Com cerca de duzentas gaiolas, Bucuane gostaria de ter licença de criador de pássaros. Mais: sonha em possuir uma loja destinada à compra e venda de pássaros no Maputo Shopping Center.
Abordando alguns segredos de suas aves, o nosso entrevistado fez revelações curiosas: “As fêmeas não cantarolam. Só os machos, que em algumas zonas se tornam mesmo reis, como os da Praia de Bilene, Magude, Mapulanguene, Nhaguanine, mas rendem-se aos preparados pelos homens. Por isso alguns deles fogem quando vêem gaiolas, porque têm a noção de que os seus ocupantes andam bem preparados.”
Outro dado curioso prende-se com o facto de cada espécie de pássaro ostentar um determinado nome. Daí o xirico, chamarica, nodwé, …Vasco da Gama (vermelho e preto), viúva, soa, etc.
Como resultado de todo o aparato a sua casa tem atraído outros pássaros, que pousam no seu quintal num à vontade, por saberem que não vão ser maltratados. Ali é também a casa deles.
TRATO OS PÁSSAROS
COMO MEUS FILHOS
Engana-se quem pense que em casa de Bucuane há discriminação no tratamento de pássaros e pessoas.
“Acompanho a vida dos meus pássaros tal como o faço para com os meus filhos, porque todos fazem parte da minha família. Já me haviam roubado todos os pássaros, mas, graças a Deus, me recompus da desgraça”, concluiu.
Afirma que os pássaros sofrem das mesmas epidemias que matam as galinhas. Refere ainda que “por vezes os socorre com aspirina, raízes e água da praia para os salvar de qualquer doença”.
Na criação de pássaros, Bucuane não está sozinho em casa. Tem a sua esposa que também já se sente criadora. “Ela aprendeu tudo o que eu faço. Ajuda-me na criação de pássaros, no carregamento de baterias, na venda de madeira, cerveja e produtos alimentares. Tenho cinco filhos. Vivo com o mais novo que está a seguir-me as peugadas.”