Sociedade

UP coloca mais técnicos no mercado de emprego

A Universidade Pedagógica (UP) graduou este ano em todo o país um total de três mil e 913 estudantes entre técnicos superiores de educação e de outras áreas de saber, assim como mestres.

Trata-se de estudantes formados nas diferentes delegações daquela instituição do ensino superior, nomeadamente das províncias de Gaza, Nampula, Zambézia, Sofala, Inhambane e cidade de Maputo.

Na última sexta-feira, foram graduados em Maputo mil e 88 estudantes dos quais mil e 58 são licenciados e 30 mestres. A cerimónia realizada na capital do país marca o fim deste ciclo de graduações de estudantes que vinham sendo formados com base no currículo antigo.

A partir do próximo ano, iniciar-se-á naquela universidade a graduação dos estudantes que estão a ser formados com base no novo currículo de ensino que foi introduzido em 2010 na Universidade Pedagógica.

Segundo dados em nosso poder dos três mil e 913 graduados deste ano, três mil e 853 são licenciados e 63 mestres. Separadamente, a delegação de Nampula graduou 860 estudantes dos quais 845 são licenciados e 15 mestres; Quelimane formou 418 cursantes destes 415 são licenciados e três mestres; Beira graduou 810 dos quais 803 licenciados e sete mestres; Massinga graduou 127 cursantes sendo 126 licenciados e um mestre; Maxixe tem 361 graduados destes 358 licenciados e três mestres; Gaza graduou 252 sendo 248 licenciados e quatro mestres e a Sede graduou mil e 88 estudantes dos quais mil e 58 são licenciados e 30 mestres.

O Reitor da UP, Rogerio Uthui, considera que o número de graduados vem confirmar o compromisso social que aquela instituição tem no âmbito da formação dos cidadãos moçambicanos na sua diversidade e de acordo com género. De referir que do total dos graduados em Maputo, 528 licenciados e 10 mestres são do sexo feminino, corresponde a mais de 50 por cento do universo.

Num outro desenvolvimento, Rogério Uthui lembrou que a reforma curricular efectuada em 2010 naquela instituição vem no âmbito das novas estratégias que consistem em procurar melhorar mais a qualidade dos seus serviços e procurar estar mais perto da comunidade.

Para tal, foi necessário modernizar os serviços da universidade, privilegiando em grande medida as novas tecnologias de comunicação e informação, assim como a construção de novas instalações nas diferentes delegações.

De referir que na cerimónia foram ainda distinguidos os melhores estudantes dos diferentes cursos, incluindo o estudante mais velho e o mais novo.

Festejar a reflectir sobre os próximos desafios

Terminar o curso é o desejo de cada formando e quando se efectiva segue o momento de festa e animação e assim como de reflexão sobre os passos a seguir nos próximos anos. Este é o cenário que, geralmente, se vive no antes e depois das cerimónias de graduação.

Com efeito, no fim da cerimónia de graduação realizada no Estádio Nacional de Zimpeto, em Maputo, houve espaço para sessões de fotografias, abraços, felicitações de familiares, amigos, entre outros, para colorir o fim dos estudos dos formandos.

A nossa equipa de Reportagem que acompanhou de perto este ambiente, procurou ouvir dos recém-graduados sobre os seus planos e desafios futuros.

Durante a conversa, todos foram unânimes em afirmar que os desafios são enormes visto que para aqueles que ainda não têm ocupação, precisam de, a partir de já, lutar para conseguir empregar-se ou criarem o seu próprio emprego.

Para os outros, aqueles que já estão no activo, devem melhorar cada vez mais os seus trabalhos e procurar ainda aumentar o nível já conseguido.

Ainda em conversa com os formandos, eles mostraram-se disponíveis a trabalhar em qualquer parte do país, onde poderem ser colocados.

Rosa José Jonas distinguida como sendo a melhor estudante do curso de licenciatura em Ensino de Biologia, emocionada com o reconhecimento, o qual considera que é reflexo da sua entrega, referiu que o seu desejo neste momento é continuar a lutar para chegar mais longe e crescer academicamente.

Acrescentou que o facto de ser reconhecida como a melhor estudante do curso não significa que é a solução de todos os seus problemas, pelo contrário, “agora é altura de enfrentar os desafios que a sociedade” coloca.

“O mercado de emprego está muito renhido, mas o mais importante é ter confiança em nós mesmos para fazer face a todos os obstáculos que poderão vir pela frente. Posso afirmar que estou preparada para isso, do mesmo jeito que lutei durante os anos que durou o curso”.

Por sua vez, Alípio Alfredo Langa, licenciado em Ensino de Francês, o qual foi distinguido como o estudante mais velho do conjunto dos graduados, 62 anos, comovido com o sucedido, disse que o reconhecimento foi uma surpresa, uma vez que não contava com isso, porque, na véspera, durante o ensaio da cerimónia, teria visto muitos colegas seus que pareciam ser mais velhos do que ele.

Em seguida afirmou ter uma enorme vontade de continuar a estudar, porque esta foi uma das lições que os seus pais lhe deram, pois, mesmo sem terem estudado e, mesmo com as dificuldades que a maioria dos moçambicanos enfrentavam no tempo colonial, eles conseguiram mandá-lo à escola.

“Quis dar exemplo aos meus filhos e alguns negligentes. Lembro-me que uma vez eu estava em Maputo, em 1965. Por falta de dinheiro, quis deixar de estudar para trabalhar. Na altura já tinha feito o liceu. O meu pai, que na altura estava em Inhambane, depois de ter conhecimento desta minha decisão, saiu de lá e veio me buscar para Inhambane. Chegados lá, meteu-me logo na Escola Comercial e disse o seguinte: não quero que interrompas mais os estudos. Então isto me fez acreditar que mesmo com dificuldades podia terminar o curso”,disse.

De recordar que Alípio Langa é professor de Português no Instituto de Línguas em Maputo.

Outra graduada, Amélia Paulo Machiza, licenciada em Economia e Educação considerou que aquele era o momento de festa ao mesmo tempo de reflexão, porque a próxima batalha, neste caso a procura de colocação, pode ser mais difícil de enfrentar.

“Teremos a partir de agora que lutar para conseguir colocação, de modo a podermos implementar aquilo que aprendemos dos docentes do curso. Será uma batalha por conquistar”,referiu Amélia Machiza, que adiantou que enquanto vai lutando para conseguir uma colocação estará igualmente a procurar formas para fazer o mestrado.

Outro entrevistado é Dilson Mutote, licenciado em Filosofia de Desenvolvimento Institucional, que considera esta fase como uma batalha já conquistada, mas que ainda não atingiu a meta, pois pela frente tem mais outras por enfrentar, neste caso a continuidade de formação.

Falando sobre o mercado de empregado disse que a ideia dos jovens deve ser de procurar sempre conquistar os desafios e procurar sempre saber fazer, visto que o empregador não está preocupado em ter apenas indivíduos com o diploma, mas sim aquele que para além do diploma sabe fazer com perfeição. “Temos que procura saber-fazer, porque desta forma estaremos a contribuir no desenvolvimento do nosso país”, disse Dilson Mutote.

Abibo Selemane

habsulei@gmail.com

 

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