O dilema de quem está vivo é como manter-se nessa condição o máximo de tempo possível. Nas recentes cheias, milhares de pessoas viram-se, subitamente, numa condição infra-humana, com
tão pouco para viver. Se a solidariedade fez-se sentir, não é menos verdade que as condições reais no terreno continuam adversas. Sofre-se e muito. Como dizia um velho compincha, “essa coisa de uma pessoa estar viva, ainda acaba mal”. Nada mais verdadeiro. Aliás, Oscar Wilde dizia e com propriedade que “sempre há algo de extremamente sórdido nas tragédias alheias.” As fotos de Inácio Pereira são um testemunho violento dessa tragédia que parecendo-nos alheia – porque a distância as vezes ofusca a percepção real das coisas – é nos tão próxima como o ar é importante para os pulmões!