Desporto

Nacala é muito difícil mas cumprimos a missão

– “Zulu”, técnico do Ferroviário de Nacala

Depois dum início nebuloso, o treinador do Ferroviário de Nacala, Rogério Balate “Zulu”, cumpriu a espinhosa missão de manter aquele clube no “Moçambola”, quando faltam quatro jornadas por disputar.

“Zulu” assumiu o comando
do Ferroviário de Nacala
cinco jogos depois do início
do presente campeonato.
Antes desempenhava
as funções de técnico-adjunto
de Nacir Armando, ambos vindos
da Zambézia, onde trabalharam
em clubes diferentes, na
época finda, 2015.
“Zulu” pretendia deixar o
Ferroviário de Nacala com Nacir
Armando, mas conta que foi o
próprio Nacir a insistir que ele
permanecesse porque vislumbrava
um futuro positivo. Na altura,
os “locomotivas” de Nacala
ocupavam o último lugar com
dois pontos.
O treinador Nacir, na base da
sua experiência, dizia que o Ferroviário
tinha um conjunto que
podia responder aos anseios da
direcção e dos adeptos.
Entretanto, para “Zulu” trabalhar
em Nacala é um desafio
gigante para qualquer treinador
de futebol, porque há pressão de
todos os lados e os adeptos são
impacientes e pouco dados ao
“fair-play”.

“Zulu” sente-se feliz, visto
que conseguiu responder ao pedido que lhe foi dirigido pela
direcção, que foi garantir a manutenção
na prova, para além de
chegar o mais longe possível na
Taça da Liga BNI.
Falando sobre o que terá
mudado no conjunto com a saída
de Nacir Armando, disse que
apenas foi preciso transmitir
confiança e motivação aos jogadores.
Tudo porque o técnico
Nacir já tinha feito o trabalho
táctico e técnico, mas por causa
da falta de resultados positivos
os ânimos dos jogadores estavam
em baixo.
O nosso entrevistado lembrou
que os primeiros dias no
comando principal foram muito
difíceis, porque, inicialmente,
a direcção tinha-lhe confiado o
treinamento da equipa por três
jornadas, enquanto procurava
um novo técnico. Por outro lado,
foram três jornadas contra equipas
fortes. O Estrela Vermelha
que atravessava um bom momento
e o Maxaquene aspirava
conquistar o título.
“Aceitei o desafio porque o
mister Nacir me deu força e
eu conhecia os jogadores que
tinha”, disse.

CONTINUAR EM
NACALA?
PRECISO DE REFLECTIR
MUITO
O “Moçambola” 2016 segue
celeremente para o fim. Perguntámos
ao treinador do Ferroviário
de Nacala sobre os planos
para a sua continuação naquela
cidade próxima época, 2017.
Respondeu que precisa de reflectir
muito, pois o ambiente de
trabalho exige muita paciência e
a pressão é demasiada.
Adiantou que neste momento
está focado no campeonato,
em relação ao seu futuro vai
precisar de ter uma conversa
com a sua família porque estando
distante ela também sofre.
“Desde que assumi o comando
técnico o Ferroviário
teve duas derrotas mas a
pressão não deixa de estar
lá. Há vezes em que a pressão
afecta os meus colaboradores,
jogadores. Mas reconheço
que foi uma boa aprendizagem,
agora estou bem forte
profissionalmente. Em Nacala
a concentração tem de ser
máxima”, disse “Zulu”.
Num outro desenvolvimento,
“Zulu” disse que olha com muita
tristeza a onda de despedimento
de treinadores no país. Defende
que as direcções não dão tempo
suficiente para os técnicos
formarem o seu conjunto. Para
aquele treinador chegou o momento
de a classe se organizar
e definir estratégias para se defender.
“É verdade que somos nós
que propomos a contratação
de alguns jogadores mas não
faz sentido que um treinador
seja despedido depois de três
ou quatro jornadas da prova.
Tem de haver equilíbrio entre
as condições de trabalho e as
exigências. Às vezes o treinador
pede material de trabalho,
mas não lhe é fornecido.
Temos equipas que não têm
campo, nem para treinos”,
referiu.
MARCADORES
O treinador refere que se
avaliarmos a quantidade de
oportunidades que os jogadores
têm em cada partida, entende-
-se que o país está carente de
finalizadores.
Para fazer face a esta situação,
é necessário os próprios
jogadores mudarem de mentalidade,
pois quando são elogiados
acomodam-se, e não procuram
progredir para atingir outros
níveis.
“Os nossos jogadores não
conseguem lançar um desafio
para eles mesmos. Parece-me
que não estão a surgir novos
marcadores. Por exemplo, no
Ferroviário de Nacala temos
muitos jovens, mas os jogadores
mais velhos é que estão
a marcar, refiro-me a Chana e
Marufo, isso porque há falta
de ambição no seio dos jogadores”,
disse.
Outro motivo que contribui
para esta situação é a falta de
formação ou técnicos qualificados
para as camadas de iniciação.
“O que acontece em certos
clubes é que se atribui a
antigos jogadores a área de
formação. Alguns não têm
habilidades para a profissão.
Temos outras regiões onde
existem juvenis, juniores,
mas não há campeonato, então,
como é que se vai descobrir
talentos?”, questionou.
Citou o caso de Nacala, que
tem duas equipas no “Moçambola”,
e mais tantas outras no
futebol recreativo. Os miúdos
daquelas duas formações disputam
o campeonato recreativo.
“Em Nacala podiam ser
formados mais jogadores.
Hoje o Ferroviário conta com
cinco jogadores que saíram
da sua escola de formação,
nomeadamente Marufo Chelito,
Ridja, Zinho e Zaina,
dos quais três são novos no
Moçambola e o Marufo é o
melhor marcador do Ferroviário”,
considerou.

Abibo Selemane
abibo.selemane@snoticias.co.mz

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