1. O ilustre professor pergunta o que são moçambicanos de gema.
Para mim, e como minha opinião pessoal e intransmissível, acho que há um uso abusivo do termo moçambicano de gema.
Mas esta expressão não foi introduzida pelo PR, e todos nós, sem hipocrisias do momento, sabemos o seu significado. Aliás, a CRM explica isso. Os capítulos I e II do Título II falam da existência de nacionalidade originária e adquirida. E o acesso aos direitos é diferente para os dois, mormente nos direitos políticos (eleger e ser eleito, por exemplo).
Há dúvidas sobre quem é ou não é moçambicano de gema? Ou usa-se isso para se criar um grupinho de vítimas que no fundo é ao contrário?
2. O professor Castel-Branco diz que o PR não merece representar a Pérola do índico, e nem liderar o povo.
Isto, vindo de um intelectual, leitor assíduo e professor universitário é triste! A CRM diz qual é a duração de um mandato presidencial! Será que o ilustre Castel-Branco esqueceu-se que o PR foi eleito pelo voto popular? E que jurou cumprir o mandato? De que mérito fala caro professor se o único mérito é este que vem explícito na CRM?
3. O professor diz que que foi bonito ver o povo perfilado a defender uma causa comum que apoquenta a todos nós.
Concordo com ele. Neste ponto estou plenamente de acordo. Isso é resultado do amadurecimento de um espírito de cidadania e de nação que deve ser o maior objectivo, e não separatismos radicais, onde outros são lambe-botas e outros são os merecidos. Por acaso, ilustre professor, conseguiu distinguir a cor partidária das pessoas ali? Não? Porque ali era o país, os cidadãos. A polícia não podia fazer nada, porque é um direito constitucional indignar-se. Está plasmado na lei o direito à manifestação. Porque deveria a polícia intervir? Para que fins?
4. Diz o ilustre professor que ali gritou-se “fora, fora, fora!”.
Estive na praça da Independência, e esse “fora, fora, fora”, foi um grito localizado feito à margem da passeata por algumas pessoas. Os próprios organizadores principais disseram bem alto que aquela marcha não era política, e isto frustrou muita gente que tinha objectivos políticos. Aquela marcha era contra os raptos.
Aquela marcha não era contra ninguém em particular, mas contra uma situação social identificada, e diga se de passagem, é esta que deve ser a atitude dos cidadãos: exercício da cidadania. A política activa não deve ser encoberta por este tipo de acontecimentos. Que se faça política à luz do dia sem subterfúgios.
5. Diz o professor Castel-Branco que o PR deve sair.
Caro professor Castel-Branco, não sabe qual é a duração de um mandato? Como alguém vai sair assim de repente sem haver eleições? O que sugere? Golpe de Estado? Anarquia? Assassinato? Como vai sair o PR? Abater alvos seleccionados como diz na sua carta? Atirar ao PR num rio de sangue como carga impura?
PS: Acho os números 5 e 6 interessantes, porque apresentam, abertamente, o sentimento verdadeiro do professor em relação ao modo de governação do PR, e principalmente, o PORQUÊ dessa visão ser negativa. Há aqui uma visão grupal e excludente, e quiçá rebaixador de outros moçambicanos que estão a exercer algum cargo junto do PR em relação a outros que, segundo ele DEVERIAM estar lá a fazer esse trabalho.
Se se ler bem esses pontos há de se ver que há aqui claramente um NÓS VS ELES. NÓS quem? E quem são ELES? Porque a ELES não merece e somente a NÓS é que merece? Porque ELES estragam e NÓS é que somos capazes de fixar tudo em ordem?
Há aqui algo que não está bem explícito, e só uma leitura calma e inquisitória pode esclarecer e clarificar o busílis da questão.