Texto de Idnórcio Muchanga
O corpo de Gilles Cistac foi velado em Maputo naquele que foi o último adeus ao académico franco-moçambicano, cujo corpo já foi transladado para França.
A cerimónia, no Centro Cultural Universitário (da UEM), foi carregada de muita emoção e foi testemunhada por familiares e amigos do malogrado, partidos políticos, corpo diplomático, sociedade civil, académicos, estudantes, magistrados, religiosos, entre outras entidades,que quiseram prestar a última homenagem ao Professor Doutor Gilles Cistac, assassinado na terça-feira, 3 de Março, em Maputo, quando saia da pastelaria, localizada na Avenida Eduardo Mondlane.
Segundo Tomás Timbane, com a partida do Gilles Cistac apagou-se uma fonte de conhecimento em particular para os advogados. “Estamos neste local para dar um adeus à um moçambicano que lhe tiraram a vida. O que nos resta saber é se foi tirado pela sua inteligência, coragem e integridade ou pelo seu orgulho de pensamento crítico”, referiu.
“O nosso Estado de Direito Democrático deve proibir que a situação se repita. Não vamos calar à insegurança, injustiça, à falta de liberdade de opinião”.
Por sua vez a Universidade Eduardo Mondlane (UEM) guarda a memória do académico Gilles Cistac no pedestal dos seus melhores docentes, por toda a preocupação que sempre manifestou pelos estudantes e pela disponibilidade que nunca lhe faltou para apoiar os professores e não só.
O Director da Faculdade de Direito da Universidade Eduardo Mondlane, Armando Dimande, que falava na cerimónia que antecedeu a transladação dos restos mortais de Cistac para sua terra natal, França, a notícia da morte do constitucionalista abalou a sociedade académica.
“Não há palavras que possam expressar a dimensão humana e académica de Cistac, que ao longo de 22 anos serviu a Universidade Eduardo Mondlane”, disse.
O Encarregado de Negócios da França, Cyril Gerardon, disse que facilitariam a transladação do malogrado e auxiliariam a família em condições materiais e administrativas.
“Cistac assumia-se como um cidadão moçambicano que reflectia e queria um Moçambique mais justo. Ele defendia o respeito pela Constituição e pelas leis deste país, nada mais. Ele queria o debate, e não o combate”, salientou.
Recorde-se que Cistac chegou a Moçambique em 1993 no âmbito de uma missão por parte do Governo francês e apaixonou-se pelo país. Em 15 anos trabalhou incansavelmente para formar estudantes, efectuou assessorias para as autoridades moçambicanas e partilhou suas ideias sobre o direito, através de numerosos estudos e intervenções sociais.
Leccionava as cadeiras Direito Administrativo, Direito Constitucional, Metodologia da Investigação Cientifica, Francês Jurídico e publicou cerca de cinquenta livros e outros artigos na área jurídica, designadamente “Direito Administrativo, Francês Jurídico, Processo na Descentralização em Moçambique, Justiça e Contencioso Eleitoral em Moçambique, entre outras obras.
Texto de Idnórcio Muchanga