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Chuvas matam sete pessoas e isolam Tambara do resto do país

Por admin

As chuvas que caem na província de Manica já fizeram sete mortos e outras 17 pessoas ficaram feridas. As enxurradas isolaram o distrito de Tambara do resto do país por comunicação rodoviária. 

As mortes ocorreram na cidade de Chimoio e nos distritos de Guro, Manica e Tambara. Nesta cidade, além do registo de três mortes, há algumas pessoas que contraíram lesões graves devidos às enxurradas.

 Devido às chuvas, mais de mil e 400 casas de construção precária foram destruídas parcialmente e outras 524 desabaram totalmente, incluindo 14 casas de cultos. As vias de acesso, em alguns bairros daquela cidade,estão intransitáveis e a erosão continua a tomar conta dos bairros Cinco, 25 de Junho, Chinfura, Bloco Nove, Nhamaonha, entre outros.

Já no distrito de Guro, uma das vítimas perdeu a vida quando foi arrastada pelas águas do rio Luenha. Não foi possível obter a sua identidade, mas, dados em nosso poder indicam tratar-se de um indivíduo que aparentava ter 60 anos de idade e que tentava atravessar aquele curso de água para outra margem do rio.

O corpo foi resgatado mais tarde pela população que em massa fez-se ao local para efeitos de busca. Ainda nas margens do rio Luenha, extensas áreas de culturas agrícolas, principalmente hortícolas, foram engolidas pelas águas de acordo com dados tornados públicos, há dias, pela administradora do distrito de Guro, Deolinda Bengula.

Bengula referiu que, devido às inundações, adivinham-se dias difíceis para as populações, que tinha como alternativa a produção de tomate, cebola, couve, repolho, cenoura, entre outras culturas que eram vendidas localmente e nos mercados das cidades de Tete, Chimoio e Beira.

Uma das sete vítimas, é um bebé de um ano de idade, que se encontrava no colo da mãe. A criança morreu quando a mãe tentava transpor o rio Muira. A menor foi levada pela fúria das águas e o seu cadáver ainda não foi encontrado, apesar dos trabalhos de busca que até à última sexta-feira ainda decorriam no terreno. Outras duas mortes aconteceram no distrito de Manica.

Para além destes danos humanos, as chuvas isolaram o distrito de Tambara do resto do país. Em causa está o aumento do caudal do rio Muira e o desabamento de uma pontesna estrada regional número 529, que liga o distrito de Guro com o de Tambara.

 

RIO MUIRA ENGORDOU

 

O leito do rio Muira estendeu-se para cerca de 200 metros de largura e até sexta-feira passada, as águas cobriam as duas margens do percurso, impossibilitando a travessia de pessoas e bens para Tambara. O distrito de Tambara localiza-se a norte da província de Manica e faz limite com Tete, através do rio Zambaze, que nos últimos dias também tem visto os seu caudal a subir devido às chuvas que caem nos países vizinhos, situação que faz com que a barragem de Cahora Bassa descarregue as águas em volumes elevados.  

O administrador do distrito de Tambara, Gilberto Canhenze, em conversa com a nossa reportagem, disse que devido a este problema que se regista há sensivelmente três semanas, a vida  naquele distrito está a tornar-se cada vez mais cara, porque a procura é maior e os produtos de primeira necessidade estão a escassear.

Os poucos comerciantes que ainda possuem reservas alimentares estão a especular os preços. Cerca de mil e 500 hectares de culturas diversas são dada como perdidas, afectando cerca de 60 famílias. São campos agrícolas que se localizavam nas margens dos rios Muira e Zambeze, tais como, Casado, Campange e Nhacafula, zonas preferidas pelos camponeses por serem consideradas férteis para a prática agrícola.

Gilberto Canheze referiu que o nível das águas no rio Zambeze é de 3,75 metros na escala hidrométrica contra cinco metros do nível de alerta. Até ao presente momento, o problema mais grave estaria na travessia do Muira. A passagem por este curso de água só é possível para peões, quando as águas diminuem. As pessoas andam a pé para uma e outra margem onde encontram viaturas, situação que veio alterar a vida normal das populações.

Respondendo à questão se haveria ou não pessoas reassentadas por causa das inundações, o administrador de Tambara referiu não haver pessoas deslocadas, porque medidas de prevenção foram tomadas logo no início da época chuvosa.

“Não temos situações graves, porque tomamos medidas logo no princípio. Depois da colheita, nas baixas localizadas nas ilhas, as populações saíram para zonas seguras”, disse Canheze.

 

FALTA ÁGUA POTÁVEL

 

Na sequência das chuvas, seis poços domésticos ficaram submersos. As águas perderam qualidade para o consumo humano e as populações são obrigadas a recorrer a outras fontes à busca do precioso líquido. Com envolvimento das autoridades sanitárias do distrito, está em curso a coloração da água nos recipientes. Esta acção abrange todos os povoados do distrito de Tambara e a medida visa prevenir a eclosão de doenças, principalmente as diarreias.

O delegado provincial do Instituto Nacional de Gestão das Calamidades (INGC), em Manica, João Vaz, disse que, em toda a província, Tambara é que continua a ser fustigada seriamente pelas chuvas. Face a isso, como medidas imediatas, algumas pessoas foram retiradas compulsivamente dos seus campos de produção agrícola, porque elas teimavam em sair, mesmo depois dos apelos lançados pelos membros dos comités de gestão de riscos de calamidades.

O governo decidiu retirá-las e as colocou em zonas altas. Nesses locais, receberão insumos agrícolas para praticarem e assegurarem as suas actividades, de modo a garantirem a segurança alimentar. Também foram activados os comités de gestão de riscos de calamidades que trabalham com as comunidades, envolvendo líderes comunitários e religiosos, que transmitem mensagens sobre os cuidados a tomar em caso de calamidades. Para assistir as populações afectadas, Vaz assegurou que a sua instituição tem disponível cerca de 1.4 milhões de meticais para respostas imediatas durante as primeiras 24 horas.

Foram igualmente alocadas centenas de kits de reabilitação para reerguer habitações desabadas, na sua maioria localizadas na cidade de Chimoio. Espera-se a chegada, para breve, de outro material que será disponibilizado pelo governo central e parceiros de cooperação.

Em Manica, cinco estradas estão interrompidas devido às chuvas. São vias que ligam os distritos de Guro, Tambara e Macossa, de acordo com informações tornadas públicas pelo delegado Provincial da Administração de Estradas (ANE), em Manica, Adam Stumbi.

Stumbi disse que nessas vias, as pontes desabaram e outras encontram-se lamacentas. O trânsito é feito por vias alternativas.”Colocámos manilhas metálicas como alternativas e compactámos os solos. Porque as chuvas eram intensas, tudo foi arrastado”, referiu Adam Stumbi.

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