À semelhança de outros órgãos humanos, a nossa boca está exposta a diferentes tipos de bactérias que trazem consigo consequências fatais para nossa saúde. A nossa dieta alimentar (consumo excessivo de doces, particularmente) também influencia no aparecimento de doenças.
domingo revisita o mundo de patologias orais, desconhecido para muitos moçambicanos que só se dirigem à Estomatologia quando vão extrair dente.
O país ainda regista número consideravelmente baixo de pessoas que recorrem aos serviços de Estomatologia para controlo da sua saúde oral.
No ano passado, o Ministério da Saúde (MISAU) registou apenas 633mil consultas em todo o país, num universode 238 unidades sanitárias que prestam serviços de Estomatologia.
À excepção de três distritos de Niassa e Nampula e dois de Cabo Delgado, cada sede distrital do país possui serviços de assistência neste sector. Precisamente 402 profissionais de saúde dão corpo àeste serviço, cobrindo, entretanto universo bastante reduzido de pacientes. Os números falam por si e dão retrato de pessoas pouco familiarizadas à consultas médicasquando em causa está saúde do dente.
A situação começa mesmo a ficar preocupante. Para inverter o cenário, Marta Mapengo,chefe do Programa Nacional de Saúde Oral, disse ao domingo que o MISAU está a promover campanhas de educação nas escolas primárias e centros infantis com vista a educar as crianças ainda em idade escolar sobre os hábitos correctos de higiene oral.
E começam a aparecer resultados. No presente ano, cerca de 150 escolas primárias completas, 74 mil alunos e 1.395 professores foram formados sobre a saúde oral.
A nossa entrevistada sublinha que os moçambicanos, infelizmente, só recorremàs unidades sanitárias quando querem proceder àextracção de dente ou então quando perdem-no.
“Não temos a cultura de fazer consultas rotineiras para prevenção de doenças. No sector de Estomatologia a realidade é a mesma. Este facto periga muito a nossa saúde oral. Temos muitas doenças gravesnos dentes e uma delas é o cancro oral”,adiantou Marta Mapengo.
A cárie dentária e doença periodontal já são considerados problemas de saúde pública no país , afectando, no seu conjunto, entre 60 a 90 por cento de crianças em idade escolar.
Dados do último estudo realizado pelo MISAU, em 1988, revelam que adolescentes com 12 anos de idade apresentavam em média mais de dois dentes cariados.
Luísa Jorge
