Início » Fetos e bebés abandonados na rua

Fetos e bebés abandonados na rua

Por admin

·        Cresce, nos últimos meses, o número de crianças violadas sexualmente

·        Entidades governamentais indicam que os crimes são protagonizados por cidadãos de nacionalidade zimbabweana

Domingos Boaventura

mingoboav@yahoo.com.br

Fotos de Domingos Boaventura

 

São frequentes, nos últimos meses, os casos de abandono de bebés, bem como de violação sexual de crianças no distrito de Manica, província com o mesmo nome. Nos primeiros dois meses do corrente ano, cinco menores foram abandonadas pelos seus progenitores. Dois são bebés com menos de um ano de vida. Há, no grupo, uma menor de 13 anos de idade. Foram também descobertos, nas margens do rio Chirambandine, dois fetos já sem vida.  

 De Janeiro a Fevereiro do ano em curso, as estruturas distritais de Manica registaram três casos de violação sexual de menores. O primeiro foi contra uma criança de um ano e nove meses e outro, contra uma criança de quatro anos de idade. O último tem como vítima uma menor de 13 anos. Conforme ficamos a saber, a Polícia de República de Moçambique, (PRM) já deteve alguns cidadãos indiciados na prática destes crimes.

Dados em nosso poder indicam que os crimes de abandono de menores são protagonizados, na sua maioria, por cidadãs de nacionalidade zimbabweana que entram no nosso país para negociar o sexo. Quando ficam grávidas e depois dão à luz, abandonam os bebés, de modo a isentarem-se da responsabilidade de cuidar das crianças. Outras recorrem ao aborto.

Devido à crise política e económica que assolou a vizinha República do Zimbabwe, a região de Manica conheceu um movimento desusado de pessoas que emigravam para o nosso país à procura de melhores condições de vida. Milhares de zimbabweanos instalaram-se naquele distrito e não só. Uma das actividades abraçadas pelas zimbabweanas foi o negócio de sexo.

Esta situação preocupa as autoridades governamentais de Manica. Esta semana e durante dois dias, o governo distrital reuniu-se com parceiros de cooperação, líderes comunitários, religiosos e outros segmentos da sociedade, para, numa única força, traçar estratégias definitivas de modo a pôr fim a este problema que começa a ganhar contornos alarmantes.

O encontro, de carácter reflexivo, foi organizado pelo Gabinete do Esposo da Administradora do Distrito de Manica, José Manhiça. Na ocasião, foram apresentados casos reais vividos naquele distrito. Um dos episódios mais fresco veio do líder comunitário do posto administrativo de Machipanda, Firmino Dimiquira.

Ele contou que por causa da localização geográfica do seu posto administrativo, que faz fronteira com a vizinha República do Zimbabwe, o abandono de crianças por parte das zimbabweanas está a aumentar, naquela zona, nos últimos tempos. Em Chizipa, foi achada uma menor na via pública e levada para a unidade sanitária daquele posto administrativo.

Mais tarde a criança foi devolvida à mãe, tendo depois perdido a vida por falta de assistência adequada. Na mesma zona, uma senhora deixou sua filha, de um ano de idade, no quintal de uma residência e desapareceu. Segundo relatos de Firmino Dimiquira, o bebé foi levado e entregue às autoridades policiais.  

“Quando alguns menores estavam a pastar gado ouviram um choro. Ao aproximar-se viram que se tratava de um bebé. Levaram-no até ao líder comunitário, que por sua vez o levou à polícia. Até hoje não foi encontrada a mãe desta criança. Estamos preocupados com estas situações. São mulheres que saem do seu país sob o pretexto de vir fazer negócios. Deixam lá os maridos, e quando cá engravidam optam por deitar fora as crianças para voltar”, disse Dimiquira.

Como medida de prevenção, aquele líder afirmou que a população da sua zona está sensibilizada no sentido de controlar o movimento das pessoas que por ali passam, principalmente quando se trata de mulheres de nacionalidade zimbabweana.“Queremos acabar com isso e responsabilizar os infractores judicialmente”, disse o líder.

Estes acontecimentos fazem com que as autoridades distritais redobrem esforços no sentido de travar a ocorrência destes crimes. A Polícia da República de Moçambique naquela parcela do país garante que foram esboçados planos operativos que visam identificar e neutralizar os infractores e responsabilizá-los criminalmente.

A chefe do Gabinete de Atendimento da Mulher e Criança Vítima de Violência Doméstica, Paciência Nhampimbe, explicou que neste momento alguns cidadãos encontram-se encarcerados no Comando Distrital de Manica, acusados de estarem envolvidos em abandonos e violação sexual de menores. Sem avançar o número e as identidades dos detidos, ela salientou tratar-se de cidadãos nacionais e estrangeiros.

Você pode também gostar de:

Leave a Comment

Propriedade da Sociedade do Notícias, SA

Direcção, Redacção e Oficinas Rua Joe Slovo, 55 • C. Postal 327

Capa da semana