Atraso sem justificação
Sexta-feira. A minha reunião começa às 11.00 horas. A experiência já me educou. São 34 quilómetros pela “Circular” e 27, passando por dentro, via Benfica. Afinal, o local de partida é Ndziveni, meio-Marracuene, meio-Matola, mas para trabalhar na baixa da capital de Moçambique.
Pela “circular”, à hora depois das 9, gasto um máximo de 50 minutos e pela Avenida de Moçambique, perto ou dentro de uma hora. Em dias normais de serviço.
Contando com o tempo que gasto à procura de estacionamento, chegado à baixa, melhor é acrescentar um mínimo de 10 minutos, conforme seja nas imediações do Maputo Shopping ou na Feira Popular, se bem que frente à Direcção Nacional de Águas, os meninos que guarnecem e lavam as viaturas há muito que chegaram a acordo com os guardas daquela instituição, com quem dividem os valores cobrados.
Para tanto, 9H50 pode ser a melhor hora de partida, contando que não há nenhum troço em que é autorizado que se conduza para além dos 60 quilómetros/hora.
Porque a “circular” é a preferência de hoje, logo a seguir à ACIPOL, curvo à esquerda, depois de ter baixado até os 40Km/h. A Polícia está à espera, na linha divisória entre as duas faixas da “circular”. Desta vez falhou! Pelo menos eu estava atento!
Antes da rotunda de Matendene, três agentes (outros) decidem dar o sinal de que devo parar. Na verdade, nada indica que tivesse havido alguma transgressão. Livrete e Carta de Condução. Seguro. Estão aqui!
Uma volta ao carro, enquanto descobrem que estou de facto preparado, desde o uso de cinto de segurança e a confirmação de que os documentos pertencem à viatura.
Antes da rotunda de Mogoanine, sempre há polícias que habitualmente procuram camiões que carregam areia para construção. Hoje, também o turismo recebe ordens de parar. Logo a seguir, dá-se-me o sinal de avançar, mas lá se foram 20 minutos… aqueles reservados para o estacionamento.
Menos de três quilómetros, está a rotunda do bairro Albazine. Aqui também há polícias sobre a passadeira. Do grupo sai uma agente, bem avantajada corporalmente, que dá ordens de parar. Livrete, carta de condução, seguro. Estão aqui!
Taxa de Radiodifusão, taxa do município, manifesto e tudo o que fica colocado no pára-brisas, está a ser inspeccionado a uma velocidade que não tem nada a ver com o tempo que eu previa. No fim, pode seguir, papá! Há-de ser pela idade, pensei!
Foram “comidos” ao todo 35 minutos. Apossa-se em mim a ideia de que há um risco de chegar à tangente à reunião. Contorno a rotunda e deixo o carro a rolar, metido em tais pensamentos, pretendendo fazer a ponte debaixo da qual passa a linha-férrea do corredor do Limpopo.
Não estou a saber que subo aos 73Km/h, muito menos de que, logo a descer está mais um grupo de polícias com os seus instrumentos, naquela recta ao encontro da rotunda de Marracuene. Tenho de parar, para ser-me apontado que excedi a velocidade, em 13 Km/h, e que isso equivalia a uma multa de 1000,00 meticais.
Deu vontade de dizer: passe-me rapidamente a multa, que estou muito atrasado por causa de vocês. Mas calmamente me tiram os dados, como que a sugerirem-me uma outra postura que terminasse num pedido de favores. Não. Levam-se mais 20 minutos a preencher o aviso 375/2017.
O senhor reside no bairro de Cariacó, na cidade de Pemba? A resposta é não, porque a validade do bilhete de identidade ainda não aconselha a mudança de domicílio. Vivia!
A viagem prossegue. Tudo acontece normalmente, incluindo a procura do local de estacionamento. Chego à reunião, peço desculpas aos presentes (mas ainda há outros colegas a caminho) e, voluntariamente, o atrasado, não atrasado de todo, diz: atrasei, mas não tenho justificação.
Pedro Nacuo