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Esta profissão já foi de elite

Por admin

-Ernesto Alberto, instrutor de condução

É Instrutor de Condução há 45 anos. Como formador não tolera a violação de regras de condução e/ou dos sinais de trânsito. Nas mãos dele foram formados mais de seis mil condutores. Aliás, segundo ele,este é o seu maior orgulho.

Está há 45 anos como instrutor de condução. Esta era a profissão dos seus sonhos?

Creio que sim. E aprendi a condução quando entrei para o exército colonial no ano de 1971, com 20 anos de idade, terminado o curso senti-me feliz. Daí que, em 1974,quando saí do exército, tratei da licença de instrução de condução, na Escola de Condução Coimbra, localizada na Cidade de Maputo,onde comecei a dar aulas, em 1975.

Naquela altura como era vista esta profissão?

Era uma profissão de elite. Lembro-me que com as nacionalizações (em 1975) todas as escolas de condução foram agrupadas numa única- a Escola Nacional da Cidade. Éramos por aí 15 instrutores na cidade e província de Maputo,poucos para atender a demanda.

Consta-nos que era difícil tirar carta de condução naquela altura. A que se devia?

Era preciso que o candidato tivesse a quarta classe complementar e poucos negros tinham este nível escolar. Contudo, com a independência oentão Primeiro-ministro do Governo de Transição, o Presidente Joaquim Chissano, e o representante do Governo Português, Victor Crespo, decretou-se que quem soubesse ler e escrever, podia tirar a carta de condução bastando para tal fazer um documento comprovativo, reconhecido pelo notário.

Como instrutor, que leitura faz dos actuais condutores das nossas estradas?

Elestêm atitudes irresponsáveis na estrada. Não respeitam as regras e sinais que norteiam a condução. Outro problema está no abuso de velocidade.

Hoje, maior parte dos acidentes de viação têm como principal factor a negligência ou erro humano. Será que a baixa qualidade está associada àmassificação de escolas de condução?

Não pensaria assim. Penso que é mesmo falta de responsabilidade por parte dos condutores e não falta de conhecimento. Vejaque o mesmo condutor que se faz nas nossas vias, quando atravessa a fronteira para a África do Sul tem outra postura na estrada. Isto mostra que ele tem conhecimento, mas aplica porque talvez não é severamente punido.

 

Luísa Jorge
luísajorge@snoticias.co.mz

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