António Vicente Pereira, 81 anos, e Angélica Cabral Filipe, 73, completaram no dia 5 de Dezembro cinquenta anos de casamento ou simplesmente “Bodas de Ouro”.
António Vicente Pereira e Angélica Filipe vivem em união conjugal há meio século, o que não é fácil nos dias que correm. Para o casal, o maior segredo para tantos anos de matrimónio assenta na tolerância, no amor, na perseverança e no respeito mútuo.
O casamento resultou em seis filhos (dos quais dois do sexo feminino), dezoito netos e um bisneto.
António Vicente Pereira conquistou o coração de Angélica Filipe no dia 25 de Dezembro de 1958 no Centro Associativo dos Negros da Província de Moçambique, local onde os jovens se encontravam para diversão.
“Os meus pais eram sócios do centro e fundaram a comissão das senhoras do centro, que se dedicava a organização de eventos no período das quadras festivas”, lembra Vicente.
Enquanto conversávamos com casal era notório a emoção dos bons momentos passados na juventude. Angélica riu bastante quando questionamos sobre a emoção vivida aquando do primeiro beijo. “Não sei dizer. É difícil descrever a sensação sentida naquele momento”, explica.
No início, o “romance” do casal Pereira não foi facilmente aceite pelos membros da família, pois julgavam que António Pereira era “mulherengo” e não servia para a filha.
“Mas com amor que sentia por ele, não deixei-me abalar por essas reclamações. É normal no início do namoro os familiares intrometerem-se na relação. No entanto, chega um tempo que desistem quando eles observam a firmeza nos objectivos que o casal vai conquistando ao longo do tempo”, diz-nos dona Angélica.
Referiu que António Vicente Pereira era charmoso e muito concorrido pelas mulheres na altura, nada que a tirasse o sono.
“ O amor e paciência levaram-me às bodas de ouro, porque sempre que saia e voltasse a noite não lhe dirigia nenhuma palavra. Não sou ciumenta. Se fosse não estaríamos juntos até hoje”, sublinha.
Como outros casais, o casal Pereira não escapou dos arrufos de namorados, das discussões conjugais, contudo sempre prevaleceu o bom senso.
António Vicente Pereira, reformado, trabalhava no jornal noticias na secção de Pagemaker no período nocturno. A esposa recorda quer não pregava olho antes do seu homem voltar do trabalho para cuidar dele, nomeadamente aquecer a comida e água para banho.
“Esse foi a educação que adquiri dos nossos pais, por isso até agora que já não trabalha custa-me dormir cedo, antes daquela hora que ele voltava de serviço, às 23:00 horas ou mesmo 02 horas de madrugada”, ressalva.
Texto de Idnórcio Muchanga
Fotos de Inácio Pereira
