nas zonas rurais, o que vai permitir que, mesmo distantes das suas residências, as parturientes se se sintam ainda dentro do contexto das suas comunidades.

Uma vez na casa de espera, a mulher deve começar a ter assistência diária.

Destaques

“O país terá de reduzir para quase metade a ocorrência de mortalidade actual para alcançar próximo ano a meta dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM)”

“Morrem por dia no país cerca de 13 mulheres na sua maioria com complicações como a ocorrência de hemorragia obstétrica, a sépsis e eclampsia, a forma hipertensiva da gravidez”

Luísa Jorge

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