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ESPREITANDO UM POUCO DAS NOSSAS CRENDICES CULTURAIS

Por admin

Tudo indica que estamos agora no ciclo de partida para o ALÉM-TÚMULO de sumidades, pois, depois da grande lenda do heroísmo Africano, Nelson Rolihlahla Mandela ter-nos deixado em Dezembro passado

, hoje, completam-se Sete dias que, utilizando as suas próprias palavras “apagou-se” em Lisboa, o Moçambicano-Português, Eusébio da Silva Ferreira, não apenas um dos maiores jogadores de futebol mundial, mas, um símbolo nacional de Portugal e que, segundo Pinto da Costa, Presidente do Futebol Clube do Porto: “Eusébio não tinha inimigos, não era inimigo de ninguém, mas um exemplo para toda a gente em todos os sectores de Portugal». Por sua vez, o Chefe do Estado Português, Dr. Aníbal Cavaco Silva, afirmou durante a intervenção que deu à Comunicação Social que:"Portugal perdeu hoje um dos seus filhos mais queridos: Eusébio da Silva Ferreira”.E, como choveu torrencialmente durante o funeral do “Pantera Negra”, um dos títulos dados a Eusébio, africanamente segue-se que, esse fenómeno é considerado como bom sinal, daqui restar-nos desejarmos que a sua alma descanse em Paz. Por falar em “partidas para além”, hojetrago um episódio da nossa cultura, esse ramo do saber que compreende um vasto Património construído no passado, integrando línguas, dialetos, artefactos, estilos de vida, ideias, valores, usos, costumes, etc. etc., estando neste momento no processo de transmissão, assimilação, conservação, rejeição e/ou inovação pelas novas gerações. É crença generalizada da nossa cultura Africana, por conseguinte Moçambicana, que nenhuma pessoa, morre de morte natural. Sempre existe um ou vários feiticeiros por detrás de cada morte. Como prova desta asserção, eis um caso “escolhido” aleatoriamente dentre tantos que se passam por essa Africa (Moçambique) adentro. Trata-se dos Moçambicanos,Jacinto Wiliyamu Semende eSemendyane Wiliyamu Semende, dois irmãos gémeos verdadeiros, fecundados pelo mesmo espermatozoide num mesmo óvulo que depois se dividiu em dois, dando origem a dois óvulos fertilizados separadamente mas idênticos. Portanto, eles, são verdadeiramente irmãos que partilharam a mesma placenta, mas cada um no seu saco amniótico. Com a permissão dos ginecologistas e obstetras diríamos que são dois irmãos gémeos, univitelinos ou monozigóticos, possuindo o mesmo genoma e o mesmo sexo, neste caso, sexo Masculino. Antigos alunos da Escola de Artes e Ofícios de Inhamússua, em Homoine,Jacinto Wiliyamu Semende, cursou Serralharia Mecânica, arte da qual fez dela sua profissão e ganha-pão até aos dias que correm, possuindo nos arredores da cidade da Maxixe, uma modesta oficina de construção e recuperação de mobília. Casado com Maria Malaxe e pai de dois casais, já crescidos e cada um prosperando no seu lar e no seu local de trabalho, Jacinto considera-se um homem feliz e se sente realizado. Contrariamente ao seu irmão gémeo, Semendyane Wiliyamu Semende, não concluiu o curso de Marceneiro, tendo preferido emigrar para a terra do Rand, transformando-se assim num mineiro, “Majhoni Jhoni”, levando a vida de um “vai-e-vem”, que caracteriza os trabalhadores Moçambicanos na Terra do Rand. Senhor de três mulheres e Nove filhos, (Cinco raparigas e quatro rapazes), dois dos quais criados pelo seu irmão Jacinto, sendo os únicos letrados e com uma relativa estabilidade financeira, as raparigas foram prematuramente casadas (lowoladas), dois rapazes seguiram os passos do pai, sendo igualmente Majhojhonis (mineiros). A “odisseia” de Semendyane começou nos meados do ano recém-finado, (Junho para ser mais exacto), altura em que a um dos seus filhos lhe foi diagnosticado lá mesmo na Companhia mineira, umacirrose hepática, doença resultante da ingestão excessiva de bebidas alcoólicas, acabando por corroer o fígado enfermidade que durou apenas dois meses, ao fim dos quais  cedeu à morte, numa das casas de Semendyane, já que os dois jovens mineiros, em virtude de permanecer bastante tempo nas terras do Rand, não tiveram tempo de constituir os seus próprios Lares. Seguiu-se a vez do outro rapaz, ao qual lhe foi igualmente diagnosticado um tumor maligno nos pulmões, tendo em pouco tempo igualmente perdido a vida, na casa duma das suas irmãs casadas, (filha de Semendyane). Em Dezembro último seguiram-se mais duas mortes de uma das filhas deSemendyane e um netinho, justamente na casa onde hospedara o filho falecido. Não bastando isso, chegou a vez do próprio Semendyane, ser-lhe diagnosticadoo Vírus que provocaa Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, vulgo SIDA, e, em virtude de se encontrar neste momento bastante debilitado, a Companhia onde ele trabalhava, decidiu indemnizá-lo estando agora em tratamento ambulatório, vivendo na casa da sua primeira mulher. Esta situação, fez com que Semendyane, procurasse os conselhos de um entendido em feitiços, pois segunde ele, as mortes dos seus filhos e a sua própria doença, não podem ser naturais. O adivinho, “Dr. Txi Dzivi” apontou o dedo acusador a seu irmão Jacinto, como o causador de todas as mortes, pois,Jacinto enriquece à custa do esforço dos filhos do irmão já falecidos, que os coloca por magia a trabalharem na sua Oficina. A guerra entre os gémeos, instalou-se abrangendo agora as respectivas famílias, incluindo os dois rapazes de Semendyane, criados porJacinto, que acreditam na sentença do “Dr. Txi Dzivi” que propõe a realização dum grande mhamba “missa” de modo a apelar para o espirito do Vovó Semende,mabizweni”, (chará) deSemendyane falecido há muitas décadas com vista ao apaziguamento do que sucede. Jacinto, Cristão convicto e conhecedor das causas dos óbitos como doenças naturais, recusa-se a envolver-se no que classifica de obscurantismo. E esta!?

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