Residentes de Tchumene II e do bairro da Matola Gare, no Município da Matola, acusam agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) afectos à 5ª esquadra de Tchumene de estarem a favorecer o recrudescimento da criminalidade.
De acordo com os moradores, quando as vítimas se dirigem àquela esquadra para apresentarem queixa sobre algum caso relacionado ao crime, a equipa em serviço exige pagamento de algum valor monetário.
Mais: quando alguém faz uma chamada para solicitar os serviços da Polícia ninguém atende ou a resposta é sempre de que não há transporte ou efectivo suficiente para se deslocar ao local do crime.
A população apresentou recentemente estas preocupações durante um comício naquele bairro que contou com a presença do Comandante-geral da Polícia da República de Moçambique, Jorge Khalau, e do presidente do Conselho Municipal da Matola, Calisto Cossa.
Residentes de Tchumene II revelaram que os malfeitores protagonizam assaltos na via pública e nas residências no período nocturno, aproveitando-se da falta de iluminação nas ruas.
Para agravar a situação, segundo disseram os moradores, os responsáveis das empresas instaladas naquela zona não cortam o capim que cresce nas imediações dos seus estabelecimentos, o que ajuda os criminosos nas suas incursões.
Já em conversa com a nossa equipa de Reportagem algumas vítimas disseram que a situação é mesmo caótica. António Busse contou que no passado mês de Outubro sua esposa viu o “chapa” em que se fazia transportar (do bairro da Liberdade em direcção a Tchumene) ser seguido por bandidos que usavam fardamento da Polícia.
“Quando o “chapa” parou, um dos bandidos dirigiu-se ao motorista. Mandou-o descer e levou-o para o carro deles. No lugar do motorista do semi-colectivo foi um dos bandidos que continuou com a marcha até uma mata que está perto da Ponte do rio Matola. Quando lá chegaram mandaram todos os ocupantes tirar a roupa e entregar outros bens”, disse.
Busse acrescentou que os ocupantes que traziam consigo cartão de banco foram obrigados a deixar o PIN com a ameaça de serem mortos caso entregasse dados bancários falsos.
Facto curioso é que quando o motorista foi apresentar a queixa na 5ª esquadra de Tchumene a equipa em serviço pediu 80 mil meticais para recuperar a viatura roubada.
“No dia seguinte, a minha esposa foi participar o caso na Polícia e o comandante disse que não concordava com o assalto, porque ela não estava nua quando foi para lá. Ele disse que naquele estado era difícil ter provas de que ela foi mesmo assaltada”, explica o nosso entrevistado.
Outro caso de assalto aconteceu com uma senhora que saía do serviço a caminho de casa fazendo-se transportar na sua viatura. Quando entrou na rua que dá acesso àquele bairro deparou-se com um indivíduo que parecia estar embriagado. Ela quis parar para esperar que a pessoa se afastasse da estrada. De repente, para o seu espanto, o homem tirou uma arma e mandou a senhora sair do carro.
Facto intrigante é que no dia seguinte a vítima encontrou os documentos que tinha deixado no carro no pátio da sua casa.
“Denunciem os que praticam más acções”
– Jorge Khalau, Comandante-geral da Polícia
O Comandante-geral da República de Moçambique, Jorge Khalau, reagindo às preocupações apresentadas pelos residentes pediu a colaboração de todos de forma a conseguir desmantelar as equipas dos malfeitores.
Garantiu igualmente que a sua direcção continuará a trabalhar de forma corrigir os erros que vêm sendo cometidos pela corporação.
“Alguns desses agentes que praticam esses actos que mancham a nossa corporação vivem nas vossas casas, são vossos filhos, denunciem. Nós vamos continuar a vigiar as nossas estradas e fiscalizar os carros. Mas é preciso ter paciência e colaborar”, disse.
Falando sobre a falta de meios de trabalho por parte da Polícia, Khalau referiu que há um trabalho em curso de forma a apetrechar mais os efectivos com meios circulantes.
Abibo Selemane
habsulei@gmail.com