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INUNDAÇÕES: Limpopo arrasa campos agrícolas em Guijá

A administração precisa de pelo menos de 12 toneladas de semente de milho

 

Mais de 900 hectares de campos agrícolas foram devastados, há dias, pela corrente de água do rio limpopo, nos postos administrativos de Chivongoene e Mubangoene, distrito de Guija, província de Gaza. O administrador daquele do distrito, Arlindo Maluleque, disse que são necessárias 12 toneladas de semente diversa para recuperar a produção da área perdida.

Uma onda provocada por corrente de água que foi descarregada nos países vizinhos, nomeadamente, África do Sul e Zimbabwe, nos dias 31 de Janeiro e 1 de Fevereiro do presente ano, inundou semana passada, no distrito de Guija, em Gaza, centenas de hectares de diversas culturas agrícolas, das quais, milho, feijões, batata-doce e abóbora.

Dados preliminares dão conta da perda de 404 hectares no Posto Administrativo de Mubangoene e mais de 140 do Posto Administrativo de Chivongoene. Tais áreas pertenciam a mais de 600 famílias, das quais 272 de Mubangoene e 92 de Chivongoene.

O processo de levantamento das áreas afectadas vai prosseguir nos próximos dias, de forma a abranger os locais que ainda não foram contemplados devido a dificuldades no acesso.

Neste momento conta-se que são três áreas agrícolas que até a última sexta-feira não tinham sido contempladas no levantamento em curso, nomeadamente Sifo, Ngonhamene e Nhambugoane, todos do Posto Administrativo de Chivongoene.

No distrito de Guija as manilhas não conseguiram suportar a corrente de água, e em consequência abriram-se crateras nas proximidades das pontecas.

Os locais que haviam sido reservados para a sementeira de feijão e batata-doce ficaram lisos, cheios de matope, sem nenhuma planta. Até ontem (sábado), muitas machambas continuavam submersas, mesmo depois do nível do rio ter baixado. A estrada que dá acesso ao distrito de Chicualacuala continuava cortada. 

Produtores referem que as inundações deixaram prejuízos incalculáveis uma vez que a colheita estava projectada para o próximo mês de Março.

NÃO HÁ PEERDAS HUMANAS

Em conversa com os chefes dos postos administrativos afectados ficamos a saber que não houve registo de perda de vidas humanas, nem a destruição de residências das comunidades.

No entanto, as comunidades dos dois postos administrativos, juntamente com o governo local, assim como o sector privado, estão a levar a cabo trabalho para a reposição da circulação rodoviária das estradas Guija-Chicualacuala e Guija-Chibuto.

Em curso também está o trabalho de remoção da lama nas manilhas das pontecas, assim como colocação de terra ensacada nos locais onde água abriu crateras.

Até a passada sexta-feira a circulação rodoviária para Chibuto estava restabelecida.  

CAMPONESES INCONFORMADOS

Os camponeses estão desesperados. Muitos alimentavam boas expectativas para o presente ano, uma vez que a sua produção estava a dar bons sinais por causa da chuva que vem caindo.

Embora reconheçam que ainda têm esperança de recuperar a produção na segunda época que inicia brevemente, prevêem momentos difíceis nos próximos tempos porque não suas casas não têm comida.

Mateus Mutuasse, um dos camponeses da localidade de Tomanine, disse-nos que tinha uma área de um hectare de milho, toda ela continuava submersa ate ultima sexta-feira.

Frustrado com o que aconteceu, disse que pensava que este ano seria o fim do sofrimento que a sua família passou os últimos dois anos, por causa da falta de chuva.

A maçaroca estava quase pronta, já estávamos a ficar animados, mas a fúria da água deixou-nos com a miséria, e não sabemos o que vai ser de nós nos próximos tempos porque não temos mais semente, nem comida, sublinhou.

Kete Ngovene tinha um hectare de diversas culturas, como milho, feijão, amendoim e abóbora. Uma parte desta produção foi varrida pela corrente da água, a outra ainda está inundada.

Perdi tudo o que tinha semeado. Só me resta arregaçar as mangas e continuar a trabalhar. Não posso cruzar os braços, senão vai acontecer o pior. Lá em casa não há comida, disse.

Acrescentou que está a espera de secar a água na sua machamba para iniciar com a limpeza e lançar outra semente de feijão, mas nisso há um problema, pois não tem a semente disponível.

Vou tentar pedir rama de batata-doce e sementes de milho e de feijão para aproveitar neste momento em que a terra está muito húmida. Estamos mal, precisamos de ajuda, disse.

Zacarias Muchanga é outro agricultor que se manifesta frustrado com a situação das inundações. Conta que tinha um hectare e meio de milho e feijões, e até na última sexta-feira continuavam inundadas.Disse ainda que tem um plano de lançar a terra semente a terra nos próximos dias, priorizando a produção de milho. Não posso ficar mais tempo sem lançar a semente porque o celeiro está vazio. Estamos sem comida, reitera.

 

Por seu turno, a chefe do Posto Administrativo de Mubangoene, Eufrasia Moiane, disse que na sua localidade foram afectadas 272 famílias que viram suas machambas engolidas pela corrente da água do rio Limpopo.

Havia expectativa nesta primeira época. Infelizmente voltamos para zero, mas ainda esperamos melhorar na segunda época agrícola. Neste momento necessitamos de pelo menos 3.5 toneladas de semente diversa para recuperarmos a produção. Estamos, disse.

O chefe do Posto Administrativo de Chivongoene, Reginaldo Matavele, disse que naquele ponto do distrito de Guija, que conta com mais de 36 mil habitantes, foram afectadas mais de 92 famílias, sendo 57 da localidade de Chivongo e 35 de Chibabal.

Precisamos urgentemente de semente para semearmos no próximo mês de Março ou logo que a água desaparecer das machambas. Gostaríamos de aproveitar nesta altura em que a terra ainda continua húmida, apontou.

NECESSARIAS 12 TONELADAS

DE SEMENTE DE MILHO

O administrador de Guija, Arlindo Maluleque, disse que 12 toneladas de milho são necessárias para ajudar as famílias que viram as suas machambas devastadas pelas águas.

Aquele governante garantiu que nos próximos dias vai manter encontros com parceiros de forma a conseguir a quantidade necessária de semente visando a promoção da segunda ‘época, prestes a iniciar.

De referir que a administração tinha planificado a produção de 113943.3 toneladas de produtos diversos nesta primeira época, numa área de 54204 hectares. 

Abibo Selemane
abibo.selemane.snoticias.com
Fotos de Inácio Pereira

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