Opinião

OS MANIPULADORES DE CONSCIÊNCIA E A GREVE DOS MEDICOS

“Ora, o fim de todas as coisas está próximo (…) acima de tudo, tende amor intenso uns para com os outros” 1Pe 4:7-11

Desde finais de Janeiro deste ano, altura em que o jovem e intrépido Médico Dr. Jorge Arroz, (cujo pai o original Dr. ARROZ, – um grande médico diga-se de passagem – vertical em todos sentidos, nunca se meteu em politiquices e, quis o destino que eu alguma vez tivesse a honra de com ele ombrearmos no principio da implantação da República Popular de Moçambique, lá para as bandas de Zóbuè, já o disse aqui um dia), dizia eu desde que o jovem resoluto apareceu a liderar o movimento “político” – sublinhe-se, – conhecido pelo nome de “Greve dos Médicos”, comecei a olhar a profissão de médico com outros olhos. E, sobretudo mudei completamente de opinião acerca dos médicos jovens deste Pais, e, passei a temê-los. Pior ainda quando apareceu um Politico a “esclarecer” que os Médicos afinal não são simples pessoas mas sim, “anjos de Deus ao serviço dos homens (!?)”. Disse cá comigo “mas se são anjos, será que lá no Céu também fazem greve!?Só que, longe de o esclarecimento do dito cujo, me convencer, “desconvenceu-me”, levando-me a concluir que, se estes “anjos”, ignoram todos os apelos que vem de todos quadrantes da nossa sociedade, (de clérigos, de lideres políticos, do primeiro ministro – que por sinal também é médico, mas pessoa de carne e osso – do antigo Chefe do Estado, do actual Chefe do Estado e enfim…), no sentido de eles retomarem as suas actividades, reconhecida que foi por todos nós a legitimidade das suas reivindicações, e eles impiedosamente, tornaram-se algozes dos seus próprios doentes, ignorando arrogantemente todas essas súplicas e fazendo ouvidos de mercador, então conclui que, o movimento, que inicialmente vestia pele de cordeiro, agora é “revolucionário”, afrontando até o poder instituído.Por em causa a competência dos seus colegas e superiores, com os quais recusam a dialogar, é no mínimo ridículo. Alias, não é que não estejam a ver ou a reconhecer o que se passa nos hospitais onde alguns dos doentes renegados por si são seus familiares, simplesmente, os “Anjos na Terra” desmontaram as asas e se tornaram Políticos. E, como tais,segundo a definição geral do que seja um Politico ou Politica, emborahistoricamente seja umaprofissão honrada, muitas pessoas hoje, mesmo em paísesonde atal da democracia tem raízes profundas, as pessoas têm uma opinião negativa a respeito dos Políticos como “Classe”. Eles são vistos, muitas vezes, como pessoas inescrupulosas, e manipuladoras de consciências doutras pessoas.Apadrinhados por pessoas e instituições calejadas na doutrina maquiavélica atribuída ao “Príncipe” Nicolau Maquiavel, na base da qual, “os fins justificam os meios”, ou seja os poderes devem estar acima da éticae moraldominante para alcançarosseus objectivos, ei-los entregues a rebeldia selvagem.Os infelizes homens de bisturi, treinados para salvar vidas, ter comocompreensão geral, a ética médicaquerequer ademonstração deconsideração, compaixão e benevolência frente aosseus pacientes, agora oscilam na balança dos seus “Padrinhos”. Endureceram a sua cerviz. Ignoram o estampido da voz da consciência. Tornaram-se voluntariamente cegos perante a dor e agonia de quem juraram servir. Esta coisa de recusar a ver nem ouvir os apelos de quem quer que seja, fez me lembrar uma “estória” que se passou na França do século XVII, entre um médico e alguém que se recusou a ver. Conta-se que em1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul D’Argenrt fez o primeiro transplante de córneaaum aldeão de nome Angel. Foi um sucesso da medicina daquelaépoca, menos para Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele imaginavaera muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse os seus olhos. O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para a história como o cego que não quis ver.Daí concluir que se trata de um caso patológico este comportamento dos pupilos do senhor Hipócrates.Por isso, não fosse o facto de eu já ter entrado na gentilmente denominada terceira idade,época da vida em que a estrutura corporal se vai alterando de forma mais visível e rápida, cujo corpo possui menos capacidade para se adaptar às mudanças e está mais sujeito a lesionar-se, não fosse isso, eu juraria que nenhum daqueles malandros “grevistas” que percorrem ruas e avenidas de Maputo, exibindo pratos de comida, poderia esperar tocar no meu corpo! Será que só agora é que descobriram que são mal pagos!? Ou só agora é que encontraram padrinhos!? As vidas das pessoas que morrem nos hospitais por falta dos médicos “turistas”, que passeiam a sua classe nas ruas, praças, jardins e praias de Maputo, vale menos?Qualé o valor que eles próprios nãopagariampara resgatar a vida de uma pessoa muito querida que fossesequestrada? Creio que qualquer um de nós daria todos os seus bens, todos os seus recursos, para resgatar a pessoa amada porque, a vida não pode ser medida por valor monetário. Não há valor que possa comprar a vida de uma pessoa. Sempre ela terá um valor superior àquele que podemos pagar por ela.Como se não bastasse a “Greve dos Médicos”, temos a voz daqueles manipuladores de consciência, aos quais o jovem sociólogo Hélder Jawana chama de Paladinos da Verdade, que se consideram donas da verdade e por isso, não poupam argumentos, palavras e o que mais for preciso para provarem que o seuponto de vista é sempre o único que está certo e por isso encorajam os pobres jovens a expor-se daquela maneira.Como no antigamente, os Paladinosacham-seheróis vivos,honrados, intrépidos, de carácter inquestionável, seguemsempre o caminho da verdade, bondade, lei e ordem, sempre dispostosa proteger os fracos e lutar por causas justas!? Mas será que estes Paladinos não se deram conta que os seus argumentos fazem mais mal do que bem? Pobres mortais!

 

 

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