Sociedade

A difícil batalha para travar a cegueira

Na presente edição vamos abordar a saúde ocular. Nosso foco é a incidência da catarata em Moçambique, patologia que de acordo com estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS) é responsável por 51 por cento de casos de cegueira no mundo.

A catarata é a doença que se manifesta pela opacidade parcial ou total do cristalino (lente natural do olho) ou de sua cápsula. Manifesta-se pelo embaçamento progressivo da visão que pode levar à cegueira.

Com o desenvolvimento e modernização da Medicina, aprimoraram-se métodos de diagnóstico e existem, hoje, técnicas cirúrgicas mais avançadas no mundo.

Moçambique não ficou à margem do progresso. Segundo a chefe do departamento de Oftalmologia do Hospital Central de Maputo, Yolanda Zambujo, actualmente a cirurgia da catarata é realizada com base na técnica de remoção do cristalino por micro fragmentação e aspiração do núcleo num processo chamado faco-emulsificação.

No departamento de oftalmologia do Hospital Central de Maputo, a catarata constitui a doença do olho com maior frequência nas consultas e atende-se por dia uma média de 120 pacientes.

Zambujo já admite que a enfermaria está a ressentir-se da pressão, pois conta apenas com uma equipa de 13 médicos em especialização na área de Oftalmologia.

OPERAÇÕES EM MASSA

Devido ao elevado registo de pacientes com catarata no país, o Ministério da Saúde (MISAU) criou um programa de intervenções cirúrgicas em massa.

A última campanha, realizada em Junho último, decorreu no Hospital Distrital de Boane, tendo beneficiado cerca de 300 pacientes com este defeito oftalmológico.

A próxima campanha está prevista para o presente mês de Setembro e terá lugar no Hospital Provincial da Matola, prevendo-se que 500 pacientes sejam atendidos.

Já me sinto melhor

-Mário Simango

Mário Simango, de 83 anos de idade, foi o primeiro paciente que partilhou com o nosso jornal a sua vivência com doença relacionada à retina. Natural de Gaza, veio transferido do Hospital Provincial de Xai-Xai para ser submetido à operação para remoção da catarata.

Conviveu com a doença por aproximadamente quatro anos. Entretanto, com a intervenção cirúrgica diz já se sentir melhor. Fui operado na segunda- feira e hoje já me sinto melhor. Estou aqui para ouvir do médico se está tudo bem. Penso que para semana volto para a minha terra natal, declarou.

Não consigo ver nada

-Elisa Fernando Tsucane

Elisa Fernando foi encontrada pelo domingo no corredor do Departamento de Oftalmologia. Acabava de sair de uma consulta.Foi lhe recomendado o internamento.

Não consigo ver nada. Apenas enxergo uma imagem opaca, disse, lamentando o facto de sua família não estar a prestar a ajuda necessária no seguimento de sua doença.

É a minha segunda operação

-Beatriz Ngovene

Beatriz Ngovene, de 75 anos, foi operada pela segunda vez à vista. A primeira foi feita em Novembro passado no olho esquerdo. Agora operou o direito e diz que se sente melhor.

Professora reformada, Beatriz explicou que sempre teve problemas de vista. Há 40 anos que uso óculos de vista de longo alcance e para leitura. Em 2010, comecei a sentir mais dificuldade na visão até descobrir que tenho catarata, esclareceu.

Fotos de Jerónimo Muianga

Luísa Jorge
luísajorge@snoticias.co.mz

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