O Hospital Geral de Chicuque quer resgatar a imagem, entretanto perdida, de excelência e humanismo no atendimento dos pacientes. Várias medidas estão em curso, incluindo obras de reparação de vários serviços.
A crise financeira que vem afectando os parceiros de um dos principais accionistas, a Igreja Metodista Unida de Moçambique, ditou o actual estágio e culminou com a cessação de contratos com 28 funcionários, estando a funcionar actualmente com 267.
Para fazer face às dificuldades, o Director-geral do Hospital Rural de Chicuque, Jeremias Franca, defende a revisão das taxas vigentes não só naquela unidade sanitária, mas também em todos hospitais públicos do país, como forma de imprimir alguma robustez financeira e melhorar o seu funcionamento.
Entretanto, a retirada dos cuidados médicos primários daquela unidade sanitária, de maneira a descongestionar a demanda, vem sendo apontado como solução para a restauração do atendimento humanizado naquele hospital.
QUEIXAS SOBRE
MAU ATENDIMENTO
Reclamações sobre demora no atendimento dos pacientes, cobranças ilícitas, funcionários em estado de embriaguez mancham a reputação do hospital.
Devido a este facto, a direcção apela ao bom senso dos utentes e convida-os a denunciarem casos de indisciplina.“Não havendo confiança na direcção do hospital, podem recorrer ao administrador do distrito, ou à Direcção Provincial de Saúde porque, na verdade, dos 267 trabalhadores que tenho aqui, nem todos têm a mesma postura”, reconheceu Jeremias Franca.
Enquanto se luta pelo resgate do bom nome desta instituição de saúde, estão em curso projectos de investimento no quadro da ampliação e manutenção de Infra-estruturas.
Nesta componente destaca-se a construção de maternidade modelo, de uma fonte de água através de um furo equipado com bomba, pintura e colocação de vidros. A instalação de uma caixa automática para a facilitação de pagamento de taxas hospitalares e a montagem de uma lavandaria moderna fazem parte do leque de benfeitorias.
Jeremias Franca falou igualmente dos esforços em curso para a recuperação do sistema de frio na morgue. Para a solução deste problema, está em processo de transferência da gestão da casa mortuária para o conselho municipal, uma decisão que, segundo disse, já teve anuência do governo distrital.
Recorde-se que o Hospital Rural de Chicuque foi criado numa altura em que a actividade cirúrgica no país era bastante restrita. Todavia, segundo Jeremias Franca, foi possível realizar actividades de cirurgia gerais, obstétrica e oftálmica. Em 1968, um único médico realizou sozinho, naquele hospital, 1.945 cirurgias, e em 1974 dois médicos atingiram 2.600 cirurgias.
Desde 1986 Chicuque funciona na base de acordos firmados entre o Ministério da Saúde e a Igreja Metodista de Moçambique. Em 2004 foi introduzido um novo modelo de cooperação visando imprimir maior dinâmica na busca de meios adequados para o desenvolvimento daquela unidade sanitária.
Victorino Xavier