Nacional

Renamo alastra ataques para Zambézia

Homens armados da Renamo emboscaram uma unidade das Forças de Defesa e Segurança, última quinta-feira, em Marothane, no distrito de Mocuba, província da Zambézia, tendo resultado na morte de um agente da Força de Intervenção Rápida (FIR), tendo outro ficado ferido.

Segundo informações tornadas públicas, tudo aconteceu quando os agentes interrogavam um líder comunitário para que lhes facultasse informações sobre o paradeiro dos homens armados vistos nas matas de Marothane. Enquanto decorriam as averiguações, foram surpreendidos por disparos vindo das matas os quais resultaram na morte e ferimento de agentes da FIR.

O ferido foi imediatamente transportado, em estado grave, para o Hospital Rural de Mocuba, onde recebeu tratamento médico.

Os confrontos militares, entre as forças governamentais e guerrilheiros da Renamo, conheceram um recrudescimento nos últimos dias, depois de um ligeiro abrandamento fruto dos consensos alcançados na mesa de diálogo entre as duas partes no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano e posteriormente para dar lugar ao recenseamento do líder da Renamo, Afonso Dhlakama na Casa Banana, distrito de Gorongosa.

Trata-se do primeiro confronto militar entre os guerrilheiros da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança na província da Zambézia, concretamente no distrito de Mocuba.

Os ataques da Renamo iniciaram há mais de um ano e têm como foco principal o troço Save –Muxungué. Porém, já houve ataques também noutros pontos do país, como Rapale, em Nampula, e Homoine, em Inhambane.

A propósito do ataque da Renamo em Mocuba, domingo ouviu a opinião do analista político, Calton Cadeado e do presidente do Partido Social de Moçambique (PASOMO), Francisco Campira, auscultando-os sobre as motivações que levam a Renamo a prosseguir com estas incursões militares, quando estão a ser alcançados consensos na mesa de negociações. Inclusive algumas figuras de proa da Renamo como, Ivone Soares, vieram já  público dizer que não havia necessidade da existência de mais tiros no país.

LIDERANÇA FRAGILIZADA

Para Calton Cadeado, os ataques militares, com tendência a alastramento, denunciam uma certa fragilidade por parte da liderança da Renamo. O analista político é de opinião de que Dhlakama perdeu certo controlo dos seus homens, tanto dos guerrilheiros que estão nas matas, assim como daqueles militares que vieram para cidade para se fazerem políticos.

Esse facto, segundo a fonte, é notório, porque Dhlakama sempre foi um líder que se firmou como o centro do poder da Renamo. “Claramente que hoje há pessoas na Renamo que estão a fazer-se à custa da imagem do seu líder e ele (Afonso Dhlakama) a perder o protagonismo que sempre lhe caracterizou”, defende Cadeado.

O analista político vê a Renamo submetida a duas situações. A primeira, relacionada com o grupo de militares que esperaram 20 anos para verem as suas promessas satisfeitas, mas que nada foi cumprido. Isso contrasta com a situação dos guerrilheiros feitos políticos e que tiveram a satisfação monetária resolvida por via da Assembleia da República.

Cadeado prossegue explicando que, na segunda situação, mesmo os guerrilheiros que vieram para a cidade se fazerem políticos no Parlamento e perderam os seus assentos, hoje constituem um peso para a Renamo. “Soldados que estiveram com Dhlakama antes de 1992 e depois foram abandonados quando se assinou o Acordo Geral de Paz querem ver a sua situação económica regularizada”, aclara a fonte.  

Apesar dessa aparente fragilidade do líder da Renamo, Cadeado acredita que os seus correligionários reconhecem em Dhlakama capacidade e credibilidade para liderar qualquer manifestação política de peso naquele partido. “Mesmo que eles busquem outra figura não terá peso igual ao líder”, opina o analista.

ULTRAPASSAR AS DIVERGÊNCIAS MILITARES

O Presidente do PASOMO, Francisco Campira, referiu que enquanto o protocolo 4 e 5 do Acordo Geral de Paz (AGP) não for ultrapassado o país continuará a viver uma situação de dois exércitos a guerrearem-se.

“Embora tenham alcançado acordos na Lei Eleitoral, as negociações esbarraram na questão militar, porque existem pendentes que não ficaram bem esclarecidos no ponto 4 e 5 do protocolo do AGP referente à defesa e à polícia, disse Campira.

A fonte diz que é preciso ultrapassar as divergências militares como ponto fundamental para que o país viva em clima de paz e estabilidade.

O líder do PASOMO enaltece o acordo para a criação da nova Lei Eleitoral como um ganho para o país na busca da paz, mas chama atenção para a necessidade de termos uma Comissão Nacional de Eleições (CNE) independente sem partidos políticos.

Enquanto os órgãos eleitorais estiverem partidarizados e a Renamo armada ao abrigo do AGP, o país precisará de um empenho profundo para ultrapassar esta situação. Estamos próximos das eleições, mas, continuamos a ouvir o som de armas em diferentes pontos do país. Isso é mau para a democracia”, lamentou Campira.   

Segundo ele, esta situação indicia que aquele que perder as eleições pode criar instabilidade no país, porque possui armas.   

FRELIMO CONDENA ATAQUES  

O partido Frelimo condena e repudia mais um ataque protagonizado pelos homens armados da Renamo contra as Forças Armadas de Defesa e Segurança, na região de Marothane, posto administrativo de Mugeba na Zambézia.

Segundo um comunicado enviado à nossa Redacção, a postura assumida pela Renamo vem demonstrar que ela é inimiga da paz e continua a ser um instrumento de desestabilização do país.

Por fim, a Frelimo apela ao bom senso da Renamo no sentido de colaborar com o Governo, em sede de diálogo, nos esforços que visam a cessação imediata das hostilidades às FDS e às populações em geral.  

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos Relacionados

Botão Voltar ao Topo