O atendimento às populações nas unidades de Saúde na província de Niassa continua a melhorar gradualmente, devido ao trabalho de humanização levado a cabo pela Direcção Provincial de
Saúde (DPS), visando estabelecer um clima de confiança entre os profissionais da saúde e as comunidades.
Esta é uma constatação real que a nossa reportagem testemunhou em três distritos do Niassa – Lago, Maúa e Marrupa – durante uma digressão efectuada, recentemente, pelo director provincial da Saúde, Dinis Viegas Manuel, àquelas zonas, no âmbito da monitoria do grau de cumprimento do Plano Económico Social (PES) para aquela instituição do Estado.
Por outro lado, o crescimento populacional e a grande procura desses serviços fazem com que as comunidades exijam do Governo a construção de mais unidades sanitárias, bem como ampliação das que existem nas vilas-sede dos distritos, com vista a pôr cobro a demanda que actualmente se verifica.
Aliás, em alguns locais por onde passou, o director provincial da Saúde, Dinis Viegas, ouviu pedidos tais como, “queremos mais unidades sanitárias, queremos mais médicos, enfermeiros e parteiras…”, numa demonstração clara de que a satisfação de uma necessidade abre espaço para uma outra.
Conforme se soube nos locais por onde passou Dinis Viegas, hoje, na província de Niassa, são raros os casos em que um doente percorre acima de 15 quilómetros para atingir uma unidade de Saúde, mesmo reconhecendo que a dispersão das comunidades, aliada ao nomadismo, complica em algum momento os esforços que o sector da Saúde está a realizar, visando atingir maior número de pacientes.
Sobre a necessidade de mais técnicos de saúde, relatos ouvidos no Centro de Saúde de Tulo, no distrito de Lago, dão a indicação de que esta unidade funciona com três profissionais, sendo um técnico de saúde, uma parteira e uma servente. Nalguns casos, a própria servente é obrigada a desempenhar funções que ultrapassam as suas responsabilidades.
Nota curiosa da visita, é que Dinis Viegas teve que envergar a famosa bata branca para ajudar o único técnico de medicina ali colocado a vazar a interminável fila de doentes.
AUMENTO DE MALÁRIA
E INSUFICIÊNCIA DE ENFERMEIROS
A malária, de acordo com a nossa fonte, é a principal causa de procura de cuidados médicos naquele posto de saúde. Dos mais de 50 doentes atendidos na circunstância da visita àquela unidade sanitária, entre crianças, velhos e mulheres grávidas, 90 por cento padecia de malária. Destaque-se que houve pacientes que precisaram de transferência para o Centro de Saúde da Vila-Sede de Metangula, considerado unidade de referência ao nível do distrito do Lago.
Entretanto, o distrito do Lago enfrenta sérios problemas de saneamento. Abundância das águas, aliada à existência de muitos rios, faz com que grande parte das habitações esteja alagada, propiciando, desta feita, a reprodução de mosquitos, insecto causador da malária.
Ciente disso, Dinis Viegas instou a população daquelas zonas a usarem redes mosquiteiras, principalmente para proteger as crianças e mães grávidas. Pediu ainda para que as mosquiteiras sejam usadas apenas para a prevenção de doenças, contrariamente ao que tem sido prática, em que algumas pessoas usam-nas para a captura de pescado, no Lago Niassa.
Por seu turno, a população saudou as campanhas de vacinação, considerando-as como a melhor forma de prevenir a morte materno-infantil. “Nos últimos tempos, registamos na nossa zona diminuição de óbitos de crianças e mulheres grávidas”, disse um ancião, que pediu a colocação de medicamentos nas unidades sanitárias existentes nas zonas recônditas, evitando deste modo a transferência de muitos doentes para a sede do distrito do Lago.
Em resposta, o director provincial da Saúde sublinhou que é preocupação do governo alocar nos distritos medicamentos para garantir a saúde das comunidades. Aliás, Dinis Viegas, confrontado com a falta de medicamento no Centro de Saúde de Tulo, viu-se obrigado a enviar uma viatura para a sede do distrito a fim de ir buscar fármacos em falta, o que deixou claro que o problema não era a falta de medicamentos no distrito, mas sim, a falta de sensibilidade dos profissionais da Saúde ali em serviço, que, em tempo útil, não se predispuseram a requisitá-los no armazém distrital.
Viegas interagiu longamente com a população de Tulo e Messumba, locais que, em Junho próximo, poderão receber o Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, durante a sua Presidência Aberta e Inclusiva ao Niassa.
Enfermeiros em formação
para reforçar efectivo
Em Maúa e Marrupa, Dinis Viegas deslocou-se aos postos administrativos de Maiaca e Nungo, respectivamente. Aqui, igualmente, o titular da Saúde ao nível da província de Niassa visitou as unidades sanitárias locais e, depois, se reuniu com as populações para discutir o atendimento e os níveis de satisfação aos doentes.
Quer em Maúa, como em Marrupa, a população manifestou-se favorável aos serviços prestados entretanto, igualmente, lamentou a exiguidade de parteiras e enfermeiros, devido a redução do efectivo nas unidades sanitárias. “Um único enfermeiro atende às consultas, é farmacéutico e, em alguns casos, faz limpeza”, denunciou António Sale, em representação da comunidade.
Em resposta, o director provincial de Saúde considerou legítimas as preocupações populares, prometendo, dentro das possibilidades, reforçar o efectivo com enfermeiros que estão a ser formados em Cuamba e Lichinga.
André Jonas