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Reclusos surpreendidos com drogas

Cento e sessenta bolinhas de soruma, vulgo Cannabis Sativa, é a quantidade de droga encontrada na posse de reclusos detidos nas celas da Penitenciária Manica, mais conhecida por “Cabeça de

 Velho”, na cidade de Chimoio.

A substância em referência era guardada em malas, bíblias e outros utensílios usados por reclusos dentro da cadeia.

Mesmo com o alto dispositivo de segurança ali montado, para garantir o cumprimento integral de penas por parte dos prisioneiros, a entrada de drogas está a ganhar contornos preocupantes naquela unidade prisional, que alberga presentemente mais de mil pessoas entre detidos e condenados. Presume-se que a mesma esteja a ser introduzida por familiares durante o período de visita e entrega de refeições.

Através de um breve informe apresentado por ocasião da visita realizada semana passada pelo Procurador-Geral da República, Augusto Paulino, à Penitenciária Agrícola de Manica, o chefe do Departamento de Investigação Criminal na Direcção de Investigação Criminal de Manica, Vicente Dino Chicote, disse que as 160 unidades de estupefacientes foram encontradas durante as vasculhas efectuadas nas celas pelos agentes correccionais, actividade de rotina que tem, dentre outros, o objectivo de garantir a segurança, conhecer as condições e o dia-a-dia dos reclusos.

 

PÃO, PRINCIPAL “ARMA”

 

Chicote referiu que o pão tem sido a via mais fácil que permite fazer chegar à soruma no interior da prisão. Os familiares colocam alguns embrulhos da droga dentro deste alimento e entregam-nos aos presos que, posteriormente, vendem e/ou consomem dentro da cadeia.

A possibilidade de envolvimento de alguns guardas prisionais não é descartada. Chicote acredita existirem agentes correccionais que, em troca de valores monetários, enveredam por actos que atentam contra os princípios fundamentais da sua profissão para receberem centavos, colocando em causa todo esforço da instituição.

“Não descartamos a hipótese de existirem colegas nossos que também levam a droga de fora para dentro da cadeia. Por causa da ganância pelo dinheiro, alguns fazem isso em troca de centavos. Estamos a trabalhar para identificar esse funcionários e responsabilizá-los criminal e disciplinarmente”, disse Vicente Chicote, que adiante assegurou que aos indivíduos encontrados com as drogas foram tomadas medidas internas.

 

AUGUSTO PAULINO E A PIC

 

Na penitenciária agrícola, o Procurador-Geral da República inteirou-se do funcionamento da direcção de Polícia de Investigação Criminal.

Ficou a saber que no primeiro trimestre deste ano 195 processos criminais deram entrada naquela instituição judicial. Deste número, 153 são contra autores conhecidos e 45 contra desconhecidos.

Dos contra desconhecidos, 15 foram posteriormente esclarecidos estando outros 30 ainda em investigação. Na mesma circunstância, Augusto Paulino soube que 223 processos transitaram do ano passado para este. Desta cifra, 89 foram concluídos e remetidos às procuradorias, enquanto 68 estão na produção de melhores provas e os restantes ainda em instrução.

Até então, de acordo com o chefe do Departamento de Investigação, encontram-se na brigada da Polícia de Investigação Criminal de Manica 175 processos em instrução com 13 indivíduos detidos.

Para além da Penitenciária Agrícola de Manica, na cidade de Chimoio, o Procurador-Geral visitou a cadeias distritais de Gondola e de Manica. Nestes locais escalou as direcções de Investigação Criminal, procuradorias, esquadras, Gabinetes de Atendimento da Mulher e Criança Vítima de Violência Doméstica, manteve encontros com funcionários e reclusos e passou em revista vários processos para se inteirar das condições dos prisioneiros. Augusto Paulino mostrou-se preocupado com a entrada de drogas na cadeia, tendo dito que“é inexplicável. Com guardas por todo lado, como é que os presos conseguem meter a droga até às celas? Temos de trabalhar para encontrar esses facilitadores de forma a serem punidos. Não é salutar que um preso consuma droga porque, ao invés de contribuir para a sua regeneração, pode constituir um perigo dentro e fora da cadeia depois do cumprimento da sua pena”, concluiu. 

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