Recorda-se senhor Jorge Rebelo do choque verbal em que o senhor esteve
envolvido em vários momentos, desde a independência em 1975, principalmente durante o I Seminário da Informação, e muito em particular aquando da realização da III ConferênciaNacional da então ONJ, em Abril de 1991
em Maputo, quando o senhor Rebelo foi contra a esmagadora vontade dos
jornalistas que clamavam por uma liberdade de imprensa e de expressão no
País.
Tanto quanto me lembro, o senhor opôs-se totalmente contra tudo o que
fosse dar lugar a uma liberdade de imprensa e de expressão, e dentre os
que se bateram então por essa liberdade, e que eram contra o seu dogma-
tismo, e quiçá mesmo, fascismo, era o jornalista Fernando Lima, que ago-
ra, e para minha maior surpresa, lhe deu espaço no seu Savana para dizer
que agora é que não há crítica na Frelimo, o que faz de si um verdadeiro
Pôncio Pilatos.
Quando li esta sua entrevista, fiquei com a sensação de que deve ter outro
entendimento do que é a crítica! Recordo-me da sua rigidez e recusa em
aceitar a visão dos outros jornalistas de então, pela defesa de uma maior
abertura à crítica e à liberdade de imprensa, dentre os quais, os agora falecidos, Carlos Cardoso e Leite de Vasconcelos, bem como, Machado da
Graça, Salomão Moyana, Elias Cossa, e muitos outros que ainda hoje la-
butam nas lides jornalísticas, como o conceituado Paul Fauvet, e que cer-
tamente se lembram do que aqui digo, porque viveram esses tenebrosos tempos do seu/vosso reinado, e os que ainda são vivos, se quiserem håo
de reconhecer que carregam ainda consigo esses momentos como que um
pesadelo.
Aliás, foi nesta Conferência que teve lugar nas instalações da então CE-
DIMO, hoje Ministério da Administração Estatal, que o senhor teve um
violento confronto com o falecido Carlos Cardoso, só e só porque defen-
dia maior liberdade de expressão, crítica na imprensa e maior autonomia
dos editores que então molestava com os seus princípios dogmáticos, e
foi desta Conferência que alguns profissionais da imprensa decidiram
abandonar os órgãos públicos, e Carlos Cardoso abandonou temporaria-
mente o jornalismo, para retomar mais tarde quando fundou o Médiafax.
Agora porque tantas críticas e tantos ataques a essa Frelimo que ajudou
a fundar, e ao actual timoneiro da mesma? Está provado por A+B que nesta Frelimo que o senhor critica, existe mais
liberdade não só de imprensa e de expressão, mas também de crítica mais
do que na "Frelimo" pela qual derrama lágrimas de saudades.
Sabe senhor Jorge Rebelo, eu e muitos outros, aprendemos de si, e acredi-
te, não nos arrependemos disso, que a Frelimo era como o lar de alguém,
onde o advento de problemas, busca soluções para os mesmos, no seu seio
sob o risco de se entrar na deserção, um acto que só se pratica
uma vez, pois, os outros a seguir, são apenas consequência do primeiro.
Já parou para imaginar as possíveis consequências negativas que pode causar no Partido que queremos acreditar, um dia entregou parte da sua juventude para
a sua criação? Esse Partido que um dia (foi) seu lar e queremos acreditar que ainda continua, quando em público e em jornais, aparece a lançar as suas críticas?
Que mensagem julga estar a passar para os mais novos que sempre viram
em si e aos outros, como exemplos a seguir?
Acha mesmo que há razões neste mundo que possam justificar a sua/vossa
atitude? Ou foi decretada algures a entrada em vigor de alguma política de terra queimada, própria de alguém desesperadamente confrontado por uma evidências cruel de ter perdido tudo e não tendo mais nada a perder?
O pior de tudo, é que o senhor Jorge Rebelo insulta os outros!
Porque remexer em cicatrizes, muitas delas mal saradas?
O Sérgio corre logo para ir buscar racismo em tudo isto!
Na verdade, racismo é algo exacrável, próprio de uma mentalidade cristalizada e amorfa. Este Moçambique só é Moçambique quando se agiganta e se assume no contexto desse seu mosaico lindo, onde pretos, mulatos,
brancos, indianos, irmanados numa só força, devem encarar a pobreza que teima
em dilacerar o nosso Povo, como seu único inimigo.
Abandone esse espírito excessivamente protagonista, Sérgio! Já imaginou quan-
tos processos criminais poderão correr se todos, e são muitos, decidirem ressuscitar "fantasmas"?
Li com alguma atenção alguns artigos que correram e correm na nossa imprensa,
confesso que fiquei com a sensação de que o seu ou os seus autores, não têm na-
da de loucos ou de irresponsáveis para escreverem coisas só pelo prazer de escre-
ver, isto é o que eu penso e daí vai um abraço de um compatriota.