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Mãe abandona filho deficiente no hospital

Por admin

Um menor que aparenta ter onze anos de idade foi abandonado, quarta-feira última, no departamento de pediatria do Hospital Geral de Mavalane, por uma mulher que se supõe se tratar de sua própria mãe.

Testemunhas ouvidas pelo domingo relataram o percurso seguido pela referida mulher ao se fazer àquela unidade sanitária: O facto sucedeu por volta das 9 horas da manhã. “Ela chegou à pediatria e dirigiu-se às consultas. Levava o menino nas costas e, ao chegar, sentou-se no banco, tendo de seguida desatado a capulana que prendia a criança ao seu corpo”.

A partir daquele momento, encetou tentativas de ludibriar a tudo e todos. “Deu um pacote selado de bolachas ao menino e desapareceu”. Longe de pensar que se tratava de uma fuga, “achamos que tivesse ido buscar algo lá fora e que voltaria”, contou uma das testemunhas.

Passado um tempo considerável, nada mais restou às pessoas que se encontravam naquele local senão aproximar-se da criança para ampará-la. Mas nessa altura foram colhidos de surpresa ao constatarem que se tratava de um menino deficiente, com dificuldades de abrir o pacote de bolacha, com o qual a suposta mãe o seduziu.  

A indignação pelo sucedido avolumou-se quando “a criança começou a rastejar em direcção à saída. Estava à procura da mulher que o levara até aquela unidade sanitária”, contou uma servente.

 Ao ser acolhido verificou-se que não possuía nenhuma identificação e, para agravar a situação, “ela não fala”, o que colocou abaixo todas as possibilidades de obter informações sobre a sua proveniência. 

Descartados por serem deficientes

O caso ocorrido no Hospital Geral de Mavalane constitui um de vários registados na capital do País.

Dados recolhidos pela nossa reportagem no orfanato Divina Orione, localizado no bairro de Mahlazine, indicam que, das trinta e oito crianças acolhidas naquela instituição, maior parte foi recolhida em lixeiras e com agravante de possuírem alguma deficiência física ou psíquica.

O Orfanato existe há mais de treze anos com o objectivo de auxiliar as famílias que vivem com crianças deficientes sem um acompanhamento médico ou especializado.

Contudo, “o que notamos é que existe uma subversão das nossas intenções. Algumas pessoas têm atitudes desumanas, livram-se das crianças com problemas de saúde, como microcefalia, paralisia infantil, falta de oxigénio no cérebro e macrocefalia”, disse Padre Ricardo Alexandre, responsável da instituição.

Entretanto, casos há de familiares que optam por dar o seu apoio à distância, “vieram cá deixar os filhos, dão algum apoio, mas não os visitam”, contrariando o sentimento dos menores, “que esboçam um sorriso e reluzem o seu olhar quando contam com a presença de algum membro da sua família”, disse.

Acolher e dar assistência médica

Conforme soubemos, a vocação do Divina Orione passa por acolher, em casos de abandono, e cuidar de crianças deficientes, até à prestação de assistência médica. Acender as esperanças de quem traz ao mundo um ser com complicações de vária ordem é, portanto, a sua meta. Até porque, através de um acompanhamento pelo fisioterapeuta, “é possível fazer com que essas crianças recuperem os movimentos dos membros superiores e/ou inferiores ou ainda adquiram ou desenvolvam a fala”, alertou Basílio João, técnico de fisioterapia, que seguidamente acrescentou que “deitar fora um filho por ser deficiente é de todo desumano, pois estas crianças só precisam de assistência e de muito amor”, observou.

 Os resultados do trabalho desenvolvido naquela instituição são notáveis a cada dia: “as crianças estão a desenvolver. Exemplo disso é o menino Kelvin, de 8 anos, que entrou para o orfanato com 11 meses de vida, no colo da mãe que não tinha condições de mantê-lo em casa. Hoje o menino que chegou com o corpo seco e microcefalia já sorri”, disse orgulhoso.   

Texto de Luísa Jorge e Virgínia Mussuruco

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