Se numa primeira fase a entrada de roupa em segunda mão não tinha fins comerciais, mas humanitários, nomeadamente para a distribuição às vítimas das calamidades, hoje a coisa mudou de figura. Está-se perante um verdadeiro negócio no qual empresas nacionais e dos países de origem ganham dinheiro.
Internamente, é fonte de sobrevivência para muitas famílias e alternativa de compra de vestuário para tantas outras, tendo em conta não só a diversidade das peças colocadas à venda, como também o seu preço.
Diferentemente do passado em que a roupa usada era comprada apenas por famílias de baixa renda, hoje, diversos extractos sociais convergem no “kawandjica”. Há, inclusive, vendedores que estão em contacto com clientes a quem avisam logo que abrem novo fardo.
O cenário que se assiste em locais como as avenidas Filipe Samuel Magaia e Guerra Popular na baixa da cidade de Maputo, nos mercados Compone, Xipamanine e Fajardo prova a grande procura pela roupa usada.
Isac Abudo, vendedor destas roupas há 12 anos, afirma que por estas alturas do ano os vestidos de casamento e de gala registam grande procura porque no mercado formal o preço é, muitas vezes, o triplo do praticado no informal.
Diz ter adquirido o fardo de blusas, por exemplo, a cinco mil meticais, esperando que o lucro seja de pelo menos 500. Contudo, argumenta que nem sempre consegue os dividendos esperados, porque baixa o preço sempre que os clientes o exigem.
Boaventura Feliciano é vendedor há quatro anos. Explica que sempre vendeu peças femininas, porque as mulheres fazem mais compras.
“As mulheres são mais vaidosas e têm menos preconceitos em relação à roupa usada, enquanto os homens gostam mais de marcas de referência”, frisou.