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RECOLECÇÃO DE LIXO: Onde há trabalho, drogas e pequenos delitos

Envolvido num visual praticamente “all blue” (todo azul), o seu corpo magro encontrava-se ligeiramente debruçado à sua esquerda, assentado num muro baixo de uma das avenidas da capital do país. Um gorro espesso cobria a sua cabeça levada ao vento com a ajuda de uma máscara que, a seu espaço, deixava a face oculta.

Dirigimos-lhe as primeiras palavras, com ternura, em seguida veio a resposta, num diálogo cheio de dúvidas, de desconfiança de ambas as partes. Assim foi, por “longos” 30 segundos. Mas, ao abrirmos o trigésimo primeiro, os nossos olhares cruzaram-se. Chichava sorriu com os olhos, retirou a cobertura da cabeça, posicionou-se na nossa direcção, abriu o seu coração.

O jovem bem apessoado, de 28 anos de idade, apresentouse como morador do bairro da Sommerschield. É lá onde se estabeleceu num dos recantos de uma grande avenida de Maputo.

Recolector de lixo reciclável há mais de 4 anos, é desmobilizado do Exército, desde os 24 anos de idade. “Não quis continuar, senão iria à Mueda (Cabo Delgado) lutar contra os terroristas”, uma decisão da qual já se arrepende amargamente. “Arrependo-me muito, porque o meu dia-a-dia nas ruas é desgastante, não é para um ser humano”.

Chichava tem a 12.ª classe concluída, a oratória polida, alguns conhecimentos de mecânica, mas a sua vida seguiu rumos adversos até chegar à vida de um errante. Leia mais…

TEXTO DE CAROL BANZE
carol.banze@snoticicas.co.mz

Fotos de Carlos Uqueio

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