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Produtores pedem mais limpeza no vale de Mulaúze

Por admin

Os agricultores que exploram terras ao longo do vale de Mulaúze, nas imediações da fábrica de cerveja 2M, em Maputo, pedem às autoridades para dar prosseguimento aos trabalhos de limpeza daquele curso das águas do rio e pluviais interrompidos no ano passado por razões que desconhecem.

O vale de Mulaúze é a cintura verde que alimenta de hortícolas as cidades de Maputo e Matola. Os agricultores ali instalados entendem que a limpeza daquela vala poderá ajudar a reduzir os níveis de perdas da sua produção, para além de aumentar as áreas de cultivo.

Este sentimento dos produtores deriva do facto de terem constatado que os trabalhos de limpeza realizados no ano passado, 2014, contribuíram positivamente na sua produção. Tudo porque nessa época uma parte dos seus campos escapou da invasão da corrente das águas da chuva.

Aliás, notar que sempre que chove aqueles campos são invadidos pelas águas pluviais e os agricultores perdem a sua produção. Para fazer face a este problema, no ano passado, o governo da província de Maputo teria levado a cabo um trabalho de reconstrução e limpeza da vala principal do rio Malaúze, numa extensão de 20 quilómetros, dos quais foram executados apenas nove quilómetros, a partir da Portagem de Maputo até à fábrica de Cervejas de Moçambique 2M.

O nosso jornal apurou que os trabalhos que estavam orçados em cerca de 40 milhões de meticais, não foram concluídos. Falta limpar os restantes onze quilómetros que vão ligar ao Bairro de Intaka passando por zonas como 25 de Junho, Bagamoio, Zona Verde e Zimpeto. Essa parte continua engolida pelo capim, lixo, lama e água.

As intervenções feitas até agora, nos nove quilómetros trabalhados, consistiram na colocação de novas comportas e limpeza do assoreamento da vala principal.

Os agricultores disseram à nossa equipa de Reportagem que quando viram as máquinas a roncar naquela zona acreditaram que era o fim do seu sofrimento. Mas aquilo não passou de uma ilusão, pois dias depois o trabalhado foi interrompido até data hoje.

Entretanto, a situação deixa a classe de produtores preocupada, pois dados em sua posse dão conta que a limpeza não poderá prosseguir, uma vez que, alegadamente, as máquinas não conseguem trabalhar a parte que ficou por ser lamacenta. O que eles não compreendem é como é que foi selecionada uma empresa sem equipamento apropriado para fazer aquele trabalho.

Falando ao domingo, Joana José, agricultura naquela zona, referiu que a iniciativa tomada pelo governo era salutar, pois iria ajudar a todos os produtores, mas não foi concretizada por falta de uma planificação clara sobre as reais condições existentes na zona.

“A limpeza aqui feita ajudou-nos um pouco, porque nos dias em que caía pouca chuva, as machambas não eram afectadas, ao contrário dos anos anteriores. Veja que mesmo depois destes trabalhos, quando choveu bastante, muita produção ficou estragada, pois as águas inundaram os nossos campos. Agora estamos a trabalhar animados porque passou o período chuvoso”,disse Joana José.

Por sua vez, Valeriano Nhantumbo, também produtor no vale de Mulaúze, afirmou que a iniciativa foi boa, mas pecou pelo facto de não ter chegado longe.

Segundo o nosso entrevistado, a água que invade as suas machambas vem da cidade de Maputo. “A chuva que se verificou nos princípios deste ano invadiu a minha machamba. Em consequência disso, fiquei três meses sem trabalhar. O Governo deve contratar empreiteiros que tem conhecimentos sobre como deve proceder o trabalho naquela vala”.

Nhantumbo lembrou ainda que esta não é a primeira vez que os trabalhos de limpeza terminam naquelas bandas, depois de se pagar tanto dinheiro para a empreitada. Em 1994, o governo tinha contratado uma outra empresa que não chegou a estender os trabalhos para outros locais da vala. “Isto começa a ser rotineiro e não há responsabilização sobre quem abandona os trabalhos e come o dinheiro do Estado em prejuízo dos produtores”, lamentou.

Por sua vez, Felismina Wele, referiu que a limpeza da vala deve ser estendida para a zona onde ela termina, para além de contemplar as valas secundárias existentes no vale, pois só desta forma é que poderá permitir a circulação da água naquele local sem estragar as culturas. 

“A vala principal que recebe as águas pluviais da drenagem de Maputo nunca beneficiou de limpeza e está cheia de capim e de lixo, entre garrafas, pneus, plásticos, latas, e vários outros objectos. Agora estamos bem, porque ainda não choveu. Essa nossa felicidade tem dias contados porque basta entrar a época chuvosa, voltamos ao sofrimento”, disse Felismina Wele.

Abibo Selemane

habsulei@gmail.com
Fotos de Jerónimo Muianga

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