A esposa do Presidente da República de Moçambique, Maria da Luz Guebuza, esteve semana finda no Niassa, onde trabalhou, sucessivamente, nos distritos de Mandimba, Cuamba, Metarica,
Marrupa e a cidade de Lichinga.
Durante a visita, a Primeira Dama da República interagiu com as camadas vulneráveis da nossa sociedade, nomeadamente crianças, mulheres, idosos e portadres de deficiência.
Falando à Comunicação Social, à sua chegada à Lichinga, Maria da Luz Guebuza, deixou claro que a sua deslocação ao Niassa tinha um carácter social, trazendo na bagagem o sentimento de solidariedade para com os que sofrem directamente com os efeitos da pobreza.
Aliás, em Mandimba, o primeiro distrito visitado, a Primeira Dama deslocou-se a uma associação denominada “Irmãos Unidos”. Este centro, segundo explicações dadas à esposa do Presidente da República, tem por fim cuidar de crianças vulneráveis e necessitadas. Para ilustrar o trabalho desenvolvido por aquele centro, foi organizada uma exposição onde se podia ver o esforço que está a ser feito visando a reabilitação dos petizes ali acolhidos.
Com recurso a produtos locais, alguns alimentos são ali enriquecidos com plantas medicinais. De referir que a exposição, que parecia mais demonstrativa, acabou virando uma feira, onde os acompanhantes da ilustre visitante acabaram por comprar tudo o que encontraram sobre as prateleiras, com a moringa à testa.
Depois, Da Luz deslocou-se ao centro de saúde local. Visitou a maternidade. Interagiu com as parturientes que encontrou. Algumas mães com quem falou, eram maioritariamente menores. Raparigas que, segundo explicações dadas na altura, abandonaram a escola precocemente para se juntarem a um parceiro. É a realidade que se vive na maioria das zonas rurais, onde a grande parte das mulheres são arredadas para o segundo plano, instrumentalizadas e preparadas apenas para procriar filhos e tratar dos maridos.
No semblante da Primeira Dama era visível o sentimento de revolta face à realidade que lhe era apresentada. Fez um esforço enorme para explicar a todas as mães a importância de uma mulher conceber depois de se sentir preparada para assumir a responsabilidade que um lar exige.
“Ontem, a tarefa de estudar estava entregue às crianças do sexo masculino. Hoje, as coisas devem mudar. Todos devem ter a mesma oportunidade de realizar os seus sonhos, preparar o seu futuro. Sem rebeldia, temos que ter a coragem de dizer aos nossos pais e encarregados de educação que queremos estudar, primeiro; e o casamento fica para depois”, aconselhou Maria da Luz Guebuza, fazendo sempre ver que uma mulher preparada cientificamente é uma mais valia para si, para a família e para o país.
Ainda no Centro de Saúde de Mandimba, Da Luz Guebuza visitou a “Casa Mãe-Espera”, para além de ter oferecido àquela unidade sanitária alguns artigos para uso das parturientes. Trata-se de candeeiros, redes mosquiteiras, cobertores, entre outros utensílios.
Referindo-se ao trabalho que a Primeira Dama de Moçambique tem realizado, Marta Olawa, uma camponesa que disse ter se deslocado de Mitante para a vila-sede, somente para ver a mulher de quem todo o mundo fala, enalteceu as qualidades da esposa do Presidente da República, considerando-a orgulho de todas as mulheres moçambicanas e de Moçambique inteiro. “É gratificante estar aqui ao lado dela para ouvir os conselhos que ontem eram tabu. As suas palavras libertam todas as mulheres que ontem se sentiam subjugadas”, sublinhou Olawa, para quem as meninas devem mudar de atitude, entregando-se ainda mais aos estudos.
Em Cuamba, segunda etapa da digressão, a Primeira Dama fez a entrega de uma casa a uma família de três crianças órfãs em situação de vulnerabilidade. Hélder, de 15 anos e estudante da nona classe; Víctor, de 12, na oitava classe; e Dionísio, de 10 anos, frequentando a 5ª são os três irmãos contemplados com uma residência de construção convencional.
A casa, cujas chaves foram entregues por Maria da Luz Guebuza, é oferta do Gabinete da Primeira Dama, em parceria com o Instituto Nacional da Acção Social-Área de Cuamba.
Hélder, o mais velho dos três, disse à nossa reportagem que se sente privilegiado pelo facto de se ter beneficiado desta casa, depois de muitos anos a viver em condições precárias. Agradeceu, igualmente, os produtos que recebeu das mãos da esposa do Presidente da República, considerando que “não é todos os dias que pessoas como nós, carenciadas, recebem uma casa tão bonita como esta”.
No bairro Mutxora, arredores de Cuamba, Da Luz visitou a Associação Hankoni, que, para além de cuidar de crianças, dedica-se também à produção de frangos. Os seus associados dizem que este ano atingiram o apogeu da produção. Todos os pavilhões estão repletos de frangos, o que garante aos petizes abundância de proteína animal. Antes de se retirar, Da Luz Guebuza interagiu com as crianças.
O apelo à protecção das crianças não passou despercebido. Em todos os locais por onde passou, a esposa do Presidente da República deixou a mensagem de cuidar bem as crianças, alimentando-as regularmente com produtos saudáveis. Estranhou, contudo, o facto de uma província como Niassa, existir pessoas, principalmente crianças, com problemas de malnutrição.
“Niassa é detentor de uma riqueza agrícola. Produz arroz, milho, batatas, leguminosas, feijões, girassol, entre outras culturas. Temos que usá-los para o bem das crianças, dando-lhes, no mínimo, as três refeições diárias”, explicou Da Luz, lembrando que uma criança saudável consegue, regra geral, um bom aproveitamento escolar.
Dirigindo-se, especificamente às mães, Das Luz instou-as a levar as crianças aos centros de Saúde sempre que estiverem doentes, para além de vaciná-las para se protegerem das doenças que afectam esta faixa etária. “A transmissão do HIV/SIDA de mãe para o bebé é hoje evitável, bastando as mães grávidas aceitarem os testes e iniciarem o tratamento”, explicou, ao mesmo tempo que pedia aos doentes, para não abandonarem o tratamento.
Para além da área social, envolvendo crianças e mulheres, Maria da Luz Guebuza ficou entusiasmada pelas intervenções dos munícipes de Cuamba que elogiaram os avanços que estão a acontecer dentro da edilidade, desde as eleições intercalares de 2011.
A Primeira Dama aconselhou às comunidades para que mantenham a paz no país, distanciando-se dos discursos que incitam à violência. “Sem a paz, não seria possível combatermos a pobreza, desenvolvermos o nosso país com acções concretas. Temos que repudiar a atitude de todos aqueles que nos querem empurrar para a guerra. Queremos ver as nossas crianças indo livremente à escola e os seus pais produzindo tudo para alimentar os seus filhos”, explicou Da Luz.
Depois do que viu durante o percurso entre Metarica e Marrupa, Da Luz mudou de discurso nestes dois distritos. Condenou as queimadas descontroladas, considerando-as de atentatórias à saúde pública. Explicou que o fogo aumenta a pobreza dos moçambicanos, queima a madeira com que produzimos a carteira para os nossos alunos, desfertiliza a terra, tornando-a cada vez mais pobre, queima e afugenta os animais que nos dão carne.
Em Metarica, para além de visitar uma maternidade, a Primeira Dama assistiu a simulação de uma aula de alfabetização no Bairro III, tendo, no final, encorajado aquelas alfabetizandas a continuarem com os seus esforços de se escolarizarem. “Convidem também os (vossos)homens para participarem nas aulas de alfabetização”, disse, a terminar.
No prosseguimento da sua visita à Marrupa, Da Luz Guebuza inaugurou uma maternidade, no povoado de Mepelia, visitando, depois, uma feira agrícola. A maternidade foi construída pelo Município de Marrupa, respondendo a uma das promessas feitas durante a campanha eleitoral. Oitocentos mil meticais foi quanto custou aquela infra-estrutura social. Finalmente, em Lichinga, a Primeira Dama visitou um Centro Aberto para Idosos, tendo interagido com os seus moradores.
Em jeito de balanço, Maria da Luz Guebuza considerou a sua visita de muito proveitosa, uma vez que, segundo disse, conseguiu atingir os objectivos preconizados, nomeadamente procurar encontrar soluções para os múltiplos problemas que apoquentam as crianças, mulheres, idosos e portadores de deficiência.
André Jonas
Fotos de Armando Munguambe