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Mulher continua maior vítima de cancro

Por admin

O Ministério da Saúde (MISAU) diagnosticou um total de seis mil e 800 casos de cancro de colo de útero, no ano passado, de um universo de 66 mil rastreios levados a cabo a nível nacional.

 Estes dados mostram que em cada 100 mulheres rastreadas, dez tinham sinais de início da doença. O cancro no colo do útero, cuja detecção pode ser feita através do exame ginecológico denominado Papanicolau e de métodos de visualização do colo do útero através do ácido acético, é causado por Papiloma Vírus Humano (HPV), que facilita a infecção em casos de início precoce de actividade sexual. A doença é também associada ao comportamento de risco.

Entretanto, de uma forma geral, existem outros factores que podem influenciar o aparecimento do cancro, daí a importância de cultivar hábitos de vida saudável, conforme explicou Satish Tulsidás, responsável pelo Departamento de Oncologia do Hospital Central de Maputo, que avançou que o crescente número de casos de diagnóstico pode estar associado à expansão da rede sanitária que oferece esses serviços.

“Actualmente as causas desta doença são multifactoriais, com alguma especificidade para alguns tipos de cancro, como o do pulmão, que já está praticamente explícito que o tabaco é o principal causador. Temos também o cancro do esófago, causado pelo consumo excessivo do álcool”, explicou.

 

CANCRO DA MAMA

Depois do cancro do colo do útero, o cancro da mama afigura-se o de maior ocorrência nas mulheres, no país. Em 2008, foi diagnosticado, a nível nacional, um total de 945 casos novos de cancro de mama que provocaram 512 mortes.

Segundo o Ministério da Saúde, em cada 10 mulheres com cancro de mama, cinco perdem a vida. Estas mortes estão associadas ao diagnóstico tardio, dado que as pessoas recorrem às unidades sanitárias quando a doença já se encontra em estado avançado, o que muitas vezes torna o estado do paciente irreversível.

Refira-se que relativamente a este tipo de cancro, para além das consultas, a mulher tem a possibilidade de fazer o seu auto-exame, apalpando todo o tecido mamário. Este exame deve ser feito mensalmente, logo após período menstrual, entre o segundo e o quinto dia.

Entretanto, à mulher que já se encontra na fase da menopausa aconselha-se que escolha um dia de cada mês para fazer o auto-exame.

 

PRÓSTATA

No sexo masculino, o cancro da próstata revela-se o de maior frequência no país.

Relativamente à assistência, Satish revelou que ainda não existe nenhum programa nacional virado somente para este grupo, dado queimplica não só a preparação de recursos humanos, mas também de material de diagnóstico como reagentes, equipamentos, entre outros meios.

“Para a detecção do cancro da próstata, o urologista procede ao exame denominado toque rectal, seguido de uma ecografia para apurar o tamanho da mesma. Este exame é feito através de uma substância produzida pela próstata denominada PSA.”

Para a terapia deste tipo de cancro, o hospital tem procedido ao tratamento através da hormonoterapia, onde são usados medicamentos que inibem o estímulo das hormonas afectadas pelo cancro.

 

Entretanto, a discussão à volta da problemática do cancro no país é antiga. Surgiu em 2007. Dois anos depois, em Dezembro de 2009, o Ministério da Saúde lançou o Programa Nacional de Prevenção e Controlo do Cancro do Colo do útero e da mama, cuja implementação iniciou no ano seguinte em 34 unidades sanitárias a nível nacional. Hoje, o país conta com 84 unidades sanitárias que fazem o rastreio destes dois tipos de cancro (do colo do útero e da mama).

“Para o cancro do colo do útero, a Saúde formou e capacitou pessoal nas unidades sanitárias, sobretudo as periféricas, para que toda a mulher que vá a uma consulta, seja de planeamento familiar ou materno-infantil passe por um aconselhamento no sentido de proceder ao rastreio do seu colo”, disse o responsável para o Departamento de Oncologia do HCM, Satish Tulsidás.

Contudo, revelou que os países africanos ainda se encontram retardados relativamente ao tratamento deste tipo de doença. “Há países que já têm vacina contra o vírus que causa o cancro do colo do útero. Esta é aplicada em raparigas com idade fértil, pouco antes de iniciarem a actividade sexual. Porém, estas vacinas ainda são caras”, explicou.

De acordo com o responsável pelo Departamento de Oncologia do HCM, para o tratamento do cancro normalmente aplica-se uma abordagem multidisciplinar. Segundo ele, para o tratamento do cancro são envolvidos vários tipos de especialistas, desde o diagnóstico até à cirurgia. No momento, o HCM recorre à quimioterapia e hormonoterapia para o seu tratamento. Mais adiante, sublinhou que a Radioterapia se revela imprescindível na luta contra aquele mal.

“O Hospital Central já tratou doentes com base na radioterapia. Contudo, por falta de manutenção do equipamento e de pessoal para trabalhar com os aparelhos, estes foram removidos e isolados devido à radioactividade”, explicou.

 

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