Quatro anos sem cólera
A cidade de Maputo é caracterizada pelos sérios problemas de saneamento do meio, higiene ambiental que potenciam todos os anos a um surto da cólera. Entretanto, mesmo com os piores cenários, sobretudo nas zonas periféricas da urbe, há cerca de quatro anos, ou seja, desde 2011, que não se assiste a um surto de cólera na capital.
Não há uma justificação lógica para esta realidade. Quando me perguntam como não temos cólera, respondo que só pode ser protecção divina, afirma o médico-chefe da Direcção de Saúde da Cidade, Laison Daniel.
Apontou bairros como Chamanculo, Xipamanine e Malanga como sendo de maior risco dados problemas de saneamento do meio existentes, agravados com acumulação descontrolada de lixo e águas negras.
Vendedores informais não se incomodam tanto com esta situação, expondo produtos alimentares de consumo imediato na sua maioria destapados.
Para o controle da situação a Direcçao de Saúde da Cidade realiza diariamente visitas nas unidades sanitárias onde técnicos de Medicina Preventiva realizam palestras sobre doenças diarreicas.
A distribuição de purificadores de água, sobretudo na época chuvosa, constitui outro meio de prevençao.
Outro foco de sensibilização da Direcção de Saúde da Cidade de Maputo é a comunidade. Polana Caniço B, Aeroporto A e B, Mavalane, Chamanculo B e Inhagoia foram alvos de campanha de sensibilização este ano.
Nas comunidades, técnicos de Medicina Preventiva fazem também visitas domiciliárias para ver em que condições as pessoas vivem e mostram como devem prevenir destas doenças, pois são os bairros cujas unidades sanitárias mais próximas têm registado maior ocorrência de doenças diarreicas, disse o médico-chefe da Cidade de Maputo.
MAIS DE QUARENTA
MIL CASOS DE DIARREIAS
A Direcçao de Saúde da Cidade registou até Novembro 2014, 40 mil e dois casos de diarreias, dos quais 36 resultaram em mortes. No mesmo período do presente ano, 2015, a Saúde da Cidade notificou 41 mil e 931 casos dos quais 26 pacientes perderam vida.
De acordo com Laison Daniel, a cidade de Maputo registou no presente ano, entre os finais do mês de Julho e princípios de Setembro, um surto de diarreia provocado pelo vírus rotavírus, uma das principais causas de diarreias em crianças.
Dada o frequência de surto de diarreias provocadas pelo rotavírus, o Ministério da Saúde introduziu no presente ano (de 2015) a vacina rotavírus administrada em crianças aos dois meses de idade.
Para o nosso entrevistado é frequente o registo de diarreia em crianças nas unidades sanitárias.
Porém, quando o número de casos aumenta em relação ao ano anterior, e começamos a ter adultos com diarreia acompanhados de desidratação, isso chama-nos atenção pois podemos ter cólera. É preciso monitorar, explicou Laison Daniel.
Confecção de alimentos
deixa muito a desejar
-Rosa Cossa, Directora do Centro de Higiene Ambiental
A confecção de alimentos nos estabelecimentos comerciais continua sendo uma das preocupações do Centro de Higiene Ambiental, um sector vela e realiza actividades de vigilância sanitária e fiscalização para a protecção da saúde do consumidor.
De acordo com Rosa Cossa ainda persistem irregularidades nos estabelecimentos comerciais de serviço de venda de alimentos. Há muitos estabelecimentos de consumo em que o trabalhador confecciona os alimentos sem uniforme e sem observar a sua higiene pessoal. Em muitos estabelecimentos os trabalhadores também não tem cartão de saniedade, referiu a directora.
Para a nossa fonte as barracas de confecçao de alimentos constituem estabelecimentos que apresentam condições críticas e que perigam a saúde do consumidor.
Para o controle e fiscalização de condições de venda de alimentos nos estabelecimentos o Centro de Higiene Ambiental procede à colecta de amostras para exames de avaliação do estado de higiene das mãos dos trabalhadores, dos pratos e da água usada para o consumo e limpeza. Quando encontradas irregularidades, os centros comerciais devem repor as condições de trabalho e confecção de alimentos dentro de 45 dias.
Caso não acatem às recomendações são encerrados.