-Américo Leonardo, um dos meteorologistas mais antigos do país
O nosso entrevistado de hoje era um dos quadros mais experientes no Departamento de Meteorologia do Instituto Nacional de Metereologia (INAM).
Actualmente na reforma, formou-se em Metereologia na antiga União Soviética para servir a Força Aérea de Moçambique. Mas para melhor aproveitar a sua formação torna-se quadro do INAM. Hoje, afirma ter feito uma família na Meteorologia.
Como entra a área de Metereologia?
Foi a minha segunda opção, pois na verdade pretendia ser piloto de aviação. Tudo começou quando em 1981 fui à antiga União Soviética para formação como piloto de naves militares. Lá fomos submetidos à um exame físico e a minha situação de saúde não permitiu que fizesse o curso. Acabei optando pela Meteorologia. A força aérea também precisa de ter meteorologistas. Fiz a formação básica até 1986. Mas antes em 1977 fiz o ensino médio todo em Cuba.
Voltou ao país em 1986 e passa a trabalhar nos Aeroportos de Moçambique e depois pede para passar para o INAM. Porquê?
Queria estar num lugar onde pudesse explorar mais o que estudei. Por isso fiz uma carta a pedir para passar para o INAM em 1987. Lá ganhei uma bolsa de estudos e fui fazer a minha licenciatura e mestrado nesta área na República da Ucrânia pelo Instituto Hidrometrológico de Odesse.
Quando regressa fica afecto ao Aeroporto de Moçambique onde fez metade da sua carreira. Quer contar-nos essa fase.
Sim. Éramos apenas três trabalhadores no departamento sem contar com as chefias que eram na sua maioria estrangeiros. Fazíamos turnos porque éramos poucos e trabalhei assim 19 anos até 2010.
Como geria a sua vida social nesta fase?
Era complicado, sobretudo para a minha família. Andei muito ausente, sobretudo nas cerimónias familiares e eles nem sempre conseguiam aceitar isso.
Qual foi o momento alto da sua carreira?
Foi poder trocar experiência com profissionais de quase todo mundo. Para além do trabalho, nesta área ganhei uma família também.
O que mais o impressiona na sua profissão?
Como se faz a previsão do tempo. Gosto da área, mas não é fácil. É necessário fazer observações dos elementos do tempo de hora em hora. Depois faz-se traçado de configuração sinóticas e só depois faz-se a evolução do tempo para terminar com a previsão.