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Posso eliminar os cortes de energia em Maputo

Por admin

Texto de Simeão Ponguana, na África do Sul

A cidade portuária sul-africana de Durban, África do Sul, tem cerca de 670 mil habitantes e alguns dos seus residentes usam energia eléctrica, cujas linhas de transporte e a respectiva manutenção são garantidas pela empresa Félix Electrical, do moçambicano Félix Bambo.

 “Eu, com a minha empresa, posso dirigir e modificar a cidade de Maputo para não ter os problemas que tem hoje de cortes constantes de energia elétrica ” – garante Félix Bambo

A iluminação pública em Durban é muito melhor do que a das ruas da cidade de Joanesburgo, graças ao trabalho de manutenção permanente feita pela empresa de Félix Bambo.

Segundo este empresário moçambicano, o município de Durban, chamado Ethekwini, é o seu cliente número um, depois segue-se a Eskom, empresa pública sul-africana de geração e distribuição de energia eléctrica. Da lista de clientes constam alguns municípios da província de Kwazulu-Natal.

A empresa Félix Electrical tem entre 300 e 350 trabalhadores, dos quais apenas um moçambicano exercendo com funções de mecânico. Tem uma frota de mais de 50 carros e uma receita mensal de cinco milhões de rands, cerca de 15 milhões de meticais.

Félix Bambo construiu o seu império há 20 anos, após ter concluído o curso de electricidade num Instituto Técnico, em Durban.

O emigrante moçambicano, transformado em empresário de sucesso na capital económica da província de Kwazulu-Natal, chegou a África do Sul em finais da década de 1970 com o seu pai, abandonando o seu país de origem e a Escola Industrial onde frequentava o curso de Serralharia-Mecânica.

Abandonei as origens por questões militares” – recorda-se Félix Bambo, acrescentando que “quando completei a idade militar disseram-me que devia ir cumprir o Serviço Militar Obrigatório. Eu queria desenvolver-me mais na escola, mas não me deram oportunidade e tive que abandonar o país”.

Na África do Sul, Félix Bambo teve aulas de Inglês com um tutor privado e frequentou o ensino geral. Mas com o talento técnico no sangue, Félix Bambo achou que estava a perder tempo e avançou para o curso de Electricidade, aconselhado por um dos seus tios.

O emigrante moçambicano lembra-se de quase tudo o que se passou na sua vida. “Reparei eletrodomésticos, incluindo ferros de engomar e aquecedores de particulares, tendo chegado a ter uma carteira de cerca de três mil clientes”– disse Félix Bambo.

A experiência acumulada foi rampa de lançamento para a criação, há 20 anos, da sua empresa Félix Electrical.

Félix Bambo agradece o advento da democracia multirracial na África do Sul que abriu espaço para negros. Diz que aproveitou a abertura, porque na altura não havia muitos técnicos negros de electricidade na África do Sul.

PRECISANDO

DE OPORTUNIDADES NO PAÍS

Félix Bambo acredita que em cada dez electricistas que operam na cidade de Durban, pelo menos um passou pelas suas mãos. “Tenho muita visão e digo-lhe que na realidade posso influenciar ou fazer alguma coisa para o meu país, se tiver oportunidades. Eu, com a minha empresa, posso dirigir e modificar a cidade de Maputo para não ter problemas de energia elétrica” – garante Félix Bambo.

Bambo deplora, no entanto, o que considera excesso de burocracia nas instituições do Estado em Moçambique, onde, conta ter perdido entre 100 a 200 mil rands na tentativa de estabelecer um negócio no sector de turismo.

O empresário considera que África do Sul vai resolver a actual crise de electricidade caracterizada por cortes constantes e prolongados, com a conclusão das centrais térmicas em construção nas províncias de Limpopo, Mpumalanga e Kwazulu-Natal, que fazem limite com Moçambique.

No Limpopo, a central térmica de Medupe, considerada terceira maior do Mundo, está em funcionamento parcial com a inauguração da unidade 6 pelo Presidente Jacob Zuma, há cerca de três semanas.

Para Félix Bambo, Moçambique esteve distraído porque teria negociado com África do Sul para não construir três grandes centrais térmicas, pois o seu funcionamento vai implicar que o país mais industrializado de África deixe de comprar a electricidade moçambicana.

O empresário de electricidade tem aspirações de expandir o seu negócio para alguns países da região da África Austral.

Félix Bambo disse que a Zâmbia pode ser o primeiro destino fora da África do Sul.

Actualmente, está a montar linhas de fornecimento de energia elétrica para cerca de 300 consumidores em Mbazuane e outros 400 clientes em Mpongola, na província de Kwazulu-Natal, para além de garantir a manutenção permanente do sistema elétrico de Durban.

Para Moçambique, Félix Bambo é muito céptico e apela para o combate cerrado à corrupção e melhoria da legislação sobre investimento estrangeiro.

Quem é Félix Bambo?

Félix Bambo nasceu e cresceu na região de Cundula, distrito de Morrumbene, província de Inhambane. É casado e pai de três filhos menores.

Félix Bambo é um homem de aparência muito simples, apesar de possuir um império que gasta cerca de dois milhões de rands por mês de salários para seus trabalhadores. Te uma frota invejável de carros, entre camiões, carrinhas de caixa aberta e um Mercedes Benz que usa para os seus movimentos pessoais. Diz que é muito rigoroso com os trabalhadores para garantir o bom desempenho profissional e a confiança dos clientes.

Texto de Simeão Ponguana, na África do Sul

Fotos de Simeão Ponguana

 

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